quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

IX ANTOLOGIA VIRTUAL PORTAL CEN DEZEMBRO 2013






IX Antologia Virtual Portal CEN - "Cá Estamos Nós"

Dezembro 2013


Organizadora:
Maria Beatriz Silva (Flor de Esperança)




Prezado leitor, apresentamos a IX Antologia do Portal CEN, composta por 101 renomados autores bordando essa página de emoções, gotículas de amor, beleza interior, sensibilidade, amizade e confiança. Um passeio por estas veredas, certamente, fará florir o seu coração. 

AGRADECIMENTO:

Agradecemos imenso a todos que colaboraram para mais esse edição de “divulgação internacional e direta” que possamos estar sempre unidos.


Obrigada Presidente do Portal CEN Carlos Leite, pela amizade e confiança.



Parabéns poetas e escritores!


Eu sigo a luz do amor! Você vem comigo?


FELIZ DEZEMBRO!

Transformado na festa do amor
Do perdão, da libertação, da paz em nossos corações
Que este mês seja de oração de reflexão
Não tanto para pedir, mas sim:
De alento da alma, de purificação

Preparando-nos para um novo recomeçar
Recebendo o amor de alma com nascimento de Jesus
E que esse amor possa em nossa vida eternizar.

No despertar de cada amanhecer, que seja gravado
Na página em branco de nossa vida,
Os versos de amor e otimismo,
Construindo na essência a mais bela poesia,

Para que o hoje seja a construção
Do nosso próprio amanhã,
Na certeza de uma colheita fértil a cada dia!

Maria Beatriz Silva (Flor de Esperança)


ALINE KALCOVIK

PAREI

Fechei os olhos e parei
Parei naquela rua que no passado achei que era contra mão
Olhei o percurso dentro da minha imaginação
Porque pensei
Porque eu ainda acho que não é minha direção
Vozes e mais vozes em diferentes hierarquias
Diziam não, não...
Esse não é o caminho da sua vida
Você não será bem sucedida
De repente olhei para as minhas mãos
Elas estavam algemadas
A cruel razão havia domesticado as suas ações
Onde esta a chave, então questionei...
Olhando o percurso nunca trilhado
De um sonho não realizado
A chave suspirou meu coração
Esta dentro de você poetisa
Desafie os ditadores e suas hierarquias
Caminhe na contra mão da razão
E realize o sonho da sua vida.


 

ANTONIO VENDRAMINI NETO


LONGÍNQUA QUIETUDE

O sol neste momento está deixando o horizonte, embora agonizante para esta parte do mundo, ainda é forte, colorindo o céu em vermelho dourado, dando adeus aos encantos do planeta e as boas chegadas aos povos do outro lado do mundo, proporcionando com seus raios dourados, uma manhã repleta de emoções que seguirão o dia adiante.

Neste apogeu, percebo uma suave melodia de fundo, amoldada nas conchas dos meus ouvidos, macia e aveludada, acariciando-os, uma vez que foram torpedeados durante o dia, com os burburinhos caóticos da cidade grande.


É um momento de paz, uma sensação inebriante que se apodera do meu ser e corta o pensamento que estava repleto de ansiedades e torturas do rufar das inquietudes, imperando agora um silencio envolvente e soberano.


Desses mágicos e sublimes momentos, o acalanto segue divino em sua trilha de nostalgia, proporcionando a mente o descanso merecido, onde posso escutar os ruídos de uma longínqua quietude!





ANTONIO PAIVA RODRIGUES
FORTALEZA – CEARÁ - BRASIL


SUA BELEZA ETERNA

Sua beleza me encanta e meu coração pulsa ardente...
Suas feições singelas aumentam o amor por eu estar ausente...
Nas alegrias encontro amparos, mesmo ao te ver em larga aflição.
Sanando problemas eu encaro tudo, pois és para mim um presente.
Dentro dos teus olhos eu fito, e vejo anseios de amor  e paixão...
No abraço forte e carinhoso me fortaleço de forma onipresente,
Nesse mundo de fantasias me sinto feliz com seu amor sendo conquistado...
As saudades da vida eu encaro com reboliços fortes e renitentes,
Nesse vale do pecado tudo de bom pode ser visto e encarado...
Nas flores, nas rosas retiro os perfumes para que fiques perfumada,
Na relva macia e verdejante sejamos um casal totalmente enamorado...
Que nosso amor seja abençoado e feliz e que possamos
Conduzir nossas vidas iluminadas.
Tendo como diretriz o amor recompensado, iluminado
E que os anseios nos tragam resultados...
Positivos, altaneiros, deliciosos, briosos, brilhantes, visto que merecemos
Pelo amor ardente que nos consomem em noites abrilhantadas.


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SER HUMANO UM SER DIFERENTE!

 Como é difícil ser humano! Quando estamos na fase de crescimento, principalmente nos primeiros meses de vida, tudo é alegria. Pegam-nos no colo, beijam, fazem graçinhas e dizem, mas que bebê lindo. É a cara da mãe e os focinhos do pai. Tudo é alegria ao derredor da criancinha que já esboça sorrisos, para as caretices dos familiares e amigos. Uns dizem: estão caducando demais com esse bebê... Cuidado com o quebranto? Vovó e vovô se derretem em entusiasmos, é como um filho novo tivesse vindo ao mundo. Aliás, como dizem os mais entendidos ser avó e avô é ser pai e mãe duas vezes. A criança vai crescendo, o leite materno é o seu único alimento. Quando bota a boca no mundo e o acarinhar não resolve... Todos dizem, é dor de barriga, são gases.

Traz um pedaço de linha molhada e coloca na testa da criança, que ela está com soluço. Depois da mamada a criança tem que ficar quase em pé nos braços da mamãe, pois se não arrotar faz mal. Noites mal dormidas, cansaço, sonolência abatem os pais, pois o bebê troca o dia pela noite. A mulher grita para o marido balança que ele se cala! O marido já cansado e irritado diz, eu balanço mais não canto. A mamãe querendo se recuperar do parto e das noites mal dormidas diz: o problema é seu. Ele retruca e responde no mesmo tom, é nosso! Vem o batizado e mais despesas pela frente. Vamos escolher os padrinhos? Uma indagação com resposta demorada. Raimundo e Maria serão os padrinhos.

 No dia do batizado o menino resolve fazer sujeira, mesmo assim o padre batiza a criança. Pronto o menino deixou de ser pagão, agora é filho de Deus. Um senhor que frequentava a igreja indaga: Olha! Pelo que eu sei todo ser humano é filho de Deus. Verdade senhor retruca o pai. O batismo é para livrar o bebê de um pecado, que segundo a religião todos nós nascemos com ele. Mas que pecado é esse? A vovó retrucou, é o pecado original... Arre égua e tem pecado genérico ou falsificado, disse baixinho o senhor.

 Terminada a cerimônia, a comitiva se desloca para casa, para recepcionar os convidados. Foi uma festança só... Maria não gostou, pois a sujeira lhe deu um trabalho lascado para deixar tudo limpo como estava. O nome da criança não poderia ser diferente dos demais, ela vai se chamar Emanuel! Chega à fase do engatinhamento e as primeiras preocupações com as peraltices da criança.

         Protege as tomadas de energia, esconde os produtos de limpeza, enfim é um trabalho para super-homem.  Sorrisos e alegrias quando Emanuel dá os primeiros passos. Alguém grita... Traz a máquina para tirar foto. Esse tempo de criança deixa os adultos meios babacas.

          A vida prossegue e a criança já grandinha tem que frequentar a escola. Vem mais preocupação por aí. Felizmente tudo é natural quando se trata de ser humano. Quando somos pequenos contentamo-nos com explicações pequenas, mas quando crescemos, elas já não nos satisfazem. Pura verdade. A criança não medita; quando muito pensa. As confusões no colégio são rotineiras e de fácil resolução.

Aqui, nós voltamos na história, e o mundo girando em nosso pensamento. Vêm as belas imagens de quando éramos crianças. Tudo está diferente agora. A globalização e a tecnologia transformaram as nossas vidas. As doenças, as vacinas, os atropelos tiramos de letra. Feliz quem fala assim, visto que jamais imaginaram como é a vida das crianças que moram nas ruas sem expensas da família. O mundo está superlotado de crianças traquinas e, as leis frouxas permitem que elas se embrenhem no mundo do crime.

 O casal vendo a psicosfera atual diz: graças ao nosso bom Deus que nosso filho não descambou por esse azimute e se comporta muito bem. Na realidade esse é o drama vivido por pais e mães quando resolvem formar famílias. A história é meio engraçada, mas reflete a realidade da vida. Devemos cuidar de nossos filhos com todo amor e carinho. O mundo está girando de forma descomunal. Nunca vimos tanta violência, descasos políticos, corrupção, prostituição e a ausência de Cristo nos corações humanos. Sorrir é constranger o mau humor, porque este vive em função de carantonhas (Cara grande e feia; carranca; carão).

 Almejos sempre o melhor para a humanidade, há quem pense que “cara feia” resolva problemas; que sorrir é coisa de mentes desocupadas. O sorriso cativa qualquer pessoa.  Para vivemos melhor e mais saudável temos que estar sempre otimistas. Tristezas não pagam dívidas. Se o amor está em falta, vamos colocar mais amor em nossos corações e em nossas vidas. Vamos olhar para o próximo com bons olhos. Não nos afastemos da amizade, da fraternidade, da caridade. Como dizia uma amiga, estamos todos aqui graças à bondade de Deus, que nos ofereceu nova existência; nova possibilidade de reequilíbrio; de progresso.

 Sejamos gratos. Bola para frente que atrás vem gente. A fila é grande mais temos que enfrentá-la. Essa é a nossa vida. Não sabemos por que os homens modificam com tanta facilidade a inteligência e o livre-arbítrio que Deus lhe deu e, passam a agir pelo instinto, se igualando aos animais irracionais. Se a história não mudar não precisaremos mais de médicos, pois os veterinários resolverão os problemas.

 Façam o seguinte: Incorporem o amor em suas vidas. Imantem o hábito de sorrir, deixem o mau humor de lado, as impertinências da vida também. Sejamos felizes, assim como Jesus nos ensinou. Façam a vida conforme a sua sentença. Pratiquem o bem e jamais assimilem o mal. Se agirmos assim teremos um mundo mais humano e feliz.

 Pense nisso!

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AS BELEZAS DA NATUREZA

O mar revolto, banha as areias brancas da praia... As ondas espumantes vão e vêm com rebeldia, as crianças correm, saltitam em bela sintonia... Deitam rolam e seus corpos na espuma se espraiam. A natureza pródiga mostra com todos os detalhes a beleza sem distonia. Um lindo céu ensolarado, às vezes causticante, mas delicioso irradia. Lindos clarões, sem réstias bronzeiam alegres moçoilas, que almejam corpos detalhados, emoldurados e sarados.


A felicidade destilada, perfumada espraia com toda harmonia. De vez em quando nuvens espessas, brancas e alvejantes, amenizam o calor e as donzelas em passeatas se alternam em mergulhos estonteantes. Enorme alegria toma conta daquela bela psicosfera com destreza, onde todos se deliciam em imensa alegria. Na beleza dos esplendores naturais, as ondas cintilam e um som agradável transforma o local em belo festival. Brisas suaves amenizam o calor do local e uma rapaziada se delicia com uma bola colorida em forma de arco-íris, e os gritos de gol soam no ar.


Crianças fazem suas peraltices e constroem seus sonhos nas areias cintilantes, enquanto gaivotas famintas fazem tremendas revoadas à cata de alimentos para saciarem a fome. A vida agitada nos leva ao estresse, a angústia nos deprime levando-nos a depressão e a ansiedade. No entanto, sempre haverá uma luz no final do túnel e uma linha no horizonte que nos conduzirá ao azimute esperado. A natureza amiga do homem coloca a sua disposição alternativa para um lazer bem agradável e que o prazer esteja sempre presente nos corações angustiados. O sol no horizonte vai terminando a sua tarefa do dia e começa a desaparecer, ao longe são vistas extensas fontes de águas cristalinas que proporcionarão a todos um banho frio delicioso e refrescante. A alegria daquele dia de eternas lembranças...


Proporcionou-nos maior prudência e um comportamento altaneiro, sublime de uma sensação enorme sem entraves no coração. Já ao final daquele dia maravilhoso uma bela moça esboçou um belo sorriso e com ela fui papear. Um diálogo maravilhoso transcorria carinhosamente e uma troca de olhares constante selava um amor que nascia com o salpicar da maresia daquele delicioso mar. Suaves abraços, carícias iniciaram nosso amor e os beijos vieram naturalmente tornando aquele clima delirante e aconchegante.



Do calor de nossos corpos brotou troca de carícias descomunal. Desse encontro magistral surgiu um amor sem proporções e o resultado foi uma união feliz, onde o ponto mais forte foi uma intensa troca de carinho e a sexualidade crescia à medida que nosso amor avançava sem temor e destemor, visto que só queríamos um amor eterno e repleto de felicidades.


 Pense nisso!

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LIBERDADE


A liberdade vem ser a conquista ditosa, glamorosa e bela, parecem uma aquarela,Resplandecente de luz, mas é preciso saber o que fazer para nos seduzir, e conquistar.
Sedução não, vitória sim, vejo os amigos da terra por esta senda sofrida, pois o amor vê luzes na treva, mas não dê trela;
No amor mais alto e mais lindo vamos sorrindo ligando a força ao bem, quanto maior a renúncia maior o grassar.
Para a liberdade não tem idade quando a prova se avoluma mais forte se eleva sem concessão alguma.
É a natureza que com presteza que nos esclarece e conduz, fornece oxigênio, hidrogênio e umsol que reluz;Cabeça erguida, olhar firme, tranqüilidade e carinho se consegue, Sejamos caprichosos, imperturbáveis e em suma,

O melhor de nós, não sou eu nem você, são pessoas sofridas em busca de guarida com brilhos nos olhos e cheios de luz.

O caminho é extenso, estes irmãos, pois, com nossa ajuda,  interam a força de que necessitam para não fracassar.Ajuda bendita, façamos bem feitos e com carinho, os bons profissionais nunca deixam se apagar  a chama;

Sempre proclamam destinação e com a mão amiga afagam a ferida que machuca e dilacera o nosso jeito de amar.

Somos inteligentes, competentes, trabalhadores esforçados, ganhamos um punhado por dia e a caridade clama,Por trabalhos decentes que agradem a gente e nos façam felizes, sorriso nos lábios, jeito abobalhado de tanta alegria.É a força Divina que destina e nos oferece as honrarias do mundo, guardemos esta nota travessa;

Espessa de valor parece uma medalha de ouro, é um tesouro incontestável, trocados rendem no dia-a-dia, Se sofreres qualquer paixão não caia na ilusão espera que se arrefeça; a chama no coração e se deseja vida calma, nada de fumaça na cabeça.



ARAKEN VAZ GALVÃO

COMO FALAMOS

          Nesta pequena crônica, o nosso, meu, objetivo é realçar como algumas palavras podem sofrer mutações ao correr dos anos, enquanto outras permanecem mais ou menos imutáveis. Só para frisar com a devida ênfase, mesmo de passagem, dou alguns exemplos. Ouvimos quase diariamente, pelos meios de comunicação, pessoas ilustradas – inclusive um presidente (tido como homem de cultura) tem sido um desses casos – usar o verbo penalizar de forma completamente errada. Como ninguém se dar ao trabalho de corrigir, o uso errôneo vai se consagrando e, um dia os filólogos serão obrigados a acrescentar em seus dicionários que o verbo penalizar (no Brasil) significa também punir. Passados mais alguns anos, tanto o uso errado pode desaparecer, como pode se dá que seja o uso etimologicamente correto que desapareça. Com o verbo acontecer deu-se o primeiro dos fenômenos, passou a ser sinônimo não de fato imprevistamente sucedido, para se transformar e, inclusive, tomar o lugar dos verbos suceder, ocorrer, dar-se, realizar-se, advir, entre outros.

          De esta forma estar-se popularizando entre nós um erro crasso: “a nível de”. Recomenda-se às pessoas mais cultas, para não se cometer um assassinato muito cruel ao idioma, a forma “em nível” e, dependendo das circunstâncias, “no nível” ou “ao nível”. Os mais exigentes, porém, além de abominarem essa construção, recomendam patamar, pois afirmam que nível deve ser usado em relação à geografia, à hidrografia e congêneres. Mas o diabo do “a nível de” – um óbvio espanholismo –, parece que veio para ficar. Acho que se pode medir o grau de instrução, de familiaridade com o idioma de uma pessoa pelo uso ou não dessa expressão. Sim, porque se ainda nunca li ou ouvi de alguém a afirmativa de que essa forma veio do espanhol – talvez do espanhol falado ao sul do continente americano – trazida por nós, que estivemos exilados por lá, não tenho dúvida que de lá veio. Lembro-me perfeitamente como essa expressão era usada constantemente em qualquer conversão com o sentido que o estão usando aqui. Há que se ter em conta que a forma espanhola é “al nivel de”, que significa “à mesma altura”. “Estar al nivel de, significa figurativamente “ser comparável ou poder competir com ele.”(1)

          Se perguntarmos a qualquer pessoa, já não digo das classes populares, mas da média, e da média alta, qual a diferença entre um supermercado e um hipermercado, essa lhe dirá que o hiper é maior que o super, mercado, é claro. Porém os sufixos são exatamente iguais, hiper(2) é de origem grega e significa grande; super(3) é de origem latina e também significa grande.

Poderíamos citar uma imensa gama de exemplos, contentemo-nos com estes, para não nos alongarmos mais ainda. Uma vez que ao fazer essa longa e aparentemente pretensiosa digressão, não tivemos o objetivo de parecer erudito e, muito menos, pedante, ainda que assim possa parecer (e talvez até o seja). Por isso, continuo.

          Porque o que nos interessa mesmo, partindo do exemplo das palavras, é dizer que com os conceitos, com os valores, com os costumes e até com os preconceitos se dá o mesmo fenômeno. O que nos leva a ter que alertar para não se ver os fatos históricos pela ótica de hoje, ou seja, com os conceitos de hoje, com os valores de hoje e, principalmente, com as paixões de hoje.

______________________
(1) Al nivel de: al misma altura; estar al nivel de: FIG. Ser comparable o poder competir com ello. É bom não esquecermos que a palavra “nível” em espanhol é oxítona, o acento dar-se na última sílaba. (2) A rigor, na realidade: posição superior, além, excesso. (3) A rigor, na realidade: excesso, aumento, posição acima, em cima ou por cima, superioridade, em seguida.


          Entrando um pouco no campo dos valores e dos costumes, se a letra da música “Nega Maluca” tivesse sido escrita hoje o seu autor, certamente, seria processado por crime de racismo antinegro. Amélia seria exemplo de machismo – ainda que muita gente a veja assim – e até “O Teu Cabelo Não Nega” poderia ser censurada. Pelos valores (e pelo patrulhamento) de hoje o verso “mas como a cor não pega, mulata...” como seria considerada?

Araken Vaz Galvão


 AGAMENON ALMEIDA
 Salvador - Bahia – Brasil

NOSSA SENHORA

Á beira do lago com águas cristalinas
Tal qual um espelho a refletir o céu
Eu a vejo, sentada sobre a pedra
Meditando, com o rosto sob o véu.

Extasiado frente a tamanho enlevo
Temo pelos ruídos do meu pensamento
Que não perturbem esta paz reinante
Nem a sublime oração sussurrada ao vento.

E ali fiquei, sentado, por horas a fio
Tentando encontrar minha própria luz
Mas nem a paz, serena e radiante
Livrava-me da angustiante cruz.

Vagando pelos labirintos da alma confusa
Que já não consegue se livrar do medo
Entrego, sem reservas, todas as certezas
Porque só me resta agora este desapego.

Queria poder chegar bem mais perto
Pra talvez que sabe, em um último apelo
Inebriar-me na luz de tão serena face
Que majestosamente ora com desvelo

E serenamente elevou-se aos céus
Sem ter percebido levou minha cruz
Deixando o lago cheio de estrelas
E meu coração, repleto, de serena luz.




ARMANDO SOUSA
Toronto Canadá 1/8/2013


DESFOLHA AGORA

Coração desfolha agora
A flor do malmequer
Deixa a dor ir embora
É assim; a dor é mulher

Meu coração acredita
Melhor de tudo é amor
Escolher mulher maldita
Mata o coração com dor

Desfolhando o malmequeres
Não é magia; é só flor
Riso de algumas mulheres
É de troça e não de amor

A mulher é uma aranha
Emalha homens no fio
Desenvolve em sua entranha
O que de nós sai com brio

Malmequer guarda segredo
Do meu destino traçado
Não desvendes este medo
Meu coração maltratado

Coração olha para dentro
Nos olhos dessa mulher
Se brilham a teu contento
Desfolhando o malmequer

Mulher que te tanto te adora
Em tudo te quer poupar
Logo que te Vaz embora
Vizinho tomara o teu lugar



 

APARECIDA L M PEREZ
Santos (SP) Brasil

VULTOS

O toc toc dos passos
Na penumbra são ecos
Que soam incertos ao tocar
O piso daquele andar.
Sinto-me ilha
Cercada de olhos por todos os lados.
Não ouso encarar os vultos
Fitando-me intensamente.
Têm a frieza do aço.
Medo, pavor, arrepios...
Penso em correr, fugir,
Mas pra onde quer que eu vá
Me vigiando estão;
Então eu crio coragem
E encaro a miragem
Fruto da imaginação:
Não mais que os faróis dos carros
Na coletiva garagem.

Cida Micossi


 

ADÉLIA EINSFELDT

LUA INVERNAL

Lua de outono
Tua fase passou
Uma nova chegou gélida
De prata cobre os campos
Espantalhos de cristal
Braços abertos

Fria solidão
Na noite deserta
Buscam o abraço
Da lua cheia
Invernal.



 

ANGELINO PEREIRA
Cidade: Guimarães - Portugal

A MATÉRIA SEM ALMA NÃO TEM SIGNIFICADO
(12maio2013)

          De cinco irmãos, os três mais velhos, já haviam partido para a cidade grande... Por lá, naquela aldeia de poucos ricos e muitos pobres, ficaram três pessoas na melhor casa de sempre, humildade...

          Viviam naquele lugar, junto ao tanque, com lavadouro público onde a mãe do rapaz lavava a roupa. A mãe do Francisco trabalhava muito para sustento da família e o menino pobre sabia que havia quatro lavradores abastados à volta daquele lugar para onde  a mãe ia trabalhar. E o Sr. Mota até já os havia convidado. “Sempre que possam venham cá para casa. Os miúdos também podem ser aproveitados, no tempo da poda apanham as lenhas. Há sempre que fazer na lavoura e, sempre vos espera, no mínimo, uma boa malga de caldo com broa. Nesta casa há sempre que comer.”

          A mãe do Francisco agradeceu a gentileza e todos passaram a viver como uma família. Cresciam juntos, em família e com amizade. Mas um dia a mãe do menino começou a sofrer da barriga... E Francisco tinha ouvido dizer que fora por causa de muitos abortos que ela fizera sem acompanhamento médico e lhe deixaram marcas físicas.

          Então o pai de Francisco levou sua mulher a uma consulta de ginecologia, na cidade onde trabalhava. E a mãe do rapaz, depois de algumas viagens à cidade, para exames médicos, é obrigada a fazer um tratamento prolongado que exige a sua presença diária naquela cidade. Da circunstância, ficaram duas crianças (oito e seis anos) entregues ao seu destino.

           Durante o dia, depois da escola, regressavam às tarefas diárias: alguns animais domésticos continuavam em casa à espera de alimentação; um porco cego, que lhes fora oferecido, tornara-se tão dócil e meigo que só lhe faltava falar. Ouvia a voz dos rapazes e vinha ao seu chamamento. Por tino, corria atrás dos rapazes!

           As galinhas comiam farelo amassado com couves e os coelhos esperavam a erva que o Francisco segava pelos campos.

          Se o tempo ainda sobrasse, os dois irmãos iam até casa do senhor Mota, executavam algumas tarefas e comiam o caldo, na casa do lavrador.


          À noite juntos regressavam a casa e ficavam sós. E algum medo se instalava neles. Porque se alguém os quisesse assustar não seria difícil! Mas talvez não fosse possível tal acontecer, numa aldeia onde todos se estimam.


          Chegara o dia de carnaval. A mãe do Francisco ficava na cidade por períodos mais longos. E já se haviam passado oito dias sem voltar a casa.

          Naquela quadra especial aproveitara alguém da freguesia, que fazia habitualmente viagem diária para aquela estação e, enviou um quilo de “boches”, - miúdos de boi - para lhes melhorar o prato nesse dia especial. E naquele dia, por volta das onze horas ouvira-se gritos de desgraça lá para os lados da estação. Os rapazes correram, como muita gente, para saber o que havia acontecido.

          Foi junto à passagem de nível da estação de comboios da aldeia, um automóvel bateu numa menina de seis anos, matando-a contra as grades da cancela.


          Visto o resultado do acidente que pôs de luto aquela aldeia, regressaram a casa para cozinhar os boches, mas grande fora o seu espanto, sobre a trempe na lareira, estava uma grande travessa de barro contendo grande quantidade de comida: cozido à portuguesa, rojões e sarrabulho. O Sr. Mota havia feito a matança do porco em vésperas do carnaval e, neste dia, abundara a  refeição das duas crianças numa verdadeira festa da comida.


          - "Que Deus lhe dê o céu, jamais vi tanta comida e tão boa!" Disse o Francisco. 


          De tarde os dois irmãos “órfãos” passeavam a freguesia na direção da ponte para observar os jogos de carnaval, nas fantasias e disfarces dos mascarados. E ouviram-se vozes de solidariedade:


          - Oh! Francisco vem cá, já almoçaste?

          - Já sim senhora. Responde o rapaz.

          - Anda cá, vem comer...

          Mais adiante, outro convite e mais outro convite...

          - "Por favor, não me obriguem mais a comer, eu vou morrer de tanto comida!" Diz o menino pobre.

          Era a aldeia do tempo dos anos cinquenta!.. Que terra linda de encanto! A solidariedade, o amor entre as pessoas, a fraternidade entre os homens. Todos se conheciam, todos se ajudavam. Que lindo, o rio de amieiros e choupos, de searas que o povo mondara, de pão que Deus abundara.

          Essa terra é um paraíso, até os pobres alcançam o céu. E pensou:

          - "Deus gosta de nós!"

          Um dia, no primeiro ano de morada em outro lugar da sua aldeia, o rapaz foi à missa das seis e meia, como era habitual aos domingos.  Era uma daquelas manhãs de inverno, frio e ainda escuro. Tinha feito a primeira comunhão, à relativamente pouco tempo e, naquela missa voltou a comungar. Regressava a casa a correr, feliz por mais uma vez ter recebido o Senhor. Ao chegar ao cruzeiro, quando virava para a direita e, se preparava para descer em direção ao cemitério, olhou para aquela parede que tinha uma argola fixa, que servira outrora talvez para prender o gado cavalgar, talvez o burro do moleiro. E olhando, viu algo fantástico  e logo parou para confirmar! Ele estava a ver a imagem da Nossa Senhora de Fátima. De mãos postas a olhar para ele, como quem diz: "Vem até mim!" O menino pobre ficou por alguns minutos estupefacto, paralisado. "Que coisa maravilhosa!".  E pensou.

          "Como é possível a Senhora estar aqui!?"

          De repente, deu a correr ribanceira abaixo, em direção a casa, para que alguém viesse confirmar se ele estava mesmo a ver!

          A irmã do Francisco,  que estava em casa naquele dia, foi com ele a correr mas, ao chegar ao local, chamou-lhe mentiroso! O que ele dissera não pudera provar... Não pudera mostrar o que vira.

          Olharam fixamente os dois: examinaram e apalparam a parede, mas nada!

          - Mentiroso! Disse a  irmã do Francisco. - Pensas que a Nossa Senhora aparecia a um mafarrico como tu?

          A Dona Idalina, a catequista do rapaz, também soube da visão que ele contou e achou também que era impossível a Senhora aparecer logo a ele; na sua opinião havia crianças mais merecedoras desse privilégio divino. Quando os homens pensam mais do que Deus, julgam pior que o diabo!

          - "A Dona Idalina se calhar não gosta de mim e, porque não gosta, acha que a Senhora é da mesma opinião." Pensou o menino pobre.

          A Dona Idalina tinha dupla função no contacto com as crianças daquela idade. Era catequista e regente-diretora na escola da aldeia.

          Junto à escola existe uma casa que parece fazer parte do mesmo património do Estado. Essa casa, tem à sua volta um quintal onde a catequista fazia as suas sementeiras. A Dona Idalina mobilizava as crianças que na sua opinião se portavam mal e, como castigo, distribuía-lhes tarefas na agricultura.

          Mas a quantidade de afazeres que o Francisco tinha em sua casa, não lhe permitia obedecer à D. Idalina. A bicharada que tinha para alimentar, a lenha que tinha que buscar nos montes vizinhos para confecionar as suas refeições, a responsabilidade obrigatória para tomar conta do seu irmão mais novo. Era muito trabalho para uma criança de nove anos!

          A D. Idalina era demais prepotente para entender estas coisas... Lá porque deixava o rapaz  rapar o tacho do arroz na cantina e o obrigava a lavar a louça, entendia que ele devia trabalhar no seu quintal.

          Sempre que ele se escapava às tarefas impostas, já sabia que no dia seguinte levava um bom puxão de orelhas. E ficava com as ditas a arder e a fumegar de vermelhas durante algumas horas... Mas que podia ele fazer para evitar o castigo? O Francisco tinha tanto trabalho em sua casa para fazer...  A D. Idalina não gostava dele e, pronto!

          Talvez pelo seu  sofrimento, a Senhora Se tenha lembrado dele. Talvez a Senhora lhe quisesse dizer: "Tem paciência, sofre que eu velo por ti!"


          A ganância dos homens é cega, não enxerga a razão... Deus dará do seu Reino aos pobres, aos humildes, aos enjeitados na terra. E o Francisco sabe que Deus gosta dele! Mas um dia, ele desafiou a catequista:


          - Oh, D. Idalina, como é que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, ao mesmo tempo? Perguntou o Francisco,  inesperadamente à sua catequista.  E ela, atrapalhadamente, respondeu:

          - É um mistério! Outra vez, ele perguntou-lhe:

          - Como explica que Nossa Senhora ao conceber um filho tenha continuado Virgem? E a catequista respondeu-lhe:

          - É um Mistério!

          A catequista e regente arrumava sempre a questão com a palavra Mistério e, não admitia mais conversa sobre o assunto. Tudo estava consumado numa obediência cega sem oposição... Pobre materialmente não quer dizer pobre de espírito. Pobre não tem que ser burro.

          Mais tarde Francisco compreendeu, por si mesmo, que a sua mãe também podia chamar-se virgem porque a virgindade não é física, mas espiritual. E a matéria sem alma não tem significado.

******

REENCONTRO

Agora,
pára e observa o mundo.
Estamos dispersos...
A proximidade desvaneceu-se
E perdidos ficamos no meio da multidão.
Estamos sós em nossos dias...
Não acolhemos nem nos deixamos acolher.
Cansados de tudo e de nós.
Não almoçamos com Deus,
Que nos espera.
Recordas-te ainda de mim?
Quando naquele dia junto ao lago
nos juntamos em um só?
O cisne que sobre a água flutuava,
lançava o seu olhar sobre nós.
E eu disse que te amava.
A madressilva, no seu formato tubular,
enfeitava  a nossa vida
com flores brancas  amareladas, muito perfumadas,
combinando com jasminzinhos...
A natureza é assim espetacular!
Menos nós pobres mortais...
Toda a arte é imitação da nautureza,
menos nós que somos a imitação de nada.
E se a natureza reservou para nós a liberdade,
porque somos escravos do mundo?
Afinal o grande perigo do nosso amor, somos realmente nós!
Sempre tão perto e tão distantes,
Na maldade do mundo.
Acabamos por ter medo de tudo
e inventamos o medo de nós mesmos.
E matamos a felicidade.
Mas ainda estamos a tempo!
Podemos voltar ao lago
Observar o cisne que ali continua, acolhedor,
Fazer o único livro de conteúdo verdadeiro,
com todas as folhas da nossa vida
e um grande amor.
E finalmente, juntos.
Agora. E sempre.




BETIMARTINS

 FALA-ME SÓ DE AMOR!

Faltam-me as simples palavras em mim
Que
tu prontamente, as desnudaste
Quando nasceu a nossa Lua cheia!

Quieta, eu estou sorrindo e sempre esperando
Entre as sombras esguias do meu quarto
Eu sou a bela arte invisível do verbo amar...

Os teus olhos famintos, repletos de rudes pecados
Desenlaçam de mim todos os meus segredos
Quando a medo olhas-me para lá da alma...

Entre faíscas, entre os desmandos enlouquecidos
Somos sempre os bravos escravos deste amor
Diria que é mais do que um belo fado...

Não sei quem o cantará um dia, será a fadista?
Que conhece a história do nosso destino
Morrendo de ciúmes, deste desenlace...

Fala-me ao ouvido, mas fala-me apenas de amor!
Cobre-me de lindas rosas vermelhas
Acelerando o meu pobre coração...

Fala-me baixinho, deixa-me ficar nos teus braços
Escutando as fortes batidas do teu coração
Pois, eu sei que ele só bate é só para mim!

******

SE TU QUERES CHORAR, CHORA!

Quando as tuas lágrimas teimarem em cair
Chora
, mas chora quanta for a tua vontade
Não temas o choro, nem mesmo a tristeza
Pois ambos transformam o teu coração
Ambos ensinam-te a dar valor à alegria
Mostra qual é a verdadeira felicidade...

Às vezes a saudade tem um jeito gritante
De massacrar a nossa alma e logo se aloja
Num lugar especial que é chamado Passado
Talvez a falta daqueles que tanto amamos
Seja a maior lição de vida nada é nosso aqui...

Não impeças as lágrimas de cair, deixa-as cair
Pois o teu vale de lágrimas se chama maturidade
Não podes voltar atrás, podes sim, viver o presente
Olha bem para dentro de ti e sente o teu coração
Porque ele é o maior aliado do tempo, por isso bate...

Eu gosto ás vezes de escutar a saudade, aconchegar
Abraçar ela, purgar as mazelas do tempo, aliviar a dor
E toda a mágoa que ainda resiste ao passar do tempo
Porque eu tenho que aprender a viver no agora e feliz
Pois todas as feridas da alma se cicatrizam com o tempo...


******

AH! O TEMPO...!


O tempo não volta atrás não, eu sei que não volta...

As lágrimas não vão saldar as dívidas sentidas...

Neste mar da minha saudade, onde eu me afogo...

Mas o que a saudade não mata, ela deixa as suas marcas...

No tempo da nossa impunidade, no tempo dos imortais...

E nesta imortalidade, eu vou matando as minhas saudades...


******

AMOR!

Existe um grande Sedutor, que nos faz ficar de pernas bambas
Deixando-nos à deriva, sem saber qual é o final do nosso destino
Somos fogo, somos água, somos o ar e somos a terra prometida
Comandados pelo Grande Arquiteto e quanta é a sua inspiração
Que nos enviou a maior prova de vida... O tão falado... AMOR!!!

******
                                                    
O AMOR DE ALMAS!

Amor não me deixe aqui ficar sozinha
perdida nas sombras da noite
escuta todo este meu pranto
e seca as minhas lágrimas...

Abraça-me e deixa-me eu sentir-me
bem segura, respirar o teu cheiro
ver o teu olhar, me desejando
pois somos apenas um só!

Que farei meu amor, sem ti, o que eu farei
para onde, eu caminharei se eu estiver
por aqui e sozinha e o que eu farei amor
se a vida sem ti não tem mais sentido...

Somos uma alma só, pois sem ti nada eu sou!
Contigo eu aprendi, a saber, caminhar e a seguir
bem forte, como um bravo guerreiro de Deus
e tu ensinaste-me a conhecer-me! Gratidão!

Da poeira que somos e da poeira que nós viemos
O Deus soprou-nos a liberdade de nos encontrar
para juntinhos nós iniciar mais uma longa jornada
entre as nossas idéias e entre as nossas duvidas aqui...

Acredita que não é fácil, pois de tudo que eu aprendi
sei que não é nada fácil a gente aprender a se amar
quanto mais a se perdoar pelos nossos próprios erros
mas aprendi que o amor é infinito e não acaba mais!

O amor fortalece os nossos corações e a nossa alma
O amor deixa-nos a conduzir serenos, todas as trilhas
Que nós teremos que percorrer, este é o combustível
Mais caro da vida e mais o difícil de poder se adquirir...

Porque o Amor nasce de dentro de nós, tranqüilo
trabalha todos os nossos sentidos, a nossa mente
serenando todos os nossos sentimentos inquietos
mas nós só poderemos O dar se O tiver dentro de nós!

www.betimartins.prosaeverso.net



BENEDITA SILVA DE AZEVEDO
Magé - RJ

AS PEDRAS DO CAMINHO

 Ester e Roque, jovens remanescentes de famílias com valores parecidos resolvem formar uma família. Mas, não tinham condições de construir sua residência. A princípio, o rapaz não queria se afastar de Berta, sua mãe, por morar sozinha com ele, pois a irmã, Joli, terminara a graduação e se mudara para outro estado. Então, ao lado da noiva, procurou a genitora para lhe dizer que pretendia se casar e morar com ela.

De pronto teve a resposta negativa. A mãe lhe disse que trabalhava dezoito horas por dia e queria continuar sozinha, pois, depois de dez anos de doença do marido e de trabalhar para educar os dois filhos, merecia um descanso. Mas, o ajudaria a construir sua casa no terreno dos fundos de sua casa e faria uma entrada independente para que, cada um cuidasse da sua vida, sem interferências de ambas as partes na vida do outro.

Os dois aceitaram a idéia e mediram o local. A mãe chamou o pedreiro que trabalhara na reforma de sua primeira casa, que fora vendida para dar entrada naquela que financiara em 25 anos, fazia oito anos. O pedreiro deu o orçamento e a mãe prometeu comprar o material de construção e o pai da noiva ajudaria na construção, pois era mestre de obras de uma grande firma.

Passados alguns dias, Roque procurou Berta e contou que num conjunto residencial, dentre os muitos que estavam sendo construídos, poderiam pagar a prestação de uma casa, mas, juntando a renda dos dois não cobriria as exigências da Caixa Econômica. Tendo a mãe já dois imóveis financiados, não pode ajudá-los. O pai da noiva tentou e conseguiu comprar a casa em seu nome, mas, eles pagariam as prestações.

Iniciando uma vida nova, toda ajuda que se oferecesse seria de bom tamanho, para dois jovens que se amavam e queriam compor seu lar e formar uma família. Quando receberam a casa, a mãe do rapaz, preocupada com a segurança de um bairro novo, tendo os dois de trabalhar o dia inteiro fora, chamou o serralheiro, encomendou as grades para duas portas, três janelas e fez uma surpresa. Dias depois de receberem as chaves, chegaram do trabalho e nem acreditaram, a casa estava toda com grades. Para complementar a renda do casal, Berta que era monitora da Taperware e vendia muito, solicitou a colaboração dos dois às sextas-feiras, para lhe separar os pedidos, que eram entregues no sábado. Por este trabalho, dava ao casal um salário mínimo por mês. Com esta estratégia a mãe ajudava, sem que eles se sentissem constrangidos.

Tempos depois, Joli que morava no Rio de Janeiro, numa república de profissionais de sua área, começou a se sentir sozinha e convidou a mãe para morar com ela. Já que Roque estava casado, com a família de Ester e parentes de Berta morando perto, ela poderia alugar um apartamento e morar com a mãe, deixando aquela vida de moradia coletiva.

 A partir do convite, Berta passou a viver um verdadeiro conflito. Queria ir fazer companhia à filha, mas, como deixar o filho e a nora começando uma vida nova sozinhos?

Naquela aflição, sem saber que rumo tomar, passou algumas noites sem dormir. Estava dividida entre os dois filhos. Joli morando numa cidade desconhecida, sem nenhum parente ou conhecido por perto, puxava para seu lado o fiel da balança. Resolveu ir ao Rio de Janeiro, nas férias de julho. Ficou hospedada na república e não gostou nada do que viu. Em sua avaliação Roque estaria mais bem protegido, pois tinha a família dela e estava em sua cidade natal, onde tinha todos os amigos. Joli, sozinha, naquela república onde até suas roupas sumiam do armário.

Enquanto estava lá na república, um dia pela manhã, a filha procurou uma blusa branca que tinha certeza colocara em seu armário e não encontrava. Berta resolveu olhar no armário das outras, mesmo sob protesto da filha. No armário de uma delas, lá estavam todas as roupas que haviam sumido. – Mãe, que cara de pau! Pegar minhas roupas desse jeito! Eu nunca teria coragem de procurar no armário delas. Não queria me arriscar a bater de frente com nenhuma das quatro. – Fizeste bem, filha, agora vamos sair e comprar um guarda roupa com chave reforçada. Por enquanto ainda tens de ficar aqui.

Apesar do namorado falar em casamento para breve, Berta não levou muita fé. Joli queria que alugassem um apartamento com dois quartos, para quando se casasse morarem juntas. Elas até ainda olharam alguns apartamentos e móveis, mas, a mãe disse a ela que não queria morar com ninguém. Alugaria a casa dela em São Luís e com o dinheiro pagaria o aluguel de um apartamento, no Rio. Resolvido isso, voltou para casa e planejou voltar ao final do ano.

Para sua surpresa, recebeu o comunicado da filha de que resolvera se casar em dezembro. Mas como? Fazia tão pouco tempo que se conheciam isso não poderia dar certo! Usou todos seus argumentos e pediu tempo para organizar o enxoval. Ela disse que resolveram aproveitar as férias do noivo que seria em dezembro e que não me preocupasse, pois faria um chá de panelas e uma lista de casamento para amigos e parentes.

Berta não teve mais argumentos. Agora não tinha mais dúvidas. Precisava resolver tudo para mudar-se para o Rio.

Alugou a casa para um amigo de Roque que se casaria em Janeiro e pediu a Joli que visse um apartamento na Tijuca, perto do Colégio, onde pretendia trabalhar. A filha deu pulos de alegria ao saber da decisão da mãe. O filho pedia que a mãe pensasse bem, pois já conseguira se organizar depois da morte do pai. Se não seria melhor Joli voltar para sua terra? Mais uma vez, Berta ficou em conflito e conversou com a filha.

Joli nem imaginava deixar o trabalho. Em São Luís não teria as mesmas chances de trabalho que tinha no Rio. Fizera duas tentativas infrutíferas e não queria se arriscar.  

Casaram-se em dezembro e passaram vinte dias em casa da mãe, em São Luís. Tinham alugado um apartamento em um prédio novo, em Pilares e ainda havia algumas unidades disponíveis. Mas Berta queria na Tijuca, perto do colégio.

Ao retornar ao Rio, Joli telefonou para a mãe e informou que ainda havia um apartamento, no mesmo bloco que o seu, com dois quartos, salão, banheiro, área de serviço e 01 vaga na garagem. Dizia que seria bom não perder a oportunidade, pois os aluguéis na Tijuca eram muito mais caros.

Berta suspirou, teria de tomar aquela decisão. Depois de duas noites insones telefonou para a filha e pediu que visse o que seria necessário para alugar o tal apartamento. Fez o contrato da sua casa por um ano. Se não se adaptasse voltaria. Contratou a mudança pela Itapemirim e enviou o carro por uma firma especializada.

O aluguel de sua casa era suficiente para pagar o aluguel e condomínio do apartamento. Teria de conseguir logo um trabalho para suas despesas pessoais e manutenção do carro. Estava feito, agora teria de enfrentar a separação do filho com a esposa já grávida de quatro meses. Viajaria no início de janeiro. Achou melhor deixar com o filho seu cartão do INPS, com a pensão que herdara do marido, de um salário mínimo, para compensar o que ganhavam separando seus pedidos Taperware. Pediu à irmã que ficasse atenta e olhasse pelo Roque e a esposa.

A realidade é sempre muito diferente dos sonhos. Berta teve dificuldades em conseguir emprego. Sem conhecer o Rio fez reuniões Taperware em vários bairros e sem perceber, um dia, com o Guia Rex à mão viu-se dentro da comunidade de Ramos, numa reunião marcada na Lagoa. Desistiu da gerência de vendas e escreveu em sua agenda:

Rio, 07. 11. 1987
Aqui encerro minha carreira de grupos de vendas. Será sem retorno. É uma vida muito sacrificada que se leva em busca de certos objetivos que, para a maioria serão eternos sonhos irrealizáveis. Gosto de buscar coisas mais concretas e que dependam mais de mim que dos outros. Sei que um dia conseguirei atingir os meus sonhos, mas em outros caminhos que não serão os de grupos de venda.

Depois disso, tentou viagens ao Paraguai, sobreviveu seis meses viajando com amigos, anotando encomendas que entregava mensalmente e quando recebia o pagamento voltava às compras. A viagem de ônibus era longa, 24 horas, era também perigosa e acabou desistindo.

Fez cursos de modelagem no SENAI e trabalhou como modelista industrial em uma confecção de alta costura, até que foi resgatada pelo grande amor de sua vida que a raptou da cidade grande para o aconchego de Pacobaíba, onde se reencontrou com o magistério. Mas, sua carga horária era pequena, o que a obrigava a complementar sua renda numa confecção caseira. Nesta época Roque já estava com a vida equilibrada, conseguira um emprego na SHELL e Berta pediu de volta seu cartão do INPS, assim, teria a garantia do salário da costureira ao final do mês.

Sempre teve e ainda tem algumas pedras em sua longa caminhada, entretanto, sem lamentações, vai transformando-as em seixos para ornamentar os canteiros de seu jardim outonal.



CARLOS SARAIVA
Mogi das Cruzes (SP) Brasil

LAÇOS

Sem você...
Eu sou só eu;
Isolado, triste e contido.
Sinto e absorvo o meu presente;
Pendente, ilhado e sofrido...
Sou muito mais ausente
E carente do seu eu;
Alegre, simples e contente...
Quero poder estar presente,
Em tudo aquilo que você sente
E ser eu em você, ardentemente;
Como um laço apertado no que é seu...

******

LOUVA-A-DEUS

          É um animal muito interessante; desloca-se lentamente no meio das folhas e tem a capacidade de se confundir totalmente com o meio em que vive (mimetismo). O corpo é o de um inseto comprido de longas e ágeis patas, muito fortes. Possui asas e tem dois olhos enormes e "hipnóticos", de textura e aspecto vítreo que parecem duas gemas preciosas. A sua marca característica, são as duas fortíssimas patas dianteiras (anteriores), munidas de uma espécie de serrilha (com picos), que serve para imobilizar as presas e segurá-las enquanto se alimenta. A postura dessas patas, quando recolhidas, faz lembrar o gesto simbólico de uma prece ou oração... O louva-a-deus, tem uma forma especial e característica de caçar; ao aproximar-se lentamente da vítima, ele aguarda pacientemente o momento ideal para disferir o seu golpe, fulminante e mortal.
            Sem dar qualquer chance de reação às suas presas que, imobilizadas pela presença do seu olhar e comportamento, aguardam o bote certeiro. O louva-a-deus é um inseto carnívoro e voraz, fazendo às vezes lembrar alguns "outros seres" (mais inteligentes), que usam estratégias aparentemente semelhantes às do nosso bichinho, mas com intuitos e finalidades muito diferentes. Afinal, quem tem a capacidade de louvar a um Deus, deve ter também a capacidade para discernir entre o razoável e o inadequado... O comportamento do nosso louva-a-deus está perfeitamente dentro daquilo que se pode esperar; tratando-se de uma criatura extremamente bem equipada, adaptada ao seu habitat e que necessita de garantir a sua sobrevivência...    

******

ENTRELINHAS

Procuro nas entrelinhas...
Entre as linhas, existe um espaço;
Um espaço branco, que se dissipa aos poucos...
Quero a verdade, que nos faz de loucos;
Que nos deixa inteiros, verdadeiros; num abraço.
Onde estão os anjos, o sol e as estrelas?
Porque não consigo ainda vê-las?
O meu céu é uma doce e ténue miragem;
Quero viajar atento, veloz; em romagem...
Aos deuses que habitam entre essas linhas;
Que mandam eleger tão belas "rainhas"
E as fecham em estranhas muralhas...
Quero sacudir essas mortalhas;
Vê-las libertas de letras erradas,
Que um dia se tornarão palavras...
Suspensas por vazias entrelinhas;
Sozinhas e distantes, como o nada...

mongiardimsaraiva

 

CARLOS LÚCIO GONTIJO
 Santo Antônio do Monte (MG) Brasil


"SAMostra" na praça


          O risco de gerenciar cultura, grandes bibliotecas ou museus é deixar de falar de cultura, que em muitos casos se transforma em simples objeto de gestão, sem qualquer sentimento de arte nem compromisso com os autores. Dirigir centros culturais costuma não ser boa experiência para os que realmente produzem cultura, sejam eles pintores, escultores, escritores, músicos ou poetas, pois a tendência de quem dirige espaços culturais é se restringir a uma série de apêndices, como é o caso da busca de patrocinadores e convênios, que são questões afetas a burocratas e não a quem faz ou almeja se concentrar apenas no horizonte alinhavado e a ser criado pela imaginação artística.
     Indubitavelmente, a arte se nos apresenta mais pobre toda vez que os olhos das instituições públicas e privadas se voltam completamente para os números e a possibilidade de lucro com a venda de ingressos, privilegiando a arte de cunho comercial e puro entretenimento, considerada mais palatável ao grande público, que geralmente não é afeito a obras culturais mais densas e reflexivas.

      Estamos momentaneamente no cargo de Secretário de Cultura da cidade de Santo Antônio do Monte, onde temos procurado desatrelar os eventos culturais do mundo dos negócios que rebaixam o bem cultural a simples produtos. Não nos permitimos, até mesmo em respeito aos ideais que norteiam o prefeito municipal Dr. Wilmar de Oliveira Filho, ver as instituições de arte dentro do exclusivo objetivo financeiro. Um museu, por exemplo, não pode ser aprisionado em estrutura meramente burocrática, com funcionários de olho no relógio de ponto, enquanto a história, em exposição estática, toma a poeira do tempo e se perde no esquecimento.

      A cultura da comunidade em que vivemos é a que deve (e precisa) ser abraçada e estimulada por nós, evitando-se que ela ande a reboque de projetos estaduais e nacionais, que na maior parte das vezes nada têm a ver com os anseios de nossa gente e sequer contribuem com recursos suficientes. Nesse aspecto, estamos desenvolvendo uma mostra cultural em praça pública, com total ênfase para o artista de nossa Santo Antônio do Monte, à qual batizaremos de “SAMostra”.

    Enquanto isso, em outro plano, confessamo-nos assoberbados com a nossa própria produção literária, pois os novos livros, que pretendemos lançar ainda neste ano de 2013, estão padecendo de involuntário atraso, por absoluta falta de tempo, como se estivéssemos sob o signo da burocracia, tipo mulato inzoneiro, como nos canta Ary Barroso, na “Aquarela do Brasil”, um país em que, segundo Padre Antônio Vieira, “o verbo furtar conjuga-se em todos os tempos, em todos os modos e todas as pessoas”, desviando para o ralo de insensíveis “não-poetas” (os materialistas e donos da realidade) recursos que democratizariam o acesso à saúde, à moradia, à educação e à cultura, que é o alimento da mente e da alma de todo ser humano banhado na divina luz do amor ao próximo.

      De resto e por fim, somente nos cabe manter viva a chama da crença e orar aos céus, pedindo a Deus que nos dê persistência, discernimento e sabedoria, para que exerçamos o nosso papel sem nos perdermos em meio à inútil papelada burocrática que nos rodeia.


******

PAIXÃO ACESA

Todo amor sem pecado é corpo e alma
Que eu perca o direito ao corpo amado
Quando não puder acariciar no leito
A calma do espírito que o habita
Que minha aura que levita em gozo
Não perca na beleza da chama o calor
Que a flama do amor me ache menino
Sempre disposto a sonhos e mimos
Que eu me entregue sem arrimos
Que nada peça, que nada negue
Que minha amada se esfregue em mim
E que a magia da paixão se acenda
Na tenda sexual do meu peito
Feito lâmpada sensual de Aladim...



 

CÉZAR UBALDO

PHANTASIA


Quero abrir a flor que esconde o teu ventre
antes que o silêncio a rompa com a fúria
do homem noturno.
Quero cantar em ti, o amor que não tive antes
com a eterna ânsia de minha boca.
Quero de ti, o amor sem luz ou abrigo;
que seja o lírio,que fale como a liberdade,
a nova flor do meu sangue.
Quero de ti, todos os sonhos que se vão
prontos para amanhecer e,assim,
a vida andará sobre os mesmos sonhos
das noites que me beijam a cabeça...



 

CLAUDIO PRÍNCIPE DOS POETAS
Ibitinga (SP) Brasil

QUERIA SER...
                                                                                                              
Queria ser-te como uma luz,
mas, não uma luz qualquer.
Mas, algo que em ti, reproduz,
paz, amor, onde estiver.
Queria ser-te como um som, bonito,
que pudesse lhe fazer relaxar,
Canto de anjos, vindo do paraíso
para um bom caminho mostrar.
Queria ser-te como professor,
mas sem matéria e nem religião.
Para ensinar-te apenas o amor,
sem qualquer pretensão.
Queria ser-te, o que precisas,
para se livrar do cativeiro.
Mostrar-te como e lindo a vida,
e precioso o amor verdadeiro.
Queria ser-te, um colaborador,
abraçar te na hora do cansaço,
Trata lá como é, delicada flor,
e jamais sair do seu lado.
Queria ser-te mais que marido, amigo e irmão.
aquele que ouve e quase não fala.
Que te entende, por ver seu coração,
que lhe ama e não cobra nada.
Queria ser-te o verso lido,
capaz de chegar a alma
Um presente de Jesus Cristo,
devolvendo te a esperança e a calma.


 

CLER RUVVER

A BUSCA DO ENCANTAMENTO NA POESIA.


       Todo o homem tem ou busca despertar um dom artístico através da sensibilidade transbordante, que define sua racionalidade.
       Alguns têm sensibilidade auditiva; é através dos sons que descobrem o encantamento da arte.
      Outros têm sensibilidade visual; é através do olhar que conseguem experimentar a beleza da arte.
      Outros têm a sensibilidade no paladar; é através do gosto que criam e inventam novas delícias, inovando o prazer para desfrutar a arte.
      Outros despertam a sensibilidade do olfato, para sentir, criar, desfrutar, etc. novo faro, a produzir sublime cheiro, e inundar novas fragrâncias, na arte.
      Outros experimentam a sensibilidade no tato; experiência doce e macabra _ pura espiritualidade _ que não define órgão físico para exteriorizá-la.
      Mas alguns possuem o dom da maestria. E mesmo individualmente, montam uma grande orquestra, para alegrar os ouvidos, o olhar, a degustação, etc. então a arte torna-se algo latente e surge a necessidade de partilhar a descoberta, manifestando aos quatro ventos, um novo projeto para imortalizá-la.


******


AMOR DA MINHA ESPERA

Queria mesmo,
ser a canção que você mais gosta.
Para poder adentrar teu corpo,
e buscar respostas.
E descobrir...
A cor dos sonhos para afagar.
E a singeleza do teu encanto poder saudar.
Para na pele poder sentir tua alegria.
As nossas almas,
buscando a vida além da razão.
Dançam nas nuvens,
tal qual a musa da poesia.
Entre segredos,
para encantar o teu coração.
Verei ao vento,
todas as marcas do teu amor.
Na plenitude da eternidade, para compor.
Pois na verdade,
minha espera, já te amava.
Como saudade entre lua e sol,
enquanto esperava.
Cumplicidade...
a gente leva quando voltar!
De cada estrela,
- lume colhido, à luz do luar.




DONZILIA MARTINS
3 de Março 2013

AMENDOEIRAS EM FLOR

É Março! Três de Março!
Faz hoje anos que o pai voou para o etéreo onde vive com os anjos.
Ele era uma flor silvestre, um recanto do céu na terra
O regato fertilizante da minha vida.

Estou a vê-lo ainda novo, ágil, alegre, feliz,
Na curva da estrada a guiar o macho na noite
Por entre fios de lua branca.

Os recantos do monte delineando a estrada
Roubavam-me por momentos o seu vulto que me protegia
Num oceano de obscuridade.

A imagem e a voz, acendendo estrelas dentro do meu peito,
Apareciam em cada retalho do céu, em cada pingo de luar.

Hoje não o vi! Nem sequer se riram as amendoeiras em flor
Nem as estrelas se acenderam nos meus olhos turvados de lágrimas
Todos os caminhos vazios pareciam chorar saudade.

As nuvens transparentes, como anjos, esbatiam-se na planura do silêncio
Onde, para além delas, os meus mortos vivem.

Aqui, renascem unicamente na eternidade do meu peito.
Que os anjos te cantem e digam de mim.
Que contigo sorriam até a minha chegada.

******

“LÁGRIMAS”

Trazia no colo lágrimas de sal
Para no teu peito as poder secar
Mas eram tão ácidas, sabiam tão mal
Que ricochetearam fora daquele mar.

Tão emocionada ao ver o meu pranto
Em ondas de espuma de tristeza e dor
Que meu mar azul se fez desencanto
Em palavras frias sem aroma e cor.

Quisera chorar na cruz dos teus braços!…
Quanto eu sonhei cortar a distancia para ler os passos,
Ancorar teu porto, qual peito macio, p’ra desabafar.
Mas ali fiquei, parada, olhando, o revolto mar.

Eu sei que na vida nem tudo é perfeito, nem é um jardim
Porém te sonhava no beijo e abraço aberto p’ra mim
Meu verso cantado subindo em teus olhos verdes de amizade
E o meu pensamento voava p’ra ti cheio de saudade.

Quem foi que quebrou este laço belo, tão doce e tão forte?
Onde se perdeu a estrela da tarde que indicava o norte?
Que ave de rapina te feriu assim?
Numa prece ao céu, minha alma rasgada clama o seu delfim.

Abre-me o teu colo, deixa-me chorar
Eu trago mil lágrimas para encher o mar.




 

DHIOGO JOSÉ CAETANO
Uruana

PAZ MUNDIAL

Meu mundo,
Aquele mundo,
Grande mundo...
Um mundo melhor.

Onde a paz seja o lema da sobrevivência.
Que todos os homens difundam uma mensagem de esperança.
Oh, meu Deus livra-nos de todo o mal.
Que possamos semear a palavra, o amor, a liberdade
através das redes sociais, jornais e revistas

A revolução do bem será desencadeada,
 promovendo a transformação no espaço onde vivemos.
Os homens viverão em harmonia com a natureza e com mundo.
A violência será extirpada.

Todos os seres se enxergaram, o eu será esquecido,
 pois trabalharemos pelo o outro, por nós.
O mundo será mais verde, mas humano, mas verdadeiro...
A união estará sempre no nosso meio.

O amor tornará a essência humana, o dilema do ser e da alma.
Eu vejo a luz no final do túnel.

A esperança renasce e cresce dentro de cada um de nós.
É preciso redescobrir o nosso planeta
.
O nosso planeta depende de nós e nós dependemos dele.
Protegemos o nosso mundo!

Preservemos a vida.
Cultivemos a paz mundial.
Libertemos do materialismo...
O sol da liberdade nascerá;
Todos os homens cantaram,

O mundo não mais será o mesmo...
Todos nós seremos um só!
Protetores da nação terra,
Defensores da vida, do amor, da verdade...

Mensageiro do bem-viver.
Missionários da paz.
A vida precisa ser vivida,
Que todos nós mergulhemos na arte do existir.

Todos nós sabemos e vivemos o prazer de estar vivos.
É tão bom se sentir vivo!
Não deixemos a vida passar.

Precisamos viver o hoje, o agora, o instante...
A vida não é breve, mas tem o seu fim.
Comecemos a reescrever um novo recomeço.

******


DIDACUS: O CONSELHEIRO


O que seria de nós sem a arte de viver?

Aprendemos hoje e amanhã aprendemos a diferença.

A distinção entre os elos existenciais.    

Nada é “eterno”, no entanto tudo se transforma…

As pessoas mudam, o mundo muda e tudo passa.

O existir é um constante ir e vir.

É bom saber que amanhã é um novo dia.

Erramos hoje, mas tudo se faz novo quando o sol renasce na imensidão do céu azul.

O tempo é o senhor de todas as coisas, ele encarrega de eliminar as dores, os medos e os dissabores de uma vida plenamente vivida.

O mundo é um verdadeiro comboio de emoções; onde a essência amor mantém a legião de seres humanos vivos e determinados a sonhar e sonhar.

O amor é a essência de todas as coisas.

Quando falamos de sentimentos, é bom saber que o amor tem tendência a se desabrochar, fundando um belo jardim florido, mas o ódio, ou seja, o amor na forma mórbida permanece constantemente sem vida, inóspito, mas sensível ao poder do tempo.

Precisamos praticar a arte de amar todos os segundo da nossa caminhada evolutiva.

Aprendendo a viver a vida conforme os teus desígnios.

Passando a compreender as dificuldades vividas e a importância das mesmas para o nosso evoluir.

Aceitemos os limites do ser e as fraquezas que a vida nos impõe.

Às vezes nos confrontamos e isso é fundamental para o nosso crescimento.

As respostas que procuramos estão dentro de nós!

A felicidade mora ao nosso lado...

Mas, negamos a mesma em nome do ego, dos ideais os quais traçamos para percorrer ao longo da existência.

No entanto, a vida tem vida própria e nos reserva inúmeras surpresas.

A felicidade não está plasmada nas conquistas materiais; a arte de viver é além do mundo materialista que se formula a nossa volta.

A vida é efêmera!

E as maiores riquezas que temos são todas perecíveis, não sobreviveram aos efeitos do tempo.

Amanhã entenderemos que éramos felizes, tínhamos tudo e não sabíamos!

Por isso, anime seus dias encontrando as pessoas amadas.

Ouvindo aquela música favorita, olhando para as mais simples coisas ou até mesmo batendo um papo com você mesmo enfrente o espelho.

Não podemos deixar os dias passarem em branco.

A cada dia uma nova página que se escreve.

E é melhor usar as cores do arco-íris para escrever dias felizes.

Assim você viverá a vida de forma plena e profundamente vivida.

Aprenda a dizer obrigado!

Agradecer é uma das coisas mais belas que o ser humano pode fazer, é admitir que houve um momento em que se precisou de alguém.

Agradecer é reconhecer que jamais poderemos lograr o dom de sermos auto-suficientes.

A vida se faz das complexidades e dos trabalhos coletivos.

Uma caminhada evolutiva onde somos regidos pelo livre arbítrio.

Podemos semear o bem, mas temos a capacidade de proferirmos o mal.

Somos regidos pelo amor e pelo ódio.

Os homens precisam entender a importância do mundo a nossa volta, precisamos cultivar a natureza, pois dela que vem a nossa essência.

É a partir dela que surgimos como seres, mas enquanto parte da mesma voltamos para a natureza no findar da nossa missão existencial.

Precisamos coexistir em harmonia com a natureza e com o vasto mundo o qual fazemos parte.

Ninguém é anjo ou demônio.

Todos nós carregamos partes negativas e positivas dentro de si.

Estes dois elementos nos formulam enquanto seres humanos; seres que todos os dias iniciam e findam um processo ou um ciclo existencial.

Não podemos esquecer que somos detentores do nosso futuro, possuímos o livre arbítrio para promover as nossas decisões.

Assim podemos dizer que a felicidade mora dentro de cada um de nós, basta buscarmos a mesma na profundidade do nosso ser.

Por que escolher mal? Si temos a opção de difundir o bem e a arte de amar.

A humanidade precisa eliminar o mal que assola o seu cotidiano.

É preciso banir os demônios, fazendo viver ou até mesmo ressuscitar os anjos que por anos estão adormecidos dentro de nós.

Pratiquemos a arte de amar, sejamos disseminadores da paz e da crença de uma um mundo melhor.

Todos nós necessitamos de inflexões das nossas atitudes, ações e decisões do dia a dia.

Sejamos seres de luz, difusores do amor incondicional...

Que o caminho do sucesso encontrado ao longo desta caminhada, possa perdurar em “toda” a nossa vida!

Tornando-nos cada dia mais uma criatura sorridente e otimista.

A vida se esvai, mas a nossa mensagem se eterniza ao longo dos tempos.

Enfim, a vida é um percurso de histórias distintas, complexidades transmutáveis e sentimentos variáveis.

******

MOINHO DAS CRISES

Realidade social, existencial.
Sujeito dos processos...
Idade Média a religião ditava as regras.
A fé era vista como base da existencial.
Iluminismo período das luzes.
A concretização da racionalidade.
Modernidade o momento do progresso.
A constante expansão das ideias.
Pós-Modernidade as inconstantes experiências momentâneas.
Uma atmosfera que se movimenta em um contexto de sentimentos coletivos.
Os processos evolutivos do saber são movidos por um moinho das crises.
Transições marcantes de um período para o outro, promoveram as mudanças necessárias na evolução da sociedade humana.

Dhiogo José Caetano
Professor, escritor e jornalista

 


DALTON LUIZ GANDIN
São José dos Pinhais – Paraná - Brasil.

VAZANDO TEMPO

Minha vida ampulheta.
Um relógio de areia.




ELIANE AUER
São Mateus(ES) Brasil

DO PASSADO, NO PRESENTE

A noite caía transbordando em orvalho
A infância passando em revista
À luz do sol do coração
Sem lamento o visitante
Reencontra-se no tempo
Sem açoite
Embalado ao vento

                                        Cai a noite cálida e surpreendente                 
Fina flor e coração saltitante
Erguem os olhos
Almas sorridentes
Um olhar e estrelas contentes

Contemplam o passado
Que se faz presente
A alegria faz-se sol noturno na mente
Num gesto um abraço carente

Lado a lado como teclas no piano
Dedilham palavras
Como grãos de areia no oceano...

E ainda a noite
Se esvaindo fria
Alma contente se envaidece
Sorriso nos lábios, transparente
Coração acelerado
Acordando o passado

Passado, hoje, um presente
Gestos de uma infância
Que não se fez presente
Retorna ao tempo como poesia
Em teclas de um piano
À luz do dia.


******

AUSÊNCIA DE VOCÊ

 A noite teve luar
Não teve boa noite
Teve lua cheia
Às horas foram passando
A noite caiu
Silenciosa e vazia

O silêncio invadiu
Testa franziu
A lua iluminou a praça
Sem som...

Só o silêncio
Os olhares se perderam
Evoluiu
Almas simpáticas se aproximam
Só para apreciar a lua.




ELIZAETE RIBEIRO
Açailândia (MA) Brasil

RECUSO-ME

Estou tentando aquieta-me a alma, mas essa leve descoberta bateu bem lá no fundo.
Tento disfarçar o sentimento e não consigo ignorá-lo dentro de mim, nem por pouco tempo, pois ele é mais forte que a minha razão, uma nuvem de interrogações pairam sobre meus pensamentos, minhas emoções são congeladas instantaneamente, ai vem à dúvida: Continuar ou Desistir? E como ficarão os momentos vividos, o quê farei deles? Será que foram todos eles encenações ou apenas uma distração... É como olhar pelo retrovisor, ver o percurso ficando pra trás e a poeira se levantando. 

É muito estranho falar sobre isso, ainda mais quando carregamos no peito um sentimento recheado de esperança. Aquele simples beijo foi marcante, mudou tudo na minha vida, virou minha cabeça, deixou minha vida de pernas pro ar, interferiu nas minhas decisões, mudou o percurso de minhas escolhas... Aquele beijo não devia ter acontecido, ele marcou profundamente minha alma, deixou meu coração vivo e acelerado, foi como ferro quente, o pior disso tudo é a multidão que tenho pra enfrentar, o que me fere mais ainda é o anonimato, esse é o pior castigo que uma mulher pode receber. 



Vejo que os momentos perdeu a sua força, quando tudo de belo que vivemos é acobertado pelo medo da revelação, pelo medo da reação das pessoas, o medo da criticas, é torturante ser a vitima e mais torturante ainda é não ter o poder da decisão nas mãos, por mim eu gritaria para todos saber que estou com você, por mim correria com o sorriso falando do que sinto por ti, sem um pingo de medo da reação dos amigos, conhecidos, inimigos e familiares, quando o sentimento é pra valer ele resiste a tudo e a todos, cria raízes e dar frutos.



Dói, sabia, dói muito ser anônima na tua vida. Aí eu me pergunto; O que fazer com a saudade que me atormenta dia e noite, noite e dia, sem parar, o que fazer com os pensamentos que são constantemente ocupados por ti? Não tenho resposta, é angustiante ficar nesta expectativa esperando um milagre acontecer. Recuso-me a derramar uma lágrima se quer. 



Recuso-me lamuriar por ai, me recuso sofrer mais uma vez pelo mesmo assunto, me recuso ser ferida mais uma vez, me recuso fazer papel de boba, me recuso ser mais uma conquista tua, me recuso a ser mais uma na tua vida, eu me recuso a ser teu passa tempo, de verdade, eu me recuso a viver mais uma ilusão.



 

ELIANA ELLINGER
Cidade: Hazorea

CÂNTICO DOS MEUS CÂNTICOS

Esta noite, vagando em pensamento,
escuras nuvens de tanto temor,
buscando triste onde estava meu amor,
pulsando forte meu coração ao vento.

No infinito, as horas sempre em movimento,
apertando-me o peito nessa imensa dor...
Levo a saudade, por onde queira que eu for,
banhando-me a tristeza em rude desalento.

Talvez em algum lugar que eu nem conheça,
meus olhos cegos de amor sem mais estar te vendo,
que no caminho que sigo o teu querer jamais pereça.

Para tocar-te outra vez, minhas mãos estendo
pois nosso grande amor não transforma,
te quero, te amo e desejo de todas as formas.


 

EDUARDO DE ALMEIDA FARIAS


NUNCA MAIS (CRÔNICA DE UM DIA)


Do alto de uma ribanceira, sob a copa de uma velha oliveira, porque o sol a pino, queimava, ouço ainda a tua voz minha mãe, a me chamar.


E lá embaixo ao fundo, onde um rio era meu pequeno mundo, fecho meus ouvidos a outros ruídos, que acaso possam quebrar o encantamento daquele momento.



Os anos e a vida me carregaram para outros mundos; e hoje já cansado dos poeirentos caminhos andados, vez por outra desço até lá ao fundo, onde vou me refazer do cansaço, porque a caminhada foi longa e extenuante, deste viandante. E, entre brumas, embora, vejo acenos e qual alarido de pardais de meus companheiros a convidar-me ainda uma vez mais, para um último mergulho, lá no poço do rio, e que era fundo.



O sino da velha igreja soa horas que passam cheias de interrogações, e, com cheiro a mata virgem e orações não ditas.



No cabeço da Almoinha, entre cerejas encarnadas a transpirar de viço e volúpia, um melro matreiro assobia-me em tom provocador, empoleirado lá no alto, quase da altura de meus desejos.



Ah! E as pernas da menina da capital a extravasarem do maiô sua exuberante formosura, espicaçando de agudos desejos como espinhos do tojo bravo, as mentes e carnes ainda virgens de toda aquela canalha miúda, rendida aos encantos daquela ninfa, perdida em águas tão remotas.



Um carro de bois geme descendo a ladeira, pejado de muitas canseiras, misturando seus sons bárbaros à beatitude da música das ribeiras.



E, pelos caminhos que se entrecruzam entre horizontes de sonhos indefinidos, rodopiam piões entre geométricos traçados, que ninguém saberá o sentido, pois serão sempre incongruentes.



Mas, enfim, aquele menino já não tão menino, dormirá o sono qual pintainho sob as asas da noite que não é negra, mas prateada cor da lua que a ilumina e, que também ela, a lua, gosta de brincar nas águas do meu rio. E o lugar da Costa onde reinava aquela oliveira debruçada sobre o muro do tempo, sentirá também a amarga ausência da voz da minha mãe, que nunca mais há de me chamar, nunca mais.


Eduardo de Almeida Farias



FÁTIMA MOTA

 ALMA CIGANA

Dentro de mim
há silêncios
que ecoam
sonoros
e passos que me levam
mundo afora.
Ás vezes reconhecem(me)
instantes de lucidez
outras, desafio
nitidez.

Dentro de mim há passagens
presságios
de vidas distantes.

Minh'alma nômade
(en) canto cigano.

Meus caminhos
controversos
bifurcam-se
entre a felicidade
e o querer.

Réu confesso.



FREDY NGOLA
 Luanda - Angola

CHORO CALADO

No rosto envelhecido
do tempo rasgado
de África
contemplo lágrimas arrastadas, almas feridas
 no leito espraiadas

Vidas em desalento
Atormentadas nas horas em que o dia beija a noite
Vespertinamente cantaram as bombas…
Balas acendem velas das cidades

E na intensa convulsão das bombas
Escapa-se no rosto desta África um olhar entristecido

Audacioso proteger-te
Descanso no vago intelecto das mulembas
Querendo ouvir-te e entender-te

Vejo gotas vermelhas varrendo chão
O brilho da tristeza vestindo o olhar de cada nação
A heresia impulsiona as batalhas… olho as mortalhas!

E na desventura da brisa seca
Repleto de descontento, te escuto
O negro choro significa
a dor da alma neste olhar fica

Procuro abrigos até nos conventos
Entendo as razões, vindo dos ventos
Lá do Ocidente
triste e mortífero acidente!...

Em teu rosto uma gota escapa, tudo fala
Um mar de vidas a desaba
um mundo de esperança a calar
o viro dos pesadelos em teu leito a escalar

Na travessa do desespero entendo
que este pranto ainda é Africano
choro contigo no adestra a mesma dor

E em cada choros vespertino
choremos juntos num o mesmo hino
choremos hinos de liberdade
por seres Tu, ó África! O Berço da humanidade…

******

LÁBIOS DE MULHER

Beiços ausentes da utopia
Repletos de poesia
Flor… rosa saborosa
…orgasmo apenas molhado
personagem escondida, porto da vida

Papeis vestidos de desejos
Leitos de eternidade cobertos de vontade

paisagens virgens
montanhas desenhadas a luz da liberdade

Esteira que levam mundos ao espasmo
Doce do lápis literário
Centro e sul do orgasmo

Vida a vida nos lábios…
adormecem em noites
no aroma do seu capim lírico

Permitindo mares
neles desaguarem a seivas
ao ritmo da trova
de cada palavra remada

nos rasgos
solo de serenidade

São lábios desejados fluindo
Fluindo desejos…
suavizam as dores
espirados sobre amores

Fredy Ngola



GUACIRA MACIEL


OS SETE MARES; POEMA IMPRESSIONISTA Nº 7

De novo, na volta do trabalho, vinha dirigindo calmamente à beira do mar e pensando que me sentia um pouco como os grandes navegadores da história, pois vira os sete mares neste verão de 2013... Talvez só eu tenha pensado nisso em um tempo em que não se tem tempo para coisas tão prosaicas. Pensei no grandioso espetáculo que quase se derrama sobre nós todos os dias em uma belíssima e sensual orla marítima sem ser sequer percebido. Espontaneamente, fiz uma analogia engraçada com um fato interessante que via todas as vezes que ia dançar com meu companheiro: tratava-se de um homem já bastante idoso que se apresentava, como num espetáculo, dançando sozinho uma coreografia caprichada, que ninguém percebia... Nós achávamos aquilo interessante e nomeamos seu espetáculo como a ‘dança do acasalamento’. Esta é a sensação que tenho todas as vezes que olho para o mar na solidão da urbanidade desta Soterópolis, tentando seduzir a quem passa, sem receber sequer um olhar... Mas eu vi o mar através de todos os meus aguçados sentidos: deitada na areia da praia da Pedra do Sal, silenciosa naquela manhã, divaguei e vaguei pelo azul acima de mim coberta pelo aconchego morno daquela enorme cúpula, tendo à minha frente a linha de um horizonte que delineava a perfeita curvatura da terra, sem um único obstáculo que corrompesse aquela perfeição; senti o delicioso cheiro dos sargaços trazidos da minha infância; vi os pequenos diamantes e pérolas desprendidos das caudas das sereias piscando para mim nas areias de Madre de Deus; vi quando o sol, preguiçosamente e ainda embriagado pelo sono ocidental, aguardava generosamente o repouso da lua, já quase totalmente cheia e pesada como um ventre grávido; vi o imenso polvo ondulante repousado languidamente sobre as areias entre as praias de Piatã e Jaguaribe; percebi o mar em tons de cinza, dando a impressão de que sua concretude era afetada apenas por um leve drapeado que desafiava a moça do vestido vermelho; também me dei conta da fuga daquela sonoridade tão inerente, tão orgânica; compreendi que, além da observação visual, a presença daqueles sons suaves e naturais que deixavam impressas em minha sensibilidade imagens tão fortes, embora tão fugases, capturadas e expressas nos meus poemas impressionistas eram fundamentais às impressões oferecidas pela visão. Comecei então a entender que além da luz, os sons se encaixam e compõem a obra; e como sou influenciada por eles, e como eles potencializam as minhas impressões visuais, ainda que por um grito ao longe, trazido pelo vento ou simplesmente o som que a  brisa matinal provoca nos meus ouvidos... E, podem crer, eu vi, à minha frente, o sal na clara liquidez das suas águas azuis, aflorar em graciosos e delicados arabescos à sua pele cristalina...

 Guacira Maciel


GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
Nazaré, 13-04-2011

VIAGEM VIRTUAL

Numa grande explosão terráquea,
Fragmentos de meu cérebro
Voaram para outras dimensões,
Num advento espetacular.

Uma fração transportou-se
Para um antigo areópago.
Lá estava um sábio
Com seus gestos concisos
A julgar os meus versos
Como se fosse o decálogo
Ou então o eclesiastes.

Outra fração transportou-se
Para um exílio dogmático
No mundo dos fratricidas.
Ao chegar ao frontispício
Me deparei num gazofilácio
E depositei minha esmola.

Um sábio me observava
Com seu olhar herético,
Como se eu fosse um hipócrita.
Eu o observei com indulgência
Naquele ambiente iníquo
Cheio de utopia pentateuca
E de ensinamentos dogmáticos.

Agora a terra implodiu.
Agora, meu cérebro se recompõe
E eu estou de volta ao mundo real.

Acordei. Voltei de uma loucura
Que desafia a física quântica.

O poeta tem o poder
Até de transformar
O substantivo concreto
Em substantivo abstrato
Ou uma construção de concreto
Em substrato.


 


GLÓRIA MARREIROS
Cidade Portimão

TAPETE DE POESIA

É a hora das trindades duma tarde de verão. Imersa nas minhas reflexões, caminho sobre um tapete de poesia e vou para além do princípio fundamental, onde aprendo uma infinidade de coisas que me ajudam a vencer muitas barreiras e batalhas.
Acolho, também, no meu peito, as derrotas e as vitórias, porque com elas aprendo a caminhar por entre os torrões do prado, onde se situa a casa de mim, sem magoar os pés e deixando o sol doirar, com os seus raios, as paredes caiadas pelos anos da saudade.
Caminho sobre um tapete de poesia. Vejo os meus versos em diversas cores. Alguns estão desbotados como se tivessem sido escritos num rolo de pergaminho. Emergem do tapete, esvoaçando no ar, sem uma meta precisa. Depois, parece que caiem num declive mais ou menos suave, numa área de arúspices que os adivinharam antes, mesmo, de serem escritos.
Tento evadir-me do tapete da poesia. Não consigo! Pergunto: Quem foi que me ensinou a acender a lamparina mágica da inspiração, para eu escrever o que me vai nos recônditos da alma?
A resposta espreita-me, calada, num eco envolvido numa surdina risonha, mas, parecendo não reconhecer a sua própria voz. Pus as mãos na consciência e abracei-me a uma viga que teimava em soltar-se do teto da minha alma. O extraordinário acabou por me parecer natural e encontrei uma certa lógica na situação. A resposta soou límpida e vestida de afetos, devolvendo-me o sentido da realidade.
- Foram os Jogos Florais que acenderam a estrela da inspiração! Sem eles as letras que compõem as palavras, onde as ideias se entrelaçam, estariam acomodadas em penumbras de silêncio, porque não chegariam à casa da lua, nas noites de prata.
Outra pergunta aflorou na minha mente: Quem organiza os Jogos Florais? Pousei os cotovelos no tampo do tempo e observei a minha imagem refletida na polidez da memória. A imagem pareceu-me uma valsa, cujas notas ressoavam no meu cérebro causando-me uma sensação de paz. A resposta fluiu como se uma estrela cadente tivesse pousado no sorriso dos olhos maduros de esperança. Desembrulhou-se o quadro onde as aquarelas parecem bailarinas a agitar a leveza das saias de tule.
- Existem seres dotados de uma força superior, construtores da sua própria realidade pessoal, de dimensão espiritual elevada, que rumam numa adultezinterior e em permanente atualização e conhecimento. Essas pessoas promovem os Jogos Florais encontrando a essência de si mesmas, doando parte do seu saber aos outros, mergulhando as suas vidas no mundo dos afetos partilhando-os num imenso novelo de plenitude, deixando a ponta do fio para que os poetas a possam agarrar.
Os Jogos Florais são um motor impulsionador de novas descobertas e talentos que, sem eles, estariam adormecidos num encantamento que não lhes permitiria descobrir o necessário à percepção de belo que se afirma na transcendência que nos vai na alma. São livros que se abrem numa dimensão infinita, mas acessível aos que comungam o dom da escrita. São, também, um desabafo para os poetas, pedaços de almas que se dão numa gratuidade sem limites. Normalmente, essas pessoas integradas na conceção dos Jogos Florais amam os outros porque sabem amar-se a si mesmas. Têm enraizadas noções firmes de fraternidade, de amor e de esperança, que partilham de forma gratuita.
Os poetas que trazem em si o dom de uma alma reconhecida são sorrisos de abertura e tolerância enriquecendo de forma inconfundível os limites que os Jogos Florais lhes impõem. Devem agir de forma eticamente correta, apresentando a sua poesia ou outros escritos com moral, em relação ao tema ou não tema que lhes foi proposto. Assim o poeta valoriza-se e dá a conhecer o seu valor; um valor que talvez ninguém o tenha dado, antes de ele ter exposto os seus trabalhos nos Jogos Florais.
Os poetas devem reconhecem-se cada vez mais, em profundidade, evocando o melhor que existe em si, a sua melhor parte, o seu lado mais humano, mais bondoso, mais espontâneo e bonito. Têm de basear-se na sinceridade e numa união onde reine a verdadeira amizade.
Continuo a refletir sobre este assunto, caminhando sobre um tapete de poesia, onde as flores convivem, em fraterna união, umas com as outras.

«Para nós, que educamos no culto do respeito pelo Homem, tem muito valor os simples encontros que se transformam, por vezes, em festas maravilhosas»  (Saint-Exupéry)

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FEZ-SE MAGIA

A rua estava deserta.
Era noite de invernia.
Não havia porta aberta,
Nem um naco de magia.

Voavam folhas nos ares,
Envolvidas pelo vento
Na procura de lugares,
Para embalar o tormento.

Caminhei, sem ter destino,
Por caminhos e por becos,
Onde outrora fui menino,
Ouvindo o som dos meus ecos.

Andei na rua, por culto,
Sem temer os temporais,
Nessa noite, vi um vulto
Todo enrolado em jornais.

Abeirei-me sem temer,
Porque o temor me consome.
Eu tinha, mesmo, de erguer
Quem quase morria à fome.


Vi um rosto angelical
Que me pedia carinho,
Era, talvez, o sinal,
Duma luz no meu caminho.

Perfumei a sua alma
Com a distinta poção
Do âmbar, que só acalma
Quem ao corpo dá o pão.

Saída, assim, dos escolhos,
Peguei naquela criança.
Quase cegaram meus olhos,
Com seu brilho de esperança!...

E na desértica rua,
A invernia de breu
Fez-se magia. E a lua
Abriu-me as portas do céu!



           
GERCI OLIVEIRA GODOY

   SENTIDO INVERSO

Erguerei minha taça, beberei meu presente
sentirei o doce embalo dos abraços
o aroma de manás ainda não provados

erguerei minha taça

fecharei meus olhos na inútil ilusão
de esquecer copos vazios, almas sedentas de amor
no triste amanhecer de qualquer dia.


 


HILDA PERSIANI DE OLIVEIRA
Curitiba - PR

AMOR-PERFEITO

Este amor-perfeito, murcho, descorado
Pelo tempo e pelos beijos que lhe dei,
Num dia chuvoso e frio me foi dado
Pelas mãos de quem eu muito amei.

O dia era cinzento, o chão molhado,
Fitando-me com ternura ele me ofereceu,
Envolto em celofane e fio dourado,
Um amor-perfeito e o carinho seu.

Beijei a flor e guardei-a docemente
Com ternura e carinho de quem ama
E a vida foi decorrendo normalmente...

Mas o tempo que caminha acelerado,
Do nosso amor foi apagando a chama
E só restou o amor-perfeito desbotado!...




HIROKO HATADA NISHIYAMA
São Paulo, Brasil


UMA TARDE NA IGREJA

A penumbra da igreja me envolvia,  eu seria capaz de jurar que ouvi um ruflar de asas; como quando eu era menina, e o meu anjo da guarda me acompanhava, me protegia.
Faz tempo... meu anjo foi-se embora: quero encontrá-lo novamente, mas não sei onde procurá-lo.
Por quê os anjos são sempre azuis ou rosas e parecem garotos gorduchos de lindos cabelos encaracolados? Não haverá anjos pretos, marrons, amarelos ou verdes?  Talvez anjos de cabelos lisos, como se fossem um índio da selva amazônica?
E por quê anjos e não anjas?
Mas eu desconfio que o meu anjo da guarda é uma anja: abandonou-me de vez ou está fazendo birra! Talvez aquele ruflar de asas que ouvi, era ele a me reconhecer, pois há muito tempo desapareceu.
Eu nem sei mais: parece que foi ontem mamãe ensinando-me a orar, a pedir, e principalmente agradecer pelas coisas boas que vida nos dá.
Entretanto ela esqueceu-se de me ensinar quais coisas boas da vida eram essas. Ou será que fui eu que esqueci?


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PILS
I
Cadê a chuva,
Cadê o vento?
Foram embora
Levaram meu pensamento...


II
A rosa sorriu
O cravo se abriu.
A tarde caiu
E a noite... Sumiu.

III
A nuvem chorou
Na tarde sem sol.
O dia dormiu
E a lua surgiu...

IV
O pássaro foi embora
Para Pasárgada!
E o meu amor agora,
Findou-se! Não é nada!

V
No vai e vem
Das ondas do mar
Nada vejo além...
Nada tenho para cantar!

VI

A minha canção
Feita oração
Roga silente,
No silencio plangente
Um amor ausente...




HUMBERTO RODRIGUES NETO
  São Paulo – Brasil


NINGUÉM É DE NINGUÉM


A ciência que conhecemos como Sociologia, e tudo o mais que aprendemos sobre a história das civilizações comprovam que todos os países com sede de domínio sobre as nações mais pobres acabam, inexoravelmente, perdendo suas conquistas tão logo os desígnios divinos assim o determinem.

Ignoram, os seus mandatários, que as leis naturais reguladoras das relações entre os países também se acham sujeitas à supervisão  de espíritos de alta hierarquia, os quais, providencialmente, fazem ruir tais impérios territoriais ou econômicos com a mesma facilidade com que o algodão doce se derrete em  boca de criança.

O império romano, que parecia inexpugnável e abrangia quase todo o mundo conhecido esfacelou-se, nem tanto pelas guerras, mas, sobretudo, pela dissolução de costumes  e a consequente desagregação dos valores de família. A imensurável grandeza territorial de um império onde o sol nunca se punha restringe-se, hoje aos acanhados limites da Itália, um do menores países do mundo.

Com todo o seu fastígio, o colonialismo inglês, presente nos cinco continentes, soçobrou pela ânsia incontrolável  da dominação econômica de povos miseráveis, como a Índia e outros inúmeros países.

Sem que se entendesse muito bem, o extenso mapa da União Soviética, no qual ninguém ousava botar a mão começou a esboroar-se com a simples derrubada do  muro que dividia em duas a Alemanha, reduzindo a frangalhos a tão decantada cortina de ferro, de que tanto se ufanavam os soviéticos.

Quanto ao maior império econômico atual, os americanos já tiveram  dois avisos bem sugestivos da espiritualidade sobre o fato de estarem extrapolando no seu apetite quase sensual de dominação econômica dos demais povos, e também na truculenta e antipática ingerência nos assuntos internos de outros países.  A primeira foi a destruição das torres do Trade Center, pondo a nu a fragilidade  dos seus “sofisticados” sistemas de defesa. A segunda ficou patente durante o flagelo do “Katrina”, quando, sob  chuvas contínuas e torrenciais morreram  centenas de pessoas humildes, afogadas nas enchentes ou vitimadas pelo desabamento de casas.

A face cruel desse lamentável acontecimento é o fato de Bush e seus acólitos se manterem  surdos aos apelos de toda a imprensa e retardarem, propositalmente, o envio de socorros, só o fazendo quatro dias depois de serenada a tormenta. Segundo denúncias dessa mesma imprensa, o retardamento tinha por objetivo o diabólico propósito de eliminar o maior número possível de negros, que era a população predominante nos estados atingidos pela catástrofe!
   
Como não aprenderam a lição, pois professam credos dogmáticos segundo os quais vive-se apenas uma vez, o plano superior atinge-os agora no que eles têm de mais sagrado: o enfraquecimento de sua moeda, mediante a qual tencionam o domínio mundial dos mercados internacionais, obrigando-os a uma correção de rota em seus sinistros planos. E os castigaram ainda mais, colocando na presidência  do país um negro, raça pela qual os povos bretões nutrem uma ojeriza secular. Quanto à submersão de toda a costa americana do Pacífico (inclusive São Francisco) ainda são projetos a serem aplicados mais tarde pelo plano superior caso não resolvam baixar a cerviz.

É assim, prezados amigos, que a coisa funciona, no modesto entender deste leigo observador de tais fenômenos. Mas não precisamos nos assustar com tão funestos acontecimentos, os quais ainda demorarão um bom tempo até se concretizarem, podendo até  serem antecipados caso a China confirme a sua supremacia no controle mundial de todas as transações internacionais,  proeza que  os americanos não vão tolerar em hipótese alguma.

Quem viver verá!

******

IMPOSSIBILIDADE

Não vejas mal nos pobres galanteios
que eu te dirijo... Esquece-os. Considera
todos, todinhos, uma vã quimera,
não mais que uma tolice sem rodeios.

Tua mocidade de tal modo altera
meus sentimentos, meus tardios anseios,
que dá-me n´alma insólitos receios
de estar vivendo um fim de primavera.

Que ingrata sorte, mísera e covarde,
me faz supor, tão tristemente tarde,
a vida minha e a tua vida juntas!

E tantos males esse amor me há feito
que hoje o que bate dentro do meu peito
é um sino ao dobre de ilusões defuntas!



 


INÁ MELO
 Outono/1984.

SONHOS DE OUTONO



          Eis Lisboa no Outono! Não vou precisar o ano. As estações pouco se diferenciam. As almas perdidas no tempo, não. Caminho sobre um imenso tapete dourado. São folhas que caem. Algumas ficam. Outras se deixam levar pelos ventos. Assim também acontece com a mulher.

          Estou num magnífico fim de tarde, deixando que os raios do sol aqueçam o meu corpo triste e solitário. Pessoas de todas as idades passam rindo e conversando. Descompromissadas com a vida, igual a mim.

          Numa prece silenciosa agradeço ao Criador mais uma oportunidade de poder caminhar entre árvores centenárias, fontes ruidosas e lagos tranqüilos. Cisnes deslizam imponentes e elegantes.

          Ao longe, pequenos pássaros sobrevoam a paisagem num leve arrulhar de sons maviosos. O silêncio se faz presente. É como se todos respeitassem a despedida do glorioso dia. O vento desnuda as árvores e chuvas de flores derramam-se sobre mim.

          Estou coberta de orvalho. È o frio que chega. Abraço-me no aconchego protetor do meu casaco. Paro num pequeno caramanchão para descansar. De que, não sei! A vida para mim é leve, principalmente se estou feliz. Peço uma taça com o precioso líquido dos Deuses e convido-os a brindarem comigo este lindo e mágico fim de outono em algum tempo do passado.


 

IZABEL ERI CAMARGO
 Porto alegre/RS

ARTE VIBRANTE

A dança aquece e perfuma a alma
gira sol gira Terra
roda a saia bate o pé
rodopia corpo arteiro
move imaginação do poeta
vibra a caneta do escritor
natureza em festa
movimento  dançador
estrela guia dança n’água do Guaíba
vento cantador dá o ritmo
raios de esperança modificam
a vida com amor
floresce no mundo inteiro
passos do ritmo brasileiro....


 

IRAÍ VERDAN
Magé - RJ
SER ESCRITOR
25 de julho de 2013.

Ao pensar no mister
de um ser fascinante!
Conhecido em todo mundo
pelo nome de “Escritor.”
Que tem como berço
o pensamento ardoroso,
racional e coerente!
Que se aconchega livremente,
na alma de um pensador...

Vive à espera da inspiração...
Quando esta não lhe chega,
rouba o tempo,
de um outro tempo qualquer...
Para dar cordas
ao inquieto pensamento
da maneira que puder.

Destrincha as suas idéias
usando seu palavrório
pra falar de tudo,
o que dele esteja longe
ou próximo, ao seu redor.

Está sempre atento
no que vai pelo mundo:
Otimista, confiante
fala do progresso.
Fala das crenças
meio descrente,
sem mostrar sua opinião...

Com compaixão e descrença,
fala da violência...
Cheio de emoção
fala dos encontros,
e das mais belas
histórias de amor...
Mas, quando fala de si mesmo
é que ele mostra de verdade
o orgulho de ser um Escritor!


 


ILZE JUREMA SOARES
Catanduva(SP) - Brasil

O HOMEM QUE PLANTA ÁRVORES


Diz o ditado que, antes de morrer, todo homem
tem que escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore,
não necessariamente nesta ordem.
Para escrever um livro, o homem precisa ler estudar,
conhecer o assunto a tratar.
E conhecimento traz elevação espiritual.
Quem tem um filho conhece o amor incondicional,
abandona o egocentrismo, quer dar a ele o melhor.
O homem modifica seu interior para dar um bom exemplo ao filho.
E quem planta uma árvore, rega, aduba, cuida, poda...
Vê a mudinha crescer, se tornar frondosa, dar flores e frutos, sombra refrescante para os dias escaldantes!
Sente-se um pouco Criador, pois vê o fruto do seu trabalho mudar uma paisagem, tornar mais confortável um lugar.
Plantar árvores é um exercício físico e mental.
O homem se engrandece e a natureza agradece!

******

CAMINHO INCERTO

O que é certo ou errado
Nem sempre nós sabemos...
Menos ainda quando apaixonados!
Quando bate a paixão,
Certamente erraremos,
Seguindo só o coração.
O caminho, às vezes, é incerto...
E nunca sabemos, de fato, qual é o certo!


 

IVAN VAGNER MARCON
Cerquilho (SP) Brasil


PRIMAVERA ÁRABE

Floresçam
flores
folhas
pedras
terra
e mesmo alguns
espinhos.
Floresçam
dunas e passarinhos.
...
E que
floresçam homens.
Que floresça a
paz
pois toda primavera é
bem-vinda.


 

 ISABEL PAKES
 Cerquilho (SP) Brasil


IMPREGNAÇÃO

Lua crescente, estrelas mais fulgentes.
Por entre as silhuetas das árvores
um caminho de poucos passos.
No pequeno compartimento,
sobre a mesa rústica, um caderno,
uma caneta, algumas folhas soltas,
pedacinhos de papel esparramados...
Rascunhos retalhados.

Sob tímida luz, um jovem poeta escrevia.
Silêncio. Nada, nenhum som,
nenhuma presença estrangeira
àquele universo íntimo e hermético,
apenas a musa do instante,
plasmada em seu pensamento.
Inspiração e transpiração.
No ar, um odor de paixão.
Cálidas mãos, cálidos versos.
Poesia em ebulição.

Um dia, o poeta se foi dali.
O tempo passou,
o cenário se transformou, tudo mudou.
Porém, a essência da Poesia que o embebia
permanece ainda, no mesmo lugar,
recendente no ar.
Impregnação.


 

IVONE BOECHAT
 Niterói (RJ) Brasil


Sê como as flores que se levantam de madrugada para enfeitar
e alimentar a vida.
Sê como as estrelas que se revezam no Universo, bordando de luz
 o avesso do céu.
Sê como o vento: impetuoso e terno, abrindo portas, derrubando muros, abastecendo as ondas do mar, levando o perfume das flores.
Sê como o vento: impetuoso e terno, abrindo portas, derrubando muros, abastecendo as ondas do mar, levando o perfume das flores.
Sê como o Sol, cumprindo plantão diário, iluminando e aquecendo a Terra.
Sê como as andorinhas que se juntam na grandiosa caravana da paz.
Sê como os pés do profeta, feridos na batalha de chegar primeiro,
 promovendo a paz.
Sê como os rios que brotam  no mistério e cantam sobre as pedras que encontram no caminho.
Sê como a lágrima que se propõe a limpar a dor.
Sê como o sorriso da criança: ingênuo, espontâneo, puro.
Sê como as mãos que se estendem, antecipando-se ao pedido de perdão.
Sê como o amigo que nunca espera a perfeição do próximo.
Sê como a morte que surpreende a vida, arrebatando a alma à luz da eternidade

******


Eu sou o barquinho
que ninguém acreditou,
fui solta na onda feroz...
Engoli perigos,
massacrei tentações,
cuspi os desaforos
não perdi a voz...
Estendi a âncora
para fugir do inimigo,
afinei meu canto nos corais...
tomei dos anjos
asas e canções!
Acendi castiçais,
iluminei o barquinho,
não me perdi no caminho,
apesar dos vendavais!


 


ISABEL CRISTINA SILVA VARGAS
Pelotas/RS/Brasil


LONGE DOS OLHOS, MAS SEMPRE NO CORAÇÃO.


                   Costuma-se falar na síndrome do ninho vazio como um dos fatores causadores da depressão. Geralmente, acomete mulheres que estão entrando em um período, não necessariamente da terceira idade, mas de fechamento de ciclos, como aposentadoria, desligamento do mercado de trabalho, casamento dos filhos ou sua saída de casa, para estudar fora ou por ter conquistado independência financeira. É possível ocorrer por um destes fatores ou por vários deles acumulados. Quase sempre, quando nos referimos a esta síndrome o fazemos relacionando às mulheres, conhecidas por demonstrarem mais sensibilidade, serem muito apegadas aos filhos, principalmente no caso daquelas que não tiveram uma carreira profissional e, de repente, ficam viúvas coincidente à saída do(s) filho(s) de casa. Uma sensação de inutilidade e vazio se instaura. Pois bem, esta semana li um depoimento, no jornal, de um homem que se encontrava nesta mesma situação. Criou quatro filhos e ao ver as camas vazias sentiu esse sentimento que mistura melancolia, tristeza mesmo sabendo que os filhos estão bem, que ele cumpriu exemplarmente sua tarefa de educar.
E, educar, implica em criar para o mundo. Chega a hora que os filhos exercitam o voo da liberdade e por mais medo que isso possa representar para os pais não podemos tolhê-los. Identifiquei-me com ele no sentimento, na quantidade de camas que ele contava (eram quatro) e revi minha vida. Só dormia descansada após contar as quatro camas onde eles repousavam tranquilamente. Quando comprava presentes eram quatro, quando ia para férias era um incessante contar para ver se alguém não havia ficado perdido em algum lugar. Na praia então, contava sempre as quatro cabecinhas na água, para meu desespero e aborrecimento de meu marido que recebia de mim a incumbência de contar quando eu não estava olhando.

            Passei em revista um longo período de minha vida. Há quem pense que essa preocupação cessa quando eles crescem, mas depois que nascem os filhos esse cuidado é para toda a vida.

             Hoje, os homens demonstram essa mesma preocupação, esse mesmo carinho diferente de outrora, época que aos homens não era permitido chorar. Estes passaram a ser companheiros e não chefes, dividir tarefas, cuidar dos filhos desde que nascem. Trocam fraldas, dão mamadeira, cuidam na madrugada, levam ao médico, à escola, enfim, tem uma jornada dupla, igual às mulheres que tem filhos e tem atividade profissional.

            Ambos, homens e mulheres são capazes do maior amor, carinho e dedicação. E assim fazendo nos iludimos acreditando que fazendo tudo direitinho, os estamos livrando de todo mal. Antigamente, eu pensava e me preocupava, imaginando como agiria quando eles crescessem. Ainda lembro, incrédula quando nossa segunda filha casou; depois ajudamos na mudança de nossa filha mais velha quando foi morar sozinha em seu apartamento. Sem traumas maiores. Estavam a algumas quadras distantes e ao alcance de qualquer telefone. Continuaram vindo almoçar, convivíamos sempre.

       O pior é quando tragédias acontecem. Sem previsão, cruéis, inimagináveis porque fizemos tudo que podíamos e eles também. Eram ótimos filhos, amorosos, dedicados, estudiosos, todos formados em curso superior, trabalhando. 

            Éramos felizes.

              No meu caso, com três meninas e o caçula, amado por todos, o preferido como elas costumavam brincar, Bacharel em Ciência da Computação, professor de uma Instituição Federal se acidenta na saída do trabalho em um inexplicável acidente quando seu carro capota, a dor é indescritível.

            Desde então, tenho uma cama permanentemente vazia há pouco mais de três anos.

           Quando vejo uma mãe ou pai a lamentar a saída dos filhos da casa paterna ou materna, digo-lhes para não chorarem, pois eles poderão entrar a qualquer momento, abraçá-los, beijá-los, ou estão ao alcance dos celulares, do computador onde se enxergam e falam ao vivo.

          Trocaria tudo que tenho para viver por um momento como este, mas não tenho nenhuma escolha. A morte é inexorável. Sigo minha vida com aceitação e, com mais uma ausência contundente. A dor da perda foi fatal para meu marido, que trancou a dor em seu coração para me ajudar a viver e foi tomado, inesperadamente, por uma enfermidade que o levou de nós para junto de nosso menino e de Deus.


******

INVERNO

Desde que te conheci,
Apesar do frio lá fora,
Meus invernos foram aconchegantes,
Pela tua presença,
Pelo calor de tu corpo junto ao meu.
Vivemos muito juntos,
Companheiros inseparáveis,
Nas tristezas e nas alegrias.
Teu bom humor,
Tuas brincadeiras arrancavam sorrisos.
Sentirei falta do vinho, do chocolate,
Dos sonhos, das pipocas e do quentão.
Dos jantares e almoços
Que inventavas para a família
Para todos ficarem juntos,
Aquecidos pela companhia amorosa
Esta primeira noite,
Deste primeiro inverno
Sem tua companhia, teu amor,
Foi gélida e solitária na cama vazia.
A chuva fazia dupla com as lágrimas
Que bailavam ao som do vento forte
Que soprava lá fora açoitando meu coração
Que bate no compasso
De nossas mais doces recordações.


 

JOÃO BOSCO SOARES DOS SANTOS

QUE O PERDÃO E A UNIÃO FAMILIAR SUPEREM OS FATOS
QUE PODEM DESTRUIR QUALQUER AFETO.

DO LIVRO TOCATAS, e já publicado no Jornal do CEPA.

           Ser franco, inoportunamente, pode ser afrontoso, quando o que se diz é desnecessário, inconveniente, imprudente, insistente e até doente, podendo até chegar à condição de crime, comportando Ação de Reparação por danos morais. Era, na Grécia antiga, a PARRHESIA, a prática DE DIZER, DEMONSTRAR E APARECER, nos lugares onde comumente aconteciam as maiores aglomerações públicas e onde se dizia, com palavras, atitudes e gestos, TODA E QUALQUER VERDADE – doesse em quem doesse ou recebesse a culpa ou a carapuça quem o merecesse - com palavras, atitudes, atos, gestos e ações, não importando se esta verdade resultasse em denegrir, desconstituir, horrorizar ou afrontar uma ou várias pessoas, desprezando os mais moralizantes princípios da boa convivência social e sangrando as fontes de carinho e afeto que devem aquecer os belos e saudáveis laços familiares e comunitários. Esta prática era utilizadas pelos filósofos DAS ESCOLAS HEDONÍSTA E CÍNICA, das quais EPICURO DE SAMOS - ATOMISTA, FUNDADOR DO EPICURISMO, (341-270 a.C.) e DIÓGENES DE SINOPE, O CÍNICO, (registra-se entre c.400-c.25) , respectivamente, foram os maiores representantes. EPICURO vomitava duas vezes por dia, por vício-exibicionismo, e costumava escrever para mulheres de outros homens. DIÓGENES era aquele que dormia em um túnel; que andava com uma lanterna acesa em pleno dia; e que fazia xixi e outras coisas piores e mais pesadas na ÁGORA, que servia de mercado e de reunião das assembleias do povo, exatamente nas horas de maior afluência, SOMENTE PARA HORRORIZAR as pessoas, induzindo-as a acreditar.

          Era um diferente caminho filosófico para dizer qualquer verdade, somente para se exibir ou afrontar qualquer pessoa, sem qualquer necessidade, fora de hora e sem razão, ou seja, para peitá-la, asfixiá-la, ofendê-la, insultá-la, injuriá-la. E injúria, difamação e calúnia são crimes previsto na Lei Penal do hoje brasileiro. E, em conclusão, acreditemos e nos esforcemos para somente comentar um acontecimento, especialmente se familiar, se for útil, preciso, oportuno, conveniente, construtivo ou necessário para provar um fato que precisa ser provado. E, em reflexão, perguntemo-nos e explicitemos: O que é ser HEDIÔNICO? O que é ser CÍNICO? Indo-se aos vários dicionários, inclusive os editados em Portugal, os de sinônimos, os etimológicos, os de homônimos e de parônimos, encontraremos os mais terríveis e abomináveis significados, desde de injúria e difamação, que geram crimes por danos morais, a desavergonhado, impudente, descarado. CÍNICO diz respeito a CÃO, em grego; HEDONISTA pode ser aquele que se nutre do prazer de FERIR. Cínico é o que gosta de ser sem-vergonha, atrevido, devasso e sujo. Hediondo é o que é fétido, sórdido, imundo, repulsivo, cruel, monstruoso, indecente, imoral, pervertido.

          E certas fatos que talvez ninguém (além do autor do fato) tenha visto ou nem tenha acontecido ou não tenha acontecido do jeito que se imagina, ou do jeito que se ouviu dizer, ou ainda do jeito que alguém, por ignorância, por fofoquice ou mesmo por maldade, colocou no ouvido de uma ou de alguma outra pessoa, ou, ainda, temerariamente registrou em papel ou na internet, jamais deveriam ser comentads ou relembrados, principalmente, quando inoportunos, inconvenientes ou somente objetivam ridicularizar, humilhar ou ferir alguém, por algumas pitadas de inveja ou por querer justificar-se por sua própria mediocridade, preguiça ou fracasso.

          Erro todo mundo comete: por ignorância, por estupidez, por desespero, por descontrole emocional ou por diversos outros motivos, além de vingança, e muitas vezes, por motivos inteiramente infundados e imbecis.

          Também alguém pode ser vítima inocente de um acontecimento qualquer, que outro alguém tenha provocado, com ou sem culpa, ou por distração, ignorância e até por provocação irrefletida, que lhe resulte em sofrimento desastre, frustração, depressão ou decepção amorosa, familiar, estudantil, profissional ou social. Tudo isso e por isso é que certas verdades ferinas ou reabridoras de feridas não devem ser soltas; devem e precisam continuar a ser guardadas, essencialmente, quando elas não suscitam qualquer vislumbre de utilidade, melhoria ou construtividade ou são inadequadas ou podem gerar mal-estar. Por outra vertente, todos nós aprendemos que FAMÍLIA EXISTE E PRECISA CONTINUAR A EXISTIR para plantar, cultivar, produzir, aperfeiçoar, dignizar e humanizar; para cultuar, ofertar e receber o amor, o afeto, a carícia, a solidariedade, a compreensão, o respeito e a responsabilidade individualmente e coletivamente; para consolidar o somatório de todos elementos e de todas parcelas do que há de mais fraterno e humano; para ajudar profissional, econômica, espiritual e moralmente a cada um ou todos os seus membros, com preces, gestos, atitudes, palavras e ações; para estimular, sorrir e cantar as vitórias de cada um ou de todos; para superar e fazer esquecer as falhas, os erros, as imprudências, as negligências e os desastres sopesados sobre qualquer um ou sob re todos os seus membros. E que cada um dos componentes familiares precisa ter responsabilidade coletiva, ainda que não a tenha pessoalmente. Portanto, qualquer verdade que pode resultar em horripilantes e desumanos traumas pessoais, familiares ou sociais, nunca desejados, precisa permanecer bem guardada por respeito, conveniência, bom senso e sobretudo por amor. Ainda bem que “tudo passa e tudo passará porque nada do que foi será do jeito e do modo que já foi um dia”, como prega musicalmente o nosso cancioneiro, embora alguma coisa possa remanescer, como lembrança amarga ou doce, que resulte em tormento ou em alivio, porque o passado, como disse o pensador católico brasileiro, já falecido, Alceu Amoroso Lima, “não é o que passou; mas o que ficou do passado que não passou”, e aí é que nos vem o CRISTO, o filho-imagem; o filho-amor; o Deus que se humanizou para celestizar a humanidade, que continua a errar, muita vez, por não saber o que fazia o que faz nem o que ainda pode continuar a fazer de errado, de inconveniente, de inoportuno, surgindo no seio da humanidade, da história e da vida para suplicar, no seu último momento humano:

          P a i! P e r d o a i – l h e s p o r q u e n ã o s a b e m o q u e f a z e m! E o perdão, como trombetas e bênçãos de DEUS, desceu-nos do Alto, para nos conduzir a nós e a humanidade a paraísos atuais e futuros, materializando-se aqui na terra, como efetiva formatação da tríplice irmanização do amor, respeito e responsabilidade, resultante da perfeita e total união familiar, ou ao Céu da esperança espiritual inesgotável, renovável e eterna, porque o perdoar é o divino que nos toca bem dentro da alma-coração, como alento e energia, derramando-se em bondade e espalhando o envolvente perfume da paz-amor.

          E quando nos vem à lembrança de que o perdão é um dos bálsamos mais tocantes gerados no amor, pelo amor e por amor, e que nos chega como se fora um milagre, urgente se torna nos convencermos que o pedido de perdão há de ser feito ainda quando o ofendido está vivo, porque, depois de morto, é impossível haver perdão. Pode haver um alivio no arrependimento, mas não o perdão total, perfeito e completo. Assim, conclamemos: vamos nos perdoar mutuamente agora e quando for preciso porque todos nós falhamos, erramos e pecamos; porque todos nós poderemos cometer outras falhas, outras imprudências e outros erros; porque nós somos humanos, e podemos errar como Judas, que traiu cristo, o deus humanizado e que deve ter se arrependido; e como Pedro, o que negou o cristo-deus por três vezes. Vamos nos perdoar para que vivamos na mais afetuosa alegria da mais perfeita e doce convivência familiar e para que a esperança sempre comande nossas relações familiares porque a esperança é eternamente renovável e inesgotável, como o são alegria, o natal, o ano, a felicidade e a fé, sem nos esquecermos que só temos uma única vida. Vamos iniciar o 2013 isentos de mágoas, dissabores, contrariedades, desavenças e rancores, e talvez descabidos, que somente nos trazem males e pesadelos. E, por final, supliquemos com fé, na busca perene dos milagres: vamos insistir em nos ajudar, recíproca e mutuadamente, com preces, gestos, atitudes, palavras e ações, sem pensar ou exigir agradecimentos ou recompensas; vamos nos ajudar com conselhos, orientações e com ajudas econômicas, repartindo as vitórias, alegrias e o pão de cada dia, com os mais necessitados, porque, tanto o pedido como o perdão em si, continuam a ser dons celestes que alimentam e energizam a alma, o coração e a vida de todo e qualquer ser humano bom, que queira e lute para ser melhor.

******

CANUDOS

(Dos livros ‘Cantares” e “Euclides da Cunha e a Bahia”)


Canudos ainda é um grito em incontrolável terremoto,
tecido a trabalho e dores no nordestino solo da Bahia,
abusadamente fustigado, violentado e arrebentado,
por temerárias e irresponsáveis politicalhas públicas
e por erros repetidos de politicagem pequenez
de brasileiros desvairados em criminosa insensatez.

Canudos ainda é um estrepitoso brado de inconformismo
explodindo-se em espaços e tempos siderais,
reiterando que uma dedicada responsabilidade unida,
é sempre um bom caminho de construtiva paz
em justa e harmoniosa contingência vivencial,
se direcionada sempre para o essencial.

Canudos é a enérgica vibração em ondas de ansiedade,
refletidas em fios do mais reluzente e dourado sol,
mostrando a cores vivas; em transes de infinito,
a mais singela e clara lição de inquebrantável fé
a apontar-nos um bem-estar que todos queremos,
e não o temos ainda, mas em luta vivemos

Canudos é berçário de puras idéias em tempo ideal,
autêntico e típico, próprio do baiano nordeste,
em suplicante voz; em esturrado grito agreste,
em ritmo de guerra; em despedaços uivantes,
quase explodindo em grossas vozes de verdades,
as seculares carências; as cruciais necessidades.

Canudos é o desolado pranto do Brasil interno,
já bem próximo do quase incontrolável desespero,
em face do pustuloso domínio politiqueiro
próprio de oportunistas, vândalos, desordeiros,
que vivem a confundir sonhos, idéias e fadários
dos excluídos nordestinos, sempre solidários.

Canudos que bradou, ainda brada e bradará,
Ainda não morreu; não morre; não morrerá!
Porque seu palco, sementeiro de lutar e contra-lutar,
foi onde nasceu; ainda nasce e nascerá
os núcleos libertários que em lutas realizarão
o sonho, o ideal, o sentimento e a razão.

Canudos foi massacre de sonhos e sentimentos
De boas idéias sociais, irmanadas em querer.
Foi a união de crenças em blocos de esperança,
de pedestais de fé; de anseios de bonança,
desexplodindo em trovões e ventos
e em seqüentes Fhenix; em cíclicos momentos.

Canudos foi a heróica construção cristã,
Do mais primevo e cristalino cristianismo
no mais íntimo e puro abraço corpo-mente-espírito
no mais completo lutar pelo primado do perfeito.
Canudos é vendaval em forças positivas
A desencadear nascentes de sonhos, idéias e vidas...


Canudos é perenizada prece do nordestino baiano
pobre, fazendo-se em vida e desfazendo-se em lutas,
em pedaços de desejos, em restos de emoções,
direcionados sempre ao Brasil político-poder,
rogando em repetida prece, em reiterado querer,
um viver de equilíbrio; um viver de mais prazer.

Canudos é a própria vida da Bahia nordeste
abrindo-se em começo de sonho e findando-se em infinito.
É a carência aberta buscante de solidariedade,
essenciando-se no melhor; na mais sublime fraternidade.
Canudos é a vida simples carregada de afetividade,
toda feliz e construtivamente vestida de verdade

Canudos é a fé em positiva energia-crença.
Que somente quer viver em doce harmonia
E em felicidade de terra, homem e vida,
De pé, em perene e firme luta decisiva.
Canudos é simplesmente uma altiva verdade,
Dentro de um perturbado Brasil-desigualdade.

Canudos é a audaciosa e grave guerra,
Da interiorana consciência brasileira,
implorando responsabilidade e seriedade
respeito, atenção em perfil de probidade,
em andante apelo a tantos do poder,
Querendo em tranqüilidade crescer.

Canudos é o amor, em primitivo início;
A raiz, em princípio; a crença em reinação.
E tudo se surgindo em verdade pura,
Tudo crescendo em forte convulsão.
Canudos é o gesto da sertaneja gente.
Exigindo, em tudo, uma vivência crente.

Canudos é tufão de forças redivivas,
Desencadeando nascentes de idéias e vidas.
Canudos já viveu; e vive; e viverá.
Canudos somos os vivos; Canudos persistirá!

******

MEUS CANTARES 
                                                                
do livro Tocata e já publicado na Revista Cultural Artpoesia, nº 90

Vão... vão... e vão, ó Cantares,
Em deslumbres exemplares
Com magias salutares
As tristezas abater.

Espalhem por todas as gentes
De culturas diferentes
A alegria de viver.

Vão construir novos sonhos
Traçar trilhas de esperança
E transformar em criança
Os
pobres viventes bisonhos.

Vão, pérolas vagantes,
Pelos espaços avoantes,
Em missão de luz e paz.

Vão...
Em vôos de estímulos à vida,
Curando toda ferida
Que a tristeza teceu.

Vão...
Pelos espaços infinitos,
Despertando e sendo grito
De afeto, ternura e amor.

Tragam as gotas de perdão esquecidas pelo mundo
Escondidas em roldão pela estúpida ambição.
Busquem a complacência e o amor
O afeto encantador
Que a felicidade guardou
Em bilhões de corações.

E colham de toda estrela
A luz, a fé e a esperança
- que a mente humana alcança -
Isentas de toda dor.

E coloquem em todo ser
A força do bem-querer
Como centelha e flor.





JOÃO FURTADO

VI OUTROS AVÓS

Não tive avós para deles recordar
Não resistiram às secas e a fome
Onde o esforço era enorme
E a penúria não parava de matar

Sem nada e órfãos os meus pais
Para de fome também não morrerem
Num cargueiro e sem temerem
O desconhecido nem os tristes sinais…

Sem raízes nasci na terra do pão e mel
Mas também dos trabalhos forçados
E da velhice, sem nada, nem papel
Vi outros avós, sem amparo, desesperados
Vestidos de farrapos e bebendo fel
Sonhando com sonhos jamais alcançados!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_j/JOAO_FURTADO.htm

 


JANETE SALES DANY


Não foi fácil caminhar
Eu sorri e não me sorriram
Eu plantei flores e alguns as arrancaram
Eu enxuguei lágrimas e me fizeram chorar

Eu quis abraçar e muitos se afastaram
Porém quando eu olho para trás...
Percebo que tudo que eu fiz de bom aos outros
 ainda está comigo

Guardo nas minhas lembranças o meu sorriso,
As minhas flores e as lágrimas que sequei!
E só por causa disto eu sinto Deus me abraçando...

                                ******                        

MINHA VIDA SEM AMOR!
"Acróstico em Redondilhas Maiores"

Minha vida sem amor!
Inexiste e perde a cor
Navega no mar da dor
Habita sem esplendor
Aonde morre uma flor

Voa só e sem destino
Igreja que falta o sino
Dia que nunca imagino
Aonde sou o desatino!

Sou estranho predador
Eu morro e sou matador
Minha vida sem amor!

A caminho da desgraça
Meu ensejo se estilhaça
O mundo fica sem graça
Ri de mim e faz pirraça!


 

JURACI S. MARTINS
São Sepé (RS) Brasil


CULTURA E VIDA

Viver a vida
Como na Ilha de Brunel
Lá tem o Sultão
Chefe maior
Amado, querido idolatrado por seu povo.
Brunei é cidade encantada, real, vivida...
Lá tem muita riqueza... petróleo...petróleo
Ninguém paga impostos
Ninguém paga colégio
Ninguém paga remédios
É Ilha de Brunel,
Todos ganham moradias
Espaçosas, confortáveis
A bebida alcoólica é proibida
Para droga é pena de morte.
O Sultão é amado
É respeitado
E a todos dá atenção...
Não precisa de guarda-costas,
Nem de seguranças
O povo é a segurança...
É cidade de Brunei
É ilha de Brunel!

******

ARQUIVOS

Nos arquivos guardados
dentro de nós, relíquias da vivência,
traumas da existência
já desbotados.
Vitórias e fracassos
Cansaços... longa caminhada
real estrada...
Flores e espinhos
em nosso caminho se revezam.
Há frutos do amor...
Nas batalhas por vida!
Há arquivos
de sedes e fomes de paz, de atenção
de fé e carinho,
felicidade
alimentos do coração.
Há arquivos de muita coragem
nessa bagagem...
Há arquivos vazios de esperanças
de um mundo melhor...
Que pode chegar num tempo qualquer!
Sobra utopias na espera que um dia
Tudo vai ser
Como Deus quer!

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SAUDADE
18/02/2010

Saudade é sopro sem rumo,
que não dá explicação.
Saudade é marca que fica,
do algo que se perdeu
nas distâncias do então...
Saudades é chama apagada
que o vento levou nas asas,
Ficando as cinzas das brasas,
empoeirando a razão
Saudade é dor ortiva,
transpassando o coração
É japecanga cruenta
Nas presilhas da vida
Onde a alma se atormenta
Pela dor de uma ausência.
Saudade é o cheiro de alguém
Que impregnou os sentidos,
do bem viver e do amor.
Saudade é o olhar perdido,
Carregando seu mistério,
rasteando um sonho alado,
para saciar-se outra vez
Na fonte que o inebriou.
No sol que o acalentou
No perfume que exalou!



JONAS R. SANCHES

SONETO DO BEIJO DA VIDA NA MORTE

És vida plena, sorriso e primazia,
daquele acorde o beijo sustenido
e no espelho um gesto, um alarido;
e na pupila o amor então luzia.

És morte plena, prantos e sussurros
e o harpejo agora soa em mi menor,
no leito entrelaçados nesse suor;
sonhando viscerais versos esturros.

És morte, és vida, instantes siderais;
jardins tolhidos, luzes universais,
e o passo é árduo no longo caminho

que entende as vias trilhadas sozinho
além de tudo que concerne a razão;
somente deixar viver essa paixão.


JOSÉ FELDMAN
 Maringá(PR) Brasil


UM SONHO

  
Esta noite tive um sonho.

Sonhei que estávamos abraçados e nos beijando, e dizendo o quanto o nosso amor seria eterno.

Sonhei que bebíamos cervejas juntos e riamos e nos declarávamos um ao outro.

Sonhei que saíamos e íamos a shows, a parques, ou simplesmente sentávamos no meio da praça e trocávamos declarações de amor.

Sonhei que juramos eterna fidelidade de amor, e que dezenas de pessoas estavam presentes e nos parabenizavam. Você estava tão linda em seu vestido de noiva, que parecia um anjo chegando não em um Gol, mas em uma carruagem encantada.

Sonhei que brincávamos um com o outro, que apesar de nossas dificuldades financeiras, nos amávamos, e nos apoiávamos e acreditávamos em um futuro, em sonhos de uma casa só nossa e empregos melhores.

Tivemos nossas crianças que se multiplicaram, e tínhamos nossos momentos de tristeza, mas tínhamos muitos momentos de felicidade, e sempre jurávamos amor eterno.

Sonhei que viajávamos juntos, que íamos ao restaurante chinês, que viajamos para o sul, que tomávamos vinho juntos todos os finais de semana, que ouvíamos músicas juntos, que ríamos e nos apoiávamos, e jurávamos eterno amor.

Sonhei que nossos amigos eram comuns a nós dois, e nos divertíamos com eles.
Sonhei que às vezes discutíamos, mas que o nosso amor era mais importante do que a discussão, e nos amávamos e continuávamos felizes juntos.

Sonhei que eu era um dos homens mais felizes do mundo por poder compartilhar tudo com quem eu amava.

Sonhei que éramos felizes e nos amávamos.

Mas, então acordei. E, vi que tudo foi apenas um sonho, e eu estava sozinho, sem amor, sem carinho, só eu.

Foi tudo um sonho!


******

O TEMPO NÃO PÁRA

Desde quando nasci,
Dei o meu primeiro choro,
A vida se esvaindo entre os dedos
Passa tempo, passa tempo.

Chorei, engatinhei, andei
Brinquei e me diverti
Chorei, brinquei, andei
Passa tempo, passa tempo.
Fui à escola, muito estudo
Muito conhecimento para obter
Chorei, brinquei, andei, estudei
Passa tempo, passa tempo.

Trabalhei desde cedo,
Ganhei o meu dinheiro
Chorei, brinquei, andei, estudei, trabalhei,
Passa tempo, passa tempo.
Comecei a escrever versos,
Contos, poesias, trovas, crônicas
Chorei, brinquei, andei, estudei, trabalhei, escrevi
Passa tempo, passa tempo.

Mas, um dia me senti sozinho
E o sofrimento tomou conta de mim
Chorei, brinquei, andei, estudei, trabalhei, escrevi, sofri
Passa tempo, passa tempo.
Finalmente me casei,
E construí um lar feliz
Chorei, brinquei, andei, estudei, trabalhei, escrevi, sofri, sorri
Passa tempo, Passa tempo.

Durante muitos anos, sonhei
Sonhei em ser mais que um perdido na multidão.
Chorei, brinquei, andei, estudei, trabalhei, escrevi, sofri, sorri, sonhei
Passa tempo, Passa tempo.
Um dia estendi a minha mão,
Para perdidos e conhecidos do mundo,
Chorei, brinquei, andei, estudei, trabalhei, escrevi, sofri, sorri, doei.
Passa tempo, passa tempo.

Muitas mãos me ampararam
E fizeram de mim alguém
Chorei, brinquei, andei, estudei, trabalhei, escrevi, sofri, sorri, doei, vivi.
Passa tempo, Passa tempo.
Hoje sou abraçado,
Pois é se doando que se recebe,
Choro, brinco, ando, estudo, trabalho, escrevo, sofro, sorrio, dôo, vivo, agradeço.
Passa tempo, passa tempo.
Mas eu vivo todo o tempo...



 


JOSÉ HILTON ROSA
Belo Horizonte (MG)

UM NOVO SONHO

Tive um sonho
Esqueci do sono
Pedi para a noite
Não assustar
Levantei sem saber à hora
Queria relembrar a história
Saber a verdade
Até esqueci a idade

Parei para pensar
Tentei resgatar
A história
Tudo parece uma gloria
O brasileiro despertou
Bem alto gritou
Alguns ouviram
Outros continuaram na sinecura
Sonhei com a cura






LUIZ DE CARVALHO PÁDUA


MEU CANTINHO

Sou rico, um  milionário
Tenho meu espaço o meu cantinho
Ele não é grande, pelo contrário
Bem pequenininho
No meu cantinho tenho tudo que preciso
Ele é só meu, sou único dono
Na vida é tudo que posso ter
Sou dono de toda a bagunça existente
Fragmentos de papel com poemas inacabados
Até a enferrujada máquina de escrever.

Boa bebida também não falta, é evidente
Na verdade tudo aqui é anarquizado
Mas tudo no cantinho é expoente
Mesmo sendo desordenado
Encontro tudo que procuro
Debaixo da papelada até no escuro
Às vezes em alguma gaveta bagunçada
Dentro de algum livro esquecido
No meio dos bagulhos em qualquer lugar
Ou mesmo pelo chão caído
Em qualquer buraco deve estar.

Do meu cantinho me comunico com o mundo
Onde busco o conforto e a verdadeira paz
Que a felicidade sempre traz com gratidão
Nas noites frias de inverno
Ou nas noites quentes de verão

Do meu cantinho busco me inspirar
Sem sufocar o coração
Ou exaurir minhas forças
Nem chegar à exaustão

Do meu cantinho
Vejo os campos florir
O tempo passar
A criança chorar
O  mundo sorrir
E a chuva cair.

Tendo tudo isso á mão
Querer algo mais é mesquinho
Por tudo isso sou um  milionário
Sou dono do Meu Cantinho.

******

ATÉ BREVE AMOR

Era noite.
 Nós, você e eu tínhamos o mundo inteiro aos nossos pés.
Um mundo encantado cheio de sombras,
Iluminado apenas pelo luar.

Você em meus braços entre apaixonados beijos.
Seus lábios cheios colavam-se ardentemente aos meus.
Sentia-me vivo e forte porque
Estávamos amando contentes e felizes.

Deixamos que o sonho nos levasse num encantamento sem fim.
Parecia que nós dois, à noite, as estrelas e a Lua
Formávamos um único ser estreitamente unidos.
Até que as estrelas foram-se empalidecendo no céu,

As sombras iam-se desaparecendo.
Nenhum de nós tinha coragem para se despedir.
Tomei a iniciativa   e   murmurei um  adeus  pesaroso
Com um apaixonante e úmido beijo.

Com os olhos lacrimejantes você beijou-me os lábios
Murmurando quase num cochicho:
Até breve, amor.


 


LÚCIO REIS
Belém do Pará - Brasil

O DESPERTAR


O organismo já não sabia como conseguir ou, onde ir buscar energias que o levasse ao encontro de soluções para os males que há muito lhe afligia e, cada dia que amanhecia os prognósticos médicos estampados nas fichas e prontuários do paciente lançados nos veículos de comunicação,  sempre atestavam estar o mesmo moribundo e cada vez mais faltando-lhe o oxigênio dos bons costumes, da lisura, e dos procedimentos condizentes com a moral e a honestidade.

Depois de muitas décadas o hospital, no qual o paciente se encontrava, fora dirigido por médicos e quando uma crise mais aguda se lhe acometeu, foi ele internado num CTI e os profissionais do Centro, cumpriam um ritual diferente, pois seus jalecos não tinham a alvura da brancura, mas a cor da esperança de uma nova vida, viva no verde oliva de suas vestes.

Eram profissionais competentes porem, intransigentes quanto a aplicação da dose medicamentosa, pois no afã de salvar o interno aplicavam comprimidos ou injeções em doses desproporcionais e provocaram insatisfações em alguns parentes do paciente, apesar de que, foram esses mesmos parentes a pugnarem para que o ente querido fosse atendido e recebesse tratamento profissional urgente, pois seu estado de choque e de estar a um passo da falência múltipla de seus órgãos era uma realidade.

Foram mais de duas décadas de internação e vários intervenções que buscavam a cura e o fortalecimento do jovem, pois se considerado alguns séculos de sua vida, era ainda um rebelde e atrevido adolescente, cheio de costumes deploráveis e que lhe atribuíam a pecha de um cara do jeitinho. Descumpridor dos regulamentos, dos bons costumes e praticante do esporte que dizem ser denominado o esporte rei. E por essa veia de ação, lá, cada um é expert em armação, dribles e outras milongas na arena de atuação.

O paciente foi curado e já podia sair do CTI e ir à via pública sem problema, pois agora passara aos cuidados de uma turma que, no trajar mostrava o colarinho bem branco, corte impecável no paletó e a gravata sofisticada e de griffe diferenciada e assim, foi iniciada uma outra e nova caminhada.

O ex - paciente ovacionado em palanques com pedidos de liberdade ampla, geral e irrestrita, deliberou em mudar sua feição e a trilhar pela ampla estrada que denominará democracia, onde o sol da liberdade raiava quer chovesse ou não e por tanto, todo dia.

O tempo avançava e pelas circunstancias muitos daqueles que o foram visitar em seu leito de tratamento, por suas reações, passaram a apresentar alguns sintomas estranhos e um dos primeiros a sucumbir, antes mesmo de mostrar ao jovem as lições que iria implementar, foi um mineiro que adquiriu estranhamente um problema intestinal e que segundo publicaram se chamava diverticulite que, inicialmente poderia até conduzir ao entendimento de diversão mas, quando lhe acrescentaram a terminação “ticulite” o velhinho não resistiu e sucumbiu as vésperas de inaugurar uma nova era.

Em seu lugar, para a mão do jovem segurar e guiar, foi definido um cara esquisito com um bigodão estranho e que, com um fardão diferente e varinha na mão queria domar maribondos que ele dizia serem de fogo, ou estarem de fogo, pois com os insetos ele aprendeu a quase afogar o jovem, sob um descontrole do gastar com aquisição de bem estar para os seus e deixando-o sob uma pressão astronômica e econômica de mais de 84% mês.

Não quiseram mais o dono dos maribondos e colocaram em seu lugar um jovem para tratar do jovem. Aí, a vaca, a cabra, o boi e a galinha foram todos para o brejo, cantando: moro num país tropical abençoado por Deus. Megalomaníaco queria brincar de submarino, avião a jato e outras estripulias inconseqüentes e assim tornou-se um péssimo exemplo e ficou constatado quando ganhou de presente o que era incompatível com sua situação de protetor do jovem.

Colocaram-no olho da rua, fora da casa do jovem, construída no planalto central, onde tem uma granja considerada do torto, não sei por que, mas que tortuosidade muito por lá há e, que dizem chamar-se até Brasília.

Outros vieram zelar pelo jovem moleque, mas nenhum com a determinação efetiva e afetiva de transformar o menino num adulto capaz, com identidade de seriedade e com nome louvável perante seus amigos e colegas de outras bandeiras. Sempre colocaram como prioridade seus bolsos, suas cuecas, suas contas bancárias, seus sapatos, seus filhos, as benesses advindas das riquezas do jovem.

Deram-lhe uma cartilha em 1988 para que ele a estudasse e assim pudesse se transformar num rapaz sério, zeloso, educado, e espelho exemplar a toda sua vizinhança e demais amigos  e desta forma, respeitador dos direitos de todos. Ledo engano, não funcionou e nem os responsáveis por sua criação seguiram-na e a cada descumprimento, foram tornando o moleque em inconseqüente e irresponsável em suas ações.

A situação chegou ao estagio crítico quando, colocaram nas mãos de quem era e possivelmente ainda é, contumaz praticante do esporte erguer e entornar copo de água ardente na goela e este passou oito anos levando o menino à escola, mas quando muitos parentes imaginavam, não todos, que ele prestava orientação legal, ética e dos bons costumes, descobriram que, com ações que julgavam serem úteis para a formação do jovem, enganaram-se redondamente, pois junto a esse orientador cuja peculiaridade era as 19 unhas, garanhão estúpido e sem noção do que é o mínimo respeito com instituição soube-se também que ele e mais umas dezenas de sem pudor e sem caráter, criaram uma organização denominada de mensalão e que, com ela dilapidaram as riquezas do menino, que só não ficou a pão e água porque tem muita reserva a queimar.

Mas o “garanhão de Garanhuns” jogo de palavras tal como usavam em outras plagas, assim como o termo “poderoso chefão” consegui ludibriar a massa cega e desorientada que o jovem tem como membros de sua família, que é, na verdade bem extensa. E assim, indicou para seu lugar uma amiga com a qual brincava de democracia e administrar os pertences do jovem e assim ela se tornou a primeira mulher a zelar pelo futuro e o destino do menino, como se fora uma tia, termo muito comum pela terra do moleque.

Ela tem um passado feroz e de guerra. É verdade também que quando jovem em suas brincadeiras de roda, de boneca, de pega ladrão, de guerra com fuzil, ou assalto a diligencia bancária ou do xerife rico, não era com estilingue que se divertiam e nem com arapuca para apanhar columbiformes, mas sim, com uns bombons que quando davam de encontro ao corpo de alguém, este simultaneamente caia morto e sem faz de conta. Assim  como as bonecas de brincadeira infantil que tem vários nomes, ela e seus coleguinhas também tinham mais de um nome e ora ela era Wanda, em outra era Estela, em outra era Patrícia ou Luiza.

Mesmo a despeito do seu passado e de sua ficha, muitos vizinhos moradores perto da casa do jovem e até mesmo na sua cidade, ignoram o passado dela e para disfarçar o que lhe mancha a história, o mágico de 19 dedos lhe atribuiu um carinhoso título e que envolve a maternal criação com o amamentar ilusões, esperanças no seio de uma extremada matriarca que, para os mais humildes e dependentes de bens sociais, foi apresentada como mão do PAC sigla para um proceder que diz ser programa de aceleração do crescimento
.
Acelerou sim a insatisfação, o desaparecimento miraculoso do erário pelos mais variados meios de desvios e assim os verdadeiros amigos do jovem, foram tomando pé da real situação, da enorme enganação, da covarde traição e tudo isso os fez relembrar uma brincadeira de crianças e do passado não tão distante e que, com tinta verde e amarelo com as quais pintavam a cara, tipo índios pele vermelha, quando em grande aglomeração e concentração foram às praças e nas rodas gigantes e em outros brinquedos, cantam uma cantiga fora color, fora co- lor e assim expulsaram aquele menino traquino e mal criado de uma família bem complicada e, talvez copiando aquela distração, colocaram a convocação em seus brinquedos eletrônicos e que, os conecta em tempo real e instantâneo e assim formaram uma trupe agitada, confiante, empolgada e acreditando de que a brincadeira de mal gosto da tia e seus parceiros, está na hora de acabar.

O menino tem tido quase que convulsões, pois a temperatura aumentou, a febre de protestos é diária e em grandes proporções. A tia e a outrora mãe do PAC e seus camaradas mais íntimos e próximos, inicialmente pensaram e acreditaram que tudo não passava de mais uma brincadeira inconseqüente e que, todos estariam anestesiados pela empolgação da brincadeira de futebol, que denominaram copa das confederações. Mas, quando num campo de pelada, um amigo da tia, quis dar um puxão de orelhas na meninada, foi ovacionado com estupenda vaia, a qual se estendeu e alcançou também a tia que não vaiava ninguém com uuuuuuuu brincava mesmo era  com fuzil, mas naquele momento quase se engasga com a própria língua.

Ante essa situação real e séria, ela iniciou procedimentos para que a febre do menino baixe, e tenta colocar umas regras para que seus colegas não sujem tanto o muro da casa do jovem e nem pixem a moral e os bons costumes com seus atos de bandidos.

Todos guardam a esperança de alguma mudança para que o jovem consiga adquirir a maioridade com seriedade, honestidade e com nome respeitado perante as comunidades em que possa ser apresentado e esses péssimos elementos sejam banidos definitivamente da existência desse jovem irrequieto e valoroso que vai despertar, despontar e que se chama Brasil da Esperança Amém.

(Esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com alguém é mera consciência)




LEOMÁRIA MENDES SOBRINHO
Salvador

NAS ENTRELINHAS
25/01/2013
Piso nas entrelinhas dos meus passos.
Reflito muitos momentos e fatos.
Deito-me então nessas marcas,
Onde o chão com o tempo descarta
Com chuvas, poeiras ou trombadas.
Vestígios que o homem desmata.
Nas entrelinhas da memória,
Penso primeiro na vitória.
Aperto o meu peito com as mãos.
Prefiro um livro aquecer
No calor dos meus órgãos sãos.
Assim minha história posso rever.


******

UMA PAIXÃO
26/08/2012

Miguel Hernàndez gritou desesperado a lutar
Criações líricas silenciosas como uma arma
Que deflagra bala de integridade a doar
Contribuições para a Civil Guerra onde Cuba não cala.
Trabalhou à exaustão,
Pois usou tanto a sua razão
Quanto sentiu em seu coração
O empenho de sua determinação.
Foi voluntário, adoeceu e foi preso.
Valente, ideólogo, político e poeta.
Serviu à Espanha, ao seu ego confesso.
Mais teve a paixão pela poesia como principal meta.

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SÃO CRIANÇAS

Gritando palavras de altivez,
Onde se requer limites,
Impondo tons de nitidez
São crianças em meios tristes.

Aos livres ambientes ilimitados
Pelas questões de seguranças reais
Envolvem-se em brincadeiras, atos
Onde os risos são ouvidos mais altos.

Inquieta ela corre, pergunta e rir,
Senta, levanta, mexe, sai do lugar,
Faz bagunça e festa sem querer partir.

Briga, pirraça e pode até chorar.
Abraça, aconselha, consola a sorrir.
Esquece e a vida aprende a amar.


Leomária Mendes Sobrinho

 


LILIAN ANDRADE

À MARGEM DO SÉCULO

       Despindo as vestes da matéria, me encontro vagando nas tênues fragmentações das longínquas lembranças. Nelas, estão contidas o dissabor das ilusões que degustei no amargo cálice das aparências, e conduzida por esse tirano do espírito, todo o meu raciocínio perambulou na efemeridade de teu ser. E ainda que a vida mundana dissipe as agruras, não aquieta os gritos emudecidos de outrora, e aprisionando minha alma, liberta, contudo, o vulnerável corpo dos anseios das emoções terrenas, pois nestas, calei meu pranto ao deparar com a doce violência que a tua voz emitia em meus pensamentos.

         Crendo que o século dissolve rancores, neutraliza a ira e cura a dor, me vejo ainda enclausurada, e indo para além de mim mesma, conduzo meu íntimo mais profundo à procura da elevação perene de meu ser ao encontro do seu. E mesmo que o tempo promulgue uma sentença natural de dissolver os prazeres substanciais, tem deveras a ação de relevar a perturbação do meu espírito a partir das lembranças mais remotas da “eternização”, do efêmero momento vivido, sob o cume do mais caro dos sentimentos: o amor.

         Ao deitar a pena no pergaminho uma brusca palidez invade minha face. As palavras trêmulas tomam forma de despedida. Quisera poder fotografar o som dos pássaros noturnos, que sobrevoam as madrugadas frias, para então poder retratar com maior nitidez a presença de teu ser embrenhado nos confusos pensamentos que me contradizem. Emudecida, cerro os olhos diante de uma postura indiferente, e, ainda assim alcanço tuas mãos e revejo o toque superficial de uma miragem mórbida pairando em meus devaneios.

        No pergaminho, te vejo contrastar com a arquitetura romântica e gótica de nosso tempo de vivência, ouço as tuas ironias e regojizo a tua fama, compreendendo que a tua intolerância não significou disseminação aleatória de conceitos pré-determinados, nem tampouco afrouxamento de ideais, mas o fortalecimento convicto de sua erudição e crença evidenciadas em suas oratórias, as quais eram o reflexo de sua imagem carnal e de seu vulto espiritual. Revejo em minhas lembranças, o cenário de tua retórica e de suas árduas calamidades. E ao recordar a tua biografia, me convenço ainda mais que o teu ser foi inundado de sabedoria, pondo confuso todos os sábios de seu tempo, e, de meu tempo, não deixando ser persuadido por aqueles que te perseguiam sem clemência.

         Castelos, igrejas e mosteiros contornavam a paisagem das tardes gélidas de outono, e eu ouvia a tua retórica… A tua sátira me fazia te compreender e a tua lógica fundamentava o teu espírito no meu. Nem mesmo o teu preceptor anulou suas preleções, cujas sedutoras e brilhantes heresias inquietavam os mais prepotentes dos sábios, a tal maneira que despertou a ira daqueles que não conseguiam te acompanhar na grandiosidade de seu saber.

         Já te confundi com escrotos, com mentes superficiais, e quando ouvi as badaladas dos sinos das catedrais, recobrei a consciência de que nós éramos católicos, apenas católicos, e que a profunda teologia que determina a veracidade dos dogmas cristãos estava presente em ti. 
         O reflexo da religiosidade daquela gente era o desprezo ao profano, e o sentido de tuas retóricas era satirizar a mediocridade daqueles que profanavam a Deus, em nome de Deus. Contudo, teus discípulos expandiam em teu redor, e a tua aparência contradizia a tua atuação de professor. E foi assim que te reconheci outra vez, e te vi “em sua solidão, suspirar, chorar e se consumir, pronunciando o caro nome da amada” 
         Descansando, agora, o tinteiro, sugo as lembranças de outrora, perdidas à margem do século, e ao cair no esquecimento mundano, retrato a tua face reverenciando a tua imagem de filósofo e amante.
         E deitando a pena sobre o pergaminho cerro assim as páginas da tua história, recordando o tempo de suas preleções, e guardando comigo as tuas calamidades, gravadas no velino de minha alma...





LUZIA STELLA D. C. DE SOUZA E MELLO
Ribeirão Preto (SP) Brasil

DIVAGANDO PELA NOITE

         Ouço os sons que vem da noite, quando as estrelas, despertas, jogam sua luz sobre o silêncio das casas.

            Sinto a vibração da lua, majestosa, reinando no espaço envolto em mistérios, protetora dos insones e dos enamorados.

            O mundo gira, seguindo sua rota pela imensidão, dando-nos, com seus limites, as seqüentes estações, fazendo florir a primavera, provendo nossos frutos do doce sabor do outono. Também nos leva ao calor da confiança, da aventura, a lançar-nos, arrojados a conquistar os maiores valores... Para, logo depois, ao frio da paciência, do descanso, do equilíbrio, e da esperança...

            Há uma música nessa experiência toda, notas soltas que trafegam pelas nossas memórias, pelos nossos anseios, embalando nossos sonhos, aplacando nossas dores, sublimando nossa entrega!...

            E o mundo inteiro dorme!!!

            Mas, nossa alma, sedenta de amor, viaja confiante, segura nessa certeza, na compreensão, mesmo que imatura, há uma confiança no que é divino, no que é real e vive em nosso imaginário: a Eternidade!

            Esperança, sopro que nos sustenta, que nos encoraja a seguir, a aceitar sem temer, que o tempo é célere, mas a vida dá tempo, dá espaço, dá fé!

            Mergulhe, então, na noite, solte-se no espaço, no seu sono prometedor.
            Deixe-se embalar ao som da Natureza, no ritmo profundo, solitário e deslumbrante da noite. Levite, solte o melhor de si, espraie-se espargindo as energias gloriosas que o céu lhe apresenta como coberta! Orvalhe-se nessa aura amorosa da Natureza!

            Seja como a água, plácida, sempre indo em frente, sem perguntas, sem queixumes, sem dúvidas, só seguindo...

            A Natureza é sábia, você é parte dela, e segue na corrente do amor!

            Segue para a grande Luz!

******

FELICIDADE

A felicidade é feita de pedaços.
É um doce, um confeito,
Um bolo bem feito
Enfeitado com laços,
Com muitas fitas coloridas
A embelezar nossa vida...
É uma lembrança querida,
Uma saudade teimosa,
Um sentimento gostoso,
È um relâmpago qualquer...
Réstias de luz que esfumaça
A refletir  na vidraça
Um sonho que a gente quer!...
É sombra de um sonho bom,
Que passa muito ligeiro,
Deixando o universo inteiro
Enchendo o coração,
Acalmando a emoção...
É vinho, que brilha numa taça...
É mel, é tanta doçura,
É um instante de ternura...
Pedaço da eternidade!
Felicidade é flor desabrochada
Em dia de calor...
Vibrante e perfumada,
Que numa mão espalmada
Acalma todo temor...
Felicidade, na vida,
É momento de elevação,
É encher o coração
Reconhecer a Esperança,
Que recebemos de herança,
Que é da vida a razão,
Com o divino Prazer:
Essa bendita emoção
De sentir o sol  nascer!!!



 

LUIZ ANTONIO SOUTO
Cerquilho(SP)  Brasil

 ERA UMA VEZ A SAUDADE
23.07.2013

Era uma vez uma saudade...

Assim começam... Era uma vez...
Todas as histórias,... Ora vejam vocês...
A minha também começa assim:
Era uma vez uma saudade:
E pelo adiantado de minha idade,
Vivi um começo, mas viverei um fim?

O que eu lembro de minha vida
Lá dentro de mim, bem escondida
É tudo tão difuso, distante...
O que eu vivi teria sido verdade?
Me recordo só de felicidade
Então, porque a dúvida neste instante?

Talvez tudo foi só um sonho, não sei!
Será que nada daquilo vivi, só sonhei?
Mas então foi um sonho muito real
Tanta beleza, tudo em cores eu vi
Teus abraços, teus beijos, teu perfume senti
Foi mesmo algo muito especial.

O que foi que aconteceu?
Porque foi que você desapareceu?
Ninguém sabe me explicar...
Só me resta à certeza que morrerei
Sem saber se sonhei
Ou se vivi só a te amar!!!

Luiz Antonio Souto

 

LUIZ CARLOS MARTINI
Restinga Seca (RS) Brasil

VIAGEM DESCOMEDIDA

Dor extrema, nosso sonho se desfez
Por insensatez na recurva da marcha
De algo que o tempo diluiu outra vez
Num céu sem estrelas, nada talvez

São lágrimas de uma despedida
Muitas fugidas dos olhos meus
De ardor, em coração sem guarida
Num gelo de viagem descomedida

Agora, procuro sair dessa cava
Que forjava, ó destino cruel!
De amor que o ciúme alijava
Num adeus, extenuado findava


******


ÓCULOS PERDIDOS


Carrego algumas frustrações. Não são grandes decepções, mas alguns itens que ainda não aconteceram. Por exemplo, encontrar uma urna funerária indígena.

Não em museu, mas direto, na terra mesmo. Como diz o padre Vicente Pillon:

“Num cerrito ou sítio arqueológico, onde há terra preta, é sinal da presença dos silvícolas no passado”. Cursar História, reestudar a humanidade para entender o presente. Não foi possível. Valeram os semestres em Estudos Sociais e Direito.

Excelentes aprendizados em todas as cadeiras... ter convivido um pouco mais com o pai... ou, até mesmo, assistir o flagrante da queda de uma árvore, não forçada por machado, motosserra ou vento de 100 km por hora, mas simplesmente quedar pela idade. Não que eu seja contra a natureza, pois já plantei tanta árvore e preservei outras! Mereço o desejo. E que se realizou.

Nas primeiras horas do dia cheguei à casa do colega de trabalho e parei do outro lado da rua. Fiquei observando o momento que ele abriria a porta. O tempo passou e eu olhando. De repente a árvore, rente ao muro, começou a cair lentamente (Gerôôônimo!), silenciosa, até que ficou estendida ao lado da casa.

Nada de vento, nada. Não provocou estragos em fios ou na parede, simplesmente deitou como se fosse tirar um sono. Na hora pensei: “Realizei um sonho, por mais idiota que seja”.

O amigo não apareceu. Segui meu rumo, direto para o trabalho. O colega havia chegado e estava firme no seu posto. Não falei nada da árvore. Notei a falta dos meus óculos. Procurei com alguém, mas ninguém tinha um reserva pra quebrar o galho. Teria que retornar para casa. Fui à garagem da empresa e os carros não estavam. Um bom trecho para caminhar. Neste momento tive uma ideia: falei da queda da árvore para o amigo como forma dele se interessar em averiguar e, é claro, me dar uma caroninha. Não acreditou e lá me fui, rumo a casa, a pé, buscar meus óculos.

O mundo é feito de realizações de todas as proporções, mas no conjunto da obra, há muitas decepções, de diversos tamanhos, pois todos nós, em algum momento da vida, experimentamos algum tipo de frustração, grandes ou pequenas, de todos os tamanhos. O importante é não perder de vista que libertar-se da frustração exige uma atitude de nossa parte, caso contrário nos tornarmos amargos, mal-humorados e incapazes de usufruir os bons momentos da vida com, ou sem, os óculos!!!



LEANDRO FLORES
Cidadade Condeúba

ALGO BOM ESTÁ PARA ACONTECER

Às vezes, tenho a sensação de que ALGO DE MUITO BOM ainda está por vir em minha vida.

Não sei o quê, nem quando isso vai acontecer, mas tenho a plena convicção de que alguma coisa muito boa já está reservada, empacotada, endereçada, diretamente à minha vida e que tenho apenas que ir buscar no lugar certo, na hora certa...

E cá entre nós: estou mesmo precisando viu...

Um novo amor, daqueles de final de novela, um emprego dos sonhos que me traga estabilidade financeira, um cantinho só meu, um passeio ao Rio de Janeiro, tirar minha carteira de motorista, fazer uma faculdade, comprar um carro novo, escrever um monte de livros, ser reconhecido, sei lá, são tantas coisas que desejo que assim fica até difícil saber o que eu realmente quero ou preciso, nesse momento.

Também, a vida não tem sido muito generosa comigo, viu. Tenho enfrentado fases muito difíceis ultimamente, a ponto de até, pensar em desistir.  Juro que dar vontade de jogar tudo para o alto e recomeçar de novo em um outro lugar diferente, seguir outras direções ou quem sabe até retornar do mesmo lugar de onde partir!

Mas acontece que não sou desses que desistem fácil de um determinado objetivo. Para mim, uma luta só vale a pena se tiver condição de levá-la ao final, até o último round, de preferência. Mas não escondo o meu medo de está fazendo (ou ter feito) tudo errado. De nadar, nadar e nadar, depois, morrer afogado, decepcionado na praia, sem força, com aquela sensação miserável de quem diz “o que é que eu vim mesmo fazer aqui?”

Vivo sempre me perguntando: até onde vai um sonho ou a vontade de realizar certas necessidades?

Mas se a vida é mesmo um tiro no escuro, como alguém já disse, então, vou ser o primeiro a puxar o gatilho, só mesmo para garantir a minha sobrevivência. Pá, pá, pá!!!! Há tanta coisa para conquistar que nem sei por onde começar direito,  então eu atiro. Já me acertaram demais às escuras. Já fui baleado diversas vezes, por está frente ao alvo, sem coragem de atirar. Agora é tudo ou nada.

Esses inimigos precisam ser combatidos antes de prosseguir rumo a minha vitória.

A realidade me consome a cada dia que passa. Tenho vontade de abraçar o mundo inteirinho de uma só vez, depois, jogar tudo no chão e catar somente os caquinhos que me interessam. Tenho pressa de conseguir o que quero logo de uma só vez, e é ai que descubro minhas fragilidades, sou pequeno demais diante dos meus próprios sonhos.

Sei que cada coisa tem seu tempo, e ninguém é superior a isso.

Por enquanto, vou deixando a vida me levar devagarzinho. Entro no barco e me atiro no rio. Sem medo, sem pressa.

Deixo o barco correr, sem me preocupar muito aonde vou parar, quem ou quê, vou encontrar pelo caminho, pois acredito que quem está na direção é o maior marinheiro de todos, é quem tem me trazido até aqui. É quem se preocupa comigo. Ele sabe de tudo. Sabe do caminho, sabe do que preciso, do que é melhor para mim. Por isso confio. Que ele me guie, então, em direção aquele lago tranqüilo e silencioso que se chama felicidade.

Peço a ele apenas saúde e força para continuar seguindo em diante e assim, vou sonhando com dias melhores, bem distante de tudo e de todos que me faziam bem. Até mesmo da minha felicidade, que antes era tão próxima a mim, agora vive longe... Bem longe!!

E sem saber, ou me dando conta, vou vivendo. O tempo vai passando e tudo que eu deixo é apenas poesia e a esperança de que no final, tudo dê certo. Do jeitinho que quero, do jeitinho que espero.


                                                                           ******
                                                               

                                                                    VERNIZ SOCIAL

O Sertão ferve,
A água evapora.
O sol castiga,
A seca intriga
E cada dia mais,
A situação piora...
Estamos à mercê das injustiças sociais,
De autoridades incompetentes,
E de políticas insubstanciais.

Qual seria a solução?
Bolsa estiagem, caminhões pipas,
Não resolvem os problemas da seca.
Apenas viciam a população.
Mantendo um ciclo social
De ignorância e submissão,
Onde o voto
É a principal arma de pretensão.

É preciso ter um planejamento estratégico
De longo prazo que defina melhor a situação,
Educar o homem no campo
E promover sustentabilidade,
Talvez seja uma solução!
Só queremos ter a dignidade,
De continuar vivendo sem caridade,
Aqui em nosso sertão.

Leandro Flores 


MALUDE MACIEL
Membro da ACACCIL
Caruaru – PE.

INCENTIVO AOS JOVENS

          Aconteceu, no Shopping Center Caruaru, um interessante Festival de Poesia sob a coordenação do Prof. Luiz Carlos. Fui convidada a participar como jurada, na banca examinadora e para mim foi uma grande satisfação, pois, além de recordar os tempos idos dos anos 60, quando também participei, como estes adolescentes de hoje, defendendo o meu Colégio Sagrado Coração verifiquei, in loco, o entusiasmo e a participação da estudantada naquele evento por puro amor.

          Nós, adultos, temos a velha mania de pensar que os jovens de hoje são diferentes demais. Costumamos achar que, atualmente, não há muito interesse por poesias, músicas, escritos, artes em geral, que a garotada não quer mais nada com o intelectual e talvez só goste de futilidades, direcionando seu pensamento para vaidades e sexo, no entanto, foi muito bom constatar que afinal: “o ideal que tanto nos acalentou renascerá em outros corações...”

          O concurso foi extensivo a todos os educandários tanto da cidade como das redondezas e o tema era livre, aparecendo então as mais diversas expressões, por isso mesmo tivemos muita dificuldade em escolher, com justiça, aquele que consideramos realmente melhor. Havia trabalhos muito bons e dignos de elogios e prêmios, porém, pela regra do jogo, tínhamos obrigação de classificar apenas três, o que fizemos, com vontade de incentivar muito mais aquela turma tão esforçada, dedicada, vibrante, cheia de vontade e principalmente talentosa.

          Inclusive eles também declamavam lá na frente, defendendo, com garra, sua criação, pois, sabe-se que uma boa interpretação dar vida e faz toda diferença, sendo mais um talento a desenvolver.

          Gostaria imensamente de incentivar mais esses novatos convidando-os a participar sempre desses concursos, inclusive divulgando mais, pois, embora o evento tenha se processado na área aberta do Shopping, bem à vista dos transeuntes, (que paravam e prestavam atenção, formando uma platéia à parte) sabemos que, somente pelos meios de comunicação de massa, da imprensa falada e escrita é que os acontecimentos ficam registrados e realmente são divulgados atingindo os recantos inimagináveis...

          Com os parabéns, não somente a vencedora, mas todos que participaram e empreenderam esse acontecimento, ficando mais do que provado que o jovem precisa mesmo é de bons exemplos, apoio, oportunidades e incentivo para deixar fluir todo seu potencial e superar a nós outros que tentamos semear essas sementes tão benfazejas. Continuemos, pois, com essas boas iniciativas porque caminhar é preciso... e, como sabemos: “ uns plantam, outros adubam, mas só Deus faz crescer”.


******


MALES DAS METRÓPOLES

Alguns habitantes preferiam que Caruaru não houvesse crescido tanto nem tão rapidamente pelo fato de que as “grandes cidades” padecem de inúmeras dificuldades como: trânsito caótico, falta de estacionamentos e estrutura geral, poluição, criminalidade, etc. sendo a insegurança a maior mazela. Mas, essa situação não é “privilégio” das metrópoles brasileiras. Infelizmente, até pequenos povoados são afetados.

A violência tem se tornado rotina na Terra de Vitalino. Só nesta semana ocorreram fatos delituosos, como sequestros, roubos de automóveis e pertences, contra familiares e amigos que nos deixaram cabisbaixos e perplexos. Será que é o ônus que temos que pagar pelo desenvolvimento? Não podemos nos conformar que essa teoria.

Chega a parecer “normal” se estacionar o veículo e ser abordado por meliantes que, dão ordens, apontam armas e levam a vítima ameaçada e indefesa, sofrendo toda espécie de constrangimento e traumas. Ainda ficando satisfeita se tiver a sorte de escapar sã e salva.

As queixas são registradas nas delegacias de roubos e furtos, mas pouco se faz, pois não há soluções imediatas nem concretas que tragam um lenitivo ao prejudicado, devido à alta demanda de ocorrências sem reforço policial à altura para ir de encontro à bandidagem.

O cidadão vive amedrontado, (dentro ou fora de casa), sujeito a toda espécie de covardia, à mercê dos bandidos que circulam impunes e livremente tramando e executando suas façanhas criminosas. O problema se espalha como uma epidemia, ultrapassando barreiras e fronteiras e urge um combate sério e contínuo. Paliativos não funcionam.

Antes do desarmamento os assaltantes suspeitavam que o indivíduo reagisse em legítima defesa, e isso causava receio, mas agora, se sentem à vontade, como donos do mundo. Até agentes de segurança de entidades e vigilantes, ficam sem defesa e os malfeitores armados, drogados e dispostos a tudo. Assim, a Lei protege o crime em detrimento do cidadão de bem.

Os Direitos Humanos devem apoiar as coisas certas e não beneficiar o errante seja quem for. Pior ainda é saber que falsos policiais aderem a práticas amorais para tirar vantagem, traindo tanto a farda como a população ordeira a quem deveria proteger. Em quem confiar?

O povo necessita de ORAÇÃO e os governantes também. O desleixo espiritual acarreta automaticamente o declínio moral.

Até quando teremos que viver nessa situação de risco, sempre temendo o pior? Ir e vir, andando ou motorizado, tornou-se uma aventura. Tranquilidade virou utopia porque os marginais estão com toda a força causando um infortúnio coletivo permanente.

Paira, pois, o maior desejo de Paz, Ordem, e que o Progresso venha, com muito desenvolvimento, trabalho, educação, responsabilidade, boa administração e fé.
Não pararemos de clamar por justiça e dias melhores porque o ser humano merece ser feliz.

Que Deus atenda as nossas preces!



MADALENA MÜLLER

"MINHA JÓINHA..."

... li e reli todas as palavras, fui perdendo-me nos pensamentos
onde a emoção já deslizava suavemente em meu olhar,
busquei sua imagem junto ao infinito horizonte
desejando-lhe, neste instante, em meu peito acalentar...

... tempo curto e dei-me ao luxo
de com minhas ondas serenamente conversar,
                             suspirei lentamente agradecendo ser-lhe a jóia       
e por sua vida também adornar...

... sai manhosamente na estrada agregando
junto a mim a intensa força do mar,
assim como em você a saudade chegava
por aqui ela brilhava e ficava a me incitar...

... retornei arejando todos meus ambientes
e vaporizei muito cheiro no ar,
fui imergindo nas águas mornas
e nas bolhas espumantes permiti-me viajar...

... JV serviu-me uma taça de bolhas pequeníssimas
e ha vida gloriosamente fui brindando,
com tantas festas e fogueiras nesta estação
e a mim que as chamas ficavam instigando...

... seu cheiro cheinho de gosto e delicadeza
em meu sorriso maroto ressurgiu intensamente,
por tanta graça que deixastes delineada
em cada pedacinho de meu pequeno pedaço de gente...

... e fui cedinho me acobertar
e no relax meu corpo pudera suavemente adormecer,
despertei ainda sonhando com a graça...

... que saudosamente deixastes em meu viver!


 

MARIDÁSIO MARTINS

"ISMOS" DO EGO!


É vital ao espírito debelar o egoísmo,
Que lhe maltrata, corrói e lhe fere a "virgindade"!
Perfura o âmago do seu purismo
Levando a quem o tem à bestialidade.
Câncer perverso do homem, em vida
Que trespassa dessa material
Para a outra, que mesmo sob guarida espiritual,
Não o impede de sentir-se o punhal...

O sentimento de que falo
Dentre os mais danosos, é o veio
E por isso, não me calo:
Ele transforma o belo em feio!

E por estar no meio, dele saem
O fanatismo, o fatalismo e o 'papismo'
E ao se ampliar, se esvaem:
O justismo, o lirismo, o idealismo.

"Ismos" do ego: MEU INFERNO!!!!


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SAUDADES?!
Em 12/05/2013.


Não sinto saudades de minha mãe, que fisicamente se ausentou de mim! Não sinto!

Talvez por entender que saudade traduz um sentimento de falta, de algo que ficou longe...não sei!!!

Como sentir falta ou saudade do que está perto, todo o tempo, e de forma tão marcante e doce?! Tão atuante?! Como?

Não sei! Minha mãe só me fazia falta quando se encontrava longe de mim, mas aqui na Terra!

Há três anos que reassumiu o seu corpo original (espiritual) permanecendo conosco (filhos e parentes), através da sua essência de amor maternal, tendo nos impregnado, a todos, de valores morais, dignidade e de amor ao próximo, de ética no agir, de respeito às diferenças.

Para muitos, minha mãe “era” uma pessoa boa, santa, modesta, ética e sensível. Para mim, ela “É” e não “ERA”! 

Mariêta, minha mãe, quando fisicamente na Terra, não tinha religião, mas tinha religiosidade (espiritualidade)! E isso a fazia diferente e admirada.

Não liderava nenhum tipo de movimento social, mas era integralmente socialista (no seu sentido puro);

Compadecia-se  das  vítimas das injustiças sociais; em algumas ocasiões,  desconsiderou a existência de Deus, em face de tantas diferenças reinantes: “tão poucos com muito e muitos com tão pouco ou nada”! E isso a inquietava.

Minha mãe, aqui na Terra, não era reencarnacionista! Por isso  não compreendia ou não concebia certas aflições alheias. Digo alheias, porque das suas próprias ela nunca se queixava!  

Mariêta  era uma mulher doce, delicada, mas forte e resoluta nas suas posições.  Justa e amorosa;

Por tudo isso:

NÃO TEMOS SAUDADES DE MINHA MÃE, PORQUE ATRAVÉS DE SEU LEGADO ELA VIVE EM MIM! PORTANTO NUNCA ESTEVE OU ESTÁ LONGE!

Viva todas as mães do mundo, em cada um dos seus filhos!!!
  
Maridásio Martins

 
 MOYSÉS BARBOSA
(Brasil - 29/07/13)


PAPA FRANCISCO

Ele veio ao Brasil - quanta alegria!
P'ra Jornada Mundial da Juventude.
Recebido pela Presidente Dilma.
Falou de Deus, também de solicitude...

Diferente dos que o antecederam
pois nas ruas quebrou o protocolo.
Carrega na mão a pasta... Inseparável.
Onde passa pega as crianças no colo.

Procura fazer contato co'as pessoas.
Abraça todos, novos ou mais idade.
Sai do carro, tranquilo, sorridente.
Foi assim que percorreu toda a cidade.

Ensinou o amor aos seus ouvintes.
Busca nos fiéis mais ação social.
Não deixou de proclamar as Boas Novas
que exigem Evangelho integral.

A presença deste Papa em nosso meio,
com suavidade de bela canção.
Será sempre mui bem vindo ao Brasil.
Todos nós temos aberto o coração.

Visitou comunidade bem carente.
Chegou até mesmo nas casas entrar.
E apesar de ter vindo de tão longe,
não ouvimos de cansaço reclamar.

Conquistou todos nós, os brasileiros,
com o seu modo de ser... Simplicidade.
Sentiu-se bem à vontade por aqui.
Quer voltar anunciou domingo à tarde.

Dou-lhe cumprimentos... Chefe de Estado...
A ele devido é nosso respeito,
e merece também admiração.
Orienta'a juventude para'a vida...
Nunca diz que um drogado não tem jeito
Quer de todos, nesta área, mais ação.

Com mais de três milhões em Copacabana...
No último dia e durante a Missa,
o Papa Francisco assim afirmou.
"Para evangelizar os nossos jovens",
Disse pequena frase...  é uma premissa...
"Basta outro jovem", já se comprovou.

Que Deus abençoe  o Papa Francisco...
Esta é minha  oração de toda hora.
Eu estou com os meus joelhos no chão,
pois uma prece por ele eu faço agora.


******

PÚBLICA CONFISSÃO

(O MENINO E O PAPA FRANCISCO)

O menino disse para'o Papa:
"Algum  dia Padre quero ser".
Falou isso com muita'emoção.
Mas só depois que ele crescer...

O prelado o pegou no colo.
O levantou... Momentos filmados.
Nenhum deles segurou o pranto,
Lágrimas rolaram nos dois lados.

O garoto 'inda não tem noção,
Das agruras que enfrentará.
Mas se tem do céu santo chamado,
Deus da glória o sustentará.

Entrará na Igreja local,
pois quer nela já se confessar.
Vai dizer que certamente um dia,
O'Evangelho vai anunciar.

"Realmente eu quero ser padre,
Não apenas Cristo anunciar".
"Vou querer de todos mais ação,
aos carentes quero ajudar"

Prosseguiu conversa com o pároco...
Pediu para o auxiliar.
O religioso assim pensou:
"Que bom, é gente prá trabalhar"

Ó Deus, abençoe este menino,
que cedo procura Te exaltar...
Faça dele um grande sacerdote.
Para proclamar as Boas Novas,
e por todos os cristãos orar.
O seu nome no Teu livro anote!

Antevejo-o... cabelos brancos...
Na Santa Sé, Papa dedicado.
Um Pontífice de multidões.
A Igreja nova, transformada.
Bem pequeno foi abençoado
Para alegrar mil corações.

Gratos somos ao Papa Francisco,
o menino grato é também.
Por suas melhores atenções.

Dom Moysés Barbosa

 
MARCUS RIOS

“CREIO NO AMOR”

Creio neste amor
Que se faz presente
Agora neste instante
Em nossa vida.
Creio no amor
Neste amor que faz
Com que nos dois
Apenas rejuvenescemos
No mais lindo e belo amor.
creio neste amor
Na tua plenitude desta singeleza
Para que ele nunca se afogue
E nunca sinta orgulho
Dentro do teu coração.
Creio neste amor
Que esta sendo evoluído
Dentro de uma paixão
Que se faz presente
Em nossa vida
E que somente faz a diferença
E que nunca deixe a solidão
Se fizer presente em nossa vida.
creio no amor
Neste amor que faz uma
Linda sintonia entre a palavra amor
Que faz renascer sorrisos
E que sabe na hora certa
Pedir perdão ao teu amor.



MAGALI OLIVEIRA
Fortaleza- CE
10/06/2013

ACREDITE EM VOCÊ

Não deixe o mundo te corromper
E nem o tornar indeciso e insensível
E nem demonstre fraqueza
O mundo não lhe permite isso...

Seja sempre uma muralha
Mesmo quando marretas
Tentam quebrar
Seus alicerces...

******

CONFIE! ACREDITE EM VOCÊ!

Só você pode fazer acontecer
Mesmo que pareça não conseguir.
Tente, tente mais uma vez!
E verás que algo irá acontecer.

De repente... Ah! De repente...
Algo vai acontecer...
E vai fazer você ver
Que tudo vale a pena para viver!

******

ONDE ANDA MINHA ALEGRIA?

Não sei o que acontece
Onde estás, para onde foi!
Só sei que a saudade trás a tristeza
E a tristeza não me trás você!

O dia passa, a noite chega.
E com ela a melancolia.
As lágrimas nos olhos
Que rolam na face com saudades de você!

Porque se afastou de mim?
Esta pergunta não cala!
Meu coração precisa bater para viver
E sem você não consegue!

Você não está aqui...
E eu triste permaneço
Sem nada entender...
Só tenho agora tristeza em meu peito
A alegria se foi e não mais voltou!

Preciso que retornes
Para poder sorrir novamente
Sentir você mais perto de mim
E assim voltar a viver!


 

MÔNICA SERRA SILVEIRA
Fortaleza


O DESPERTAR DA CIDADE

Fortaleza cedinho desperta
Negros olhos preguiçosos
Rosto banhado de sol
E o coração pulsando
Ao ritmo do corre-corre
Dos que seguem para o trabalho

Um sujeito recostado
No terminal de ônibus
Lê a seção de futebol

Fortaleza boceja
Tem hálito quente
De café com tapioca na esquina

Vaidosa ajeita os cabelos de mar
Cacheados de ondas
O corpo ainda meio adormecido
Se espreguiça atrás das janelas
Dos barracos e elegantes edifícios

Pelas artérias dos viadutos
Correm carros e coletivos

Fortaleza ri dengosa
Quando o menino imitando adulto
Caminha de pasta na mão
Em direção à escola fundamental.

  

MAIA DE MELO LOPO
Lisboa - Portugal
     
VELHOS VIAJANTES

Espero o comboio ardente, chegará na corrente do Universo selado de algemas,
Ouço ao longe o apito a guinchar, ela vai chegar com velhos pobres e curvados,
Chegam sozinhos, desfalecidos gotejando pragas, maldições, lábios cerrados,
Surgirão, tristeza no olhar, avós vivos do passado, já nada vêem nas sombras,
Nem ousam falar o que não sei compreender, chegarão no dever e sem honras.

Virá o comboio cor do sangue, ferida atravessa a dor carregada de pombas,
Ai chegam como fadas, ouço arrulhar rituais, cicatrizes de morte, incontáveis,
Trazem nos vagões olhos vagueando, cansados de mistérios, inconfessadas razões, 
anciões de primeira, abandonados os de segunda e terceira, distantes penetram o fim,
Fazem calar ódios, censuras amargas, que magros velhos sentem não virem de mim.

Já é tarde o comboio do nevoeiro não demora, ouço rodas nos trilhos escuros,
Pareço escutar gritos ameaçantes do além, ferro rígido das carruagens mais perto,
Se tu viesses na paz, corre um vulto disforme nos confins da beleza no tempo certo,
Agarro o ruído agudo da noite, esmago a tragédia, nas mãos alma agonizante,
Vem o comboio do sofrimento, rompe a madrugada como um pássaro frio, distante.

Chegará o comboio da solidão amontoado em desencontros, ilusões esfarrapadas,
Nem todos os velhos são respeitáveis, ignoram, maltrataram crianças e jovens,
a mocidade tem alma envelhecida, onde andará a tua querida, vidas abandonadas,
Ninguém sabe que chegarás da demoníaca loucura, ou na imensidão da alegria,
Ai senão te verei, atravessa o país da raíz, relíquia, insanidade, lei sem lei, tão fria.

Vem comboio valente, gente sofre saudades cruéis corre caminhos, almas fiéis,
terra em terra, vento em vento, deserto em deserto, bocas, silêncio, orações,
quero viver sem escuridão, se meu amor voltar nessa forte solidão, ver-te chegar,
ter-te á espera no eco longínquo, juntinha ao teu peito, tuas mãos, teu respirar,
ser voz ao longe, bocas viciadas, idosos cantam poesias entre alheias multidões.

Vi o comboio abarrotar de amor, na estação meus olhos tristes não sabem acenar,
possam entender ou sonhar, cheios de esperança a velhice partiu na desconfiança,
abrem lábios selados de mil segredos, pecados, sábios velhos contam pelos dedos,
palavras sem sentido ás janelas, ir e voltar choram calados o adeus, vida para trás,
não parou o comboio do Universo nem levou meu coração ao avesso, sem paz.

Maia de Melo Lopo.12.
Lisboa./Portugal.

 

MARISA SCHMIDT
Bertioga (SP) Brasil


TANTAS PALAVRAS

Quando os olhos já secos olham para dentro
vêm no escuro a dor embalsamada
que passa na tela uma história mal contada
e deixa as palavras expostas ao relento

No silêncio do quarto a verdade pede passagem
-embaraçada vertente dos efeitos sociais
mas a mentira tem sempre mais coragem
e as palavras se afogam em poças abissais

É na solidão a dois que o amor comete suicídio
enforcado em palavras eternamente repetidas
como ecos do discurso há tempos emudecido

Assim se repetem velhas cenas reescritas
no pobre teatro de paredes demolidas:
-palavras bonitas são só palavras bonitas...

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Marisa_Schmidt.htm

 

MARISA CAJADO
Guarujá (SP) Brasil

BEM VINDO PAPA FRANCISCO

Bem vindo, Papa Francisco, à Terra brasileira
Esta Terra, que traz na bandeira
Uma cruz de luz incrustada.
Como, a lembrar o Cristo no madeiro
O fiel e divino mensageiro,
Da fé, da caridade,  na  jornada.

Francisco foi o nome que escolheste
Porque este nome, traz o estigma  sem falsete,
Da  simplicidade,  por projeto de vida.
Sua veste branca, livre dos aparatos costumeiros
Reflete a luz da paz, em novos roteiros
Para  a humanidade que segue, tão sofrida.

Curvo-me respeitosa  à sua  passagem
Lembra-me ela, a augusta mensagem
Da  voz de Jesus, clara e benfazeja.
Envolto em excelsa claridade
Escuta o pobrezinho de Assis, da eternidade:
_ “Francisco reconstrói  a minha igreja.”

Talvez esteja aqui, para o destino se cumprir
E uma igreja “Maior” reconstruir
Reunindo  ovelhas  da perdida multidão.
Que esta,  pedra a pedra  seja entendida
E  com tijolos de amor, reconstruída
No altar de cada próprio  coração.



MARIO REZENDE
Rio de Janeiro - Brasil

FOI ASSIM, PRONTO E ACABOU?


Apesar das críticas dos adeptos, seguidores, das ideias dos criacionistas, que encontraram uma maneira simples, simplória, de explicar o que é muito difícil ou quase impossível, pelo simples fato de que o que é divino é indiscutível, portanto, não deve ser explicado.
Então, foi assim, pronto e acabou! É? Mesmo que se pareça com uma produção da Disney ou saída da imaginação de J.K. Rowling?
Ainda que a ciência tenha avançado tanto, talvez ainda sejam necessários outros tantos anos de estudo quanto os já vividos pelo homem enquanto ser inteligente, para fornecer uma explicação convincente sobre a origem, já que o próprio homem continua em processo evolutivo, como pensado por Charles Darwin, como todo o universo, aliás, em constante mutação e as evidências estejam ao nosso redor. Todos os vestígios encontrados em relação ao homem, desde os primórdios, sugerem a seguinte cadeia:
AUSTRALOPITHECUS– Os hábitos de vida, assim como o aspecto dos homens nessa fase, pouco diferiam do chimpanzé. Até na aparência se assemelhavam aos macacos. Usavam ossos e pedras como instrumentos;
HOMO HABILIS – Passaram a receber essa denominação quando adquiriram a habilidade de talhar a pedra e usá-la como arma;
HOMO ERECTUS – Nessa fase o homem dominou o fogo, adquiriu a bipedia, e construiu as primeiras habitações para resistir às intempéries;
HOMO SAPIENS – É o embrião do homem de hoje. Com ele surgiram os primeiros sinais de civilização e vem evoluindo e se adaptando desde então, ganhando algumas denominações conforme a fase evolutiva, como o HOMO SAPIENS NEANDERTHALENSIS e o HOMEM DE CRO-MAGNON, suas formas mais antigas, até oHOMO SAPIENS SAPIENS, que, por sua vez, no estágio evolutivo atual, necessita de desmembramento, face às diversas características diferenciadas.
Sabe-se que há alguns anos começou a se revelar, depois de séculos, o HOMO EFEMINADUS, que por algum motivo qualquer nasceu homem quando deveria ser mulher, porque age e pensa como uma;
HOMO BABACUS – Aquele que terminada a adolescência, entrando na fase adulta, se acha, somente ele, o bonzão, o gostosão, que pode fazer o que quer e que toda mulher quer dar para ele. Faz faculdade particular só para dizer que tem nível superior, PÓS e MBA porque está na moda e não tem banca de avaliação. Frequenta academia só para zoar as mulheres e toma bomba para inchar os músculos. Tipo abundante, considerado o pior da espécie, porque tem inteligência limitada e não assume responsabilidades;
HOMO METROSSEXUALIS – esse tipo se preocupa com a aparência ao extremo. Diz-se que cuida do corpo, da alma e do guarda-roupa. Anda sempre na moda, vai ao salão de beleza para cuidar dos cabelos, das mãos e pés; depila os pelinhos, inclusive do púbis. Diz-se que tem complexo de bruxa da história da Branca de Neve. Na realidade, a intenção é ser bem diferente do chamado HOMO MACHUSPRABURRUS. Este morre, mas não vai ao urologista, muito menos ao proctologista, tudo indica, por não aceitar em hipótese alguma, vergonha, talvez, de realizar determinados exames, porque, segundo eles, vão na contramão da natureza. Considera que mulher é a fêmea que serve exclusivamente para satisfazer os seus instintos sexuais;
O HOMO REALIS, que é muito raro, é bem resolvido, vê a mulher como sua outra parte, tem consciência da sua condição natural e consegue se sair satisfatoriamente na relação eu/outro em todos os aspectos.
Finalmente, o HOMO FUTURUS que não foi descrito porque ainda não existe, apesar de que já começou a demonstrar que vem por aí.


******

ABSTRATO

A gente precisa de carinho
para adoçar um pouquinho a vida.
Necessita saber que tem alguém
que pensa na gente com amor.
O distante pode parecer tão perto,
obra da inexplicável natureza,
que, às vezes,  parece tão injusta
por nos fazer  ficar no limite
entre o instinto, instigante, intrigante, atraente
e  a razão insossa, insípida, deprimente;
que só no descuido  permite acontecerem os desejos
que ficam vagando pelos pensamentos
e se  realizam nos sonhos.
A gente sente, às vezes, necessidade
de sentir o gosto, o cheiro;
vontade de sentir o calor do roçar pele com pele
de olhar através da janela dos olhos
e ouvir sussurros de amor
sob um cobertor de estrelas
e procurar encontrar sentido
nessa trama , nesse drama,
apesar do prazer que dá pensar
que é a outra parte de alguém
e se deixar levar pelo poder ilimitado
que a imaginação permite realizar.
O parceiro presente, às vezes, é só estímulo tátil
para impulsionar a excitação
e o aumento da tensão,
que nasce e morre dentro de cada um,
porque o clímax do prazer,
é individual, único,
solitário.



MARDILÊ FRIEDRICH FABRE
São Leopoldo (RS) Brasil

NÃO DESISTI DE MIM

Fragilizada pela vida,
Sozinha... E as recordações...
Minha face desprotegida
É máscara de frustrações.

Arrebataram o meu ego.
Não sou mais aquela que fui.
Por um mundo louco trafego,
Mesmo o sorriso se dilui.

Não falo com facilidade...
Dias e noites esquecida...
Até nem sei se tenho idade
Ou história sobrevivida.

A memória também me esquece
Nem a canção de ninar lembro.
Entoava sempre... Como prece...
Alterava ao chegar dezembro...

Há clarões na mente estagnada.
Preciso preencher os escuros,
Restituir-me a vida roubada,
Alcançar estágios seguros.

Espantar todos os meus medos,
Não alimentar a saudade,
Contar bem alto meus segredos
E usufruir da liberdade...



MARIA TOMASIA

ASSIM SOU EU


O modelo da ingenuidade,
que em nada vê maldade.
Sou a brisa que traz o vento;
sensível, tenho sentimento.

Apesar de tudo o que passei,
jamais do amor desistirei.
Sou mulher, sou guerreira:
caio, levanto e fico inteira.

Sei que amanhã será outro dia
e não abandonarei a poesia.
Por isso estou aqui novamente,
sentindo-me alegre e contente.

Muito ainda irei escrever,
porque não me deixo vencer.
Meus sonhos serão realizados;
vou mantê-los bem guardados.

Minh'alma será sempre perfumada
e nunca deixarei de ser delicada.


 

MARIA MENDES CORRÊA
Mateus Leme -MG


OS IDOSOS

Tem no olhar a sabedoria
De quem  já viveu intensamente
Descobre os segredos da vida
Pois caminhou por ela longamente.

Deixa sempre muito amor
Por onde passa e quer encontrar
Pessoas que escutem seus feitos
Porque lindas histórias querem contar.

Seus passos certos e de vitórias
Querem que todos possam trilhar
Passos incertos e desenganos
Procuram com conselhos desviar.

Pena que muitos não têm tempo
De escutar suas maravilhosas histórias
Certamente descobririam com os idosos
Um tesouro oculto, cheio de glórias.

São tão amáveis estas criaturas
Precisam do carinho de quem amou
Pra sentir que são ainda amadas
Apesar dos anos que o tempo levou.

Deus abençoe sempre os idosos
Ilumine a vida, alivia-lhe a dor
Que encontre sempre em sua vida
A família, os amigos e muito amor.



MARIA JOÃO BRITO DE SOUSA
Oeiras - Portugal

Aos operários das fábricas e aos trabalhadores de todo o tipo de serviços. Aos trabalhadores da terra e do mar. aos operários da palavra, da cor e do traço. A todos os silenciados e explorados.



SONETO DO PRODUTOR EXPLORADO
 (em decassílabo heróico)
30.07.2013 – 18.58h

eu que ergui, pelas veias das cidades,
sentinelas de pedra e de aço puro,
que conquistei, a pulso, as liberdades,
que asfaltei, com suor, cada futuro

e que paguei, com sangue, as veleidades
que registei na cor de cada muro
e sigo em frente e moldo eternidades
mesmo sobre o vazio de cada furo,

não mais hei-de evocar forças ausentes!
liberto o grito preso entre os meus dentes,
subido do mais fundo em que me sou,

e arrancarei, de mim, quantas correntes
me prendam à mentira, ó prepotentes
senhores do que julgais que vos não dou!

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_m/Maria_Joao_Brito_de_Sousa.htm


 

MARIA CLARA
Belo Horizonte (MG) Brasil

VIDA...

Chega um dia em que a gente
Não consegue mais suportar
Coloca a roupa na mala
E começa a caminhar
A caminhada é difícil
Difícil de suportar
Só Deus pode olhar por mim
Só ele pode me ajudar

 Maria Clara

 

MARIA APARECIDA FELICORI {VÓ FIA}
Nepomuceno (MG) Brasil

ESTRESSE E BANZO
  
             Quando alguém está triste, deprimido, ou como se diz hoje em dia “está pra baixo” é aconselhado a procurar um médico, não qualquer médico, mas um especialista em baixo astral e ele dirá com certeza que a pessoa está com estresse e durante anos a fio, o coitado será medicado com Lexotan e as doses são aumentadas até o fulano virar um zumbi.

             E o pior é que pessoas estressadas nunca se curam, porque a medicação dopante lhes suga a energia e para lutar contra enfermidades ou qualquer outro contratempo, é preciso ser forte, mas para perder o vicio dos Lexotans da vida, faltam exatamente força e decisão, e o perigoso círculo vicioso se forma, porque é impossível dormir sem tomar o calmante.

               Antigamente ninguém tinha estresse, porque com os escravos africanos veio o banzo,  que era parente do atual estresse e quando alguém estava jururu, triste e sem animo para nada, já se dizia “nossa, fulano pegou o banzo” e como medico era coisa rara, o caso era resolvido com a ajuda dos curandeiros que benziam e preparavam garrafadas com raízes.

               Com duas garrafadas, o doente saia da tristeza e voltava a cuidar da vida com animo e alegria e o banzo sumia de uma vez; isso aconteceu com a jovem Nonata, ela pegou um banzo dos bravos, não saia do quarto e chorava sem parar em uma tristeza sem medidas, sua mãe chamou o Euzébio Raizeiro e ele preparou suas garrafadas, com raízes e cachaça.

              Em pouco tempo, a moça foi melhorando e ficou totalmente curada, vivia rindo sem motivo em uma alegria exagerada e tanto riu que sua mãe resolveu investigar o assunto e descobriu que Nonata se acostumara com as garrafadas de Euzébio, mas sem as raízes e sua  alegria era causada pela companheira das abandonadas raízes: a boa e curativa  cachaça.

              Seja estresse ou banzo, o tratamento deixa seqüelas, porque o Lexotan deixa a pessoa fora do ar numa boa e a garrafada  causa euforia esfuziante, mas Nonata explicava assim: Gente, não importa se minha alegria vem de uma garrafa, alegria é bom e nunca mais vou cair no banzo; fica ai a receita para os estressados de hoje, estressou? Chame o Euzébio Raizeiro.

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MULHER ANTIGA

Mulher antiga de vestido  comprido
Chapéu de veludo emplumado
Sempre severa junto ao marido
Caminhando erecta sem olhar para o lado.

Nos pés lindos borzeguins abotoados
Com botões de camurça azul claro
Chale de seda cheio de bordados
Colares de perolas de um tom raro.

Nos braços rosados pulseiras de ouro
Formato de cobra com olhos de rubis
Pente brilhante enfeita o cabelo louro
Debaixo do chapéu refulge aqui e ali.

É uma dama grande senhora
Desfila sua  elegância sem par
Ela é um charme a qualquer hora
Com leque de renda se abana sem parar.

Na Bele Epoque era uma rainha
Século dezenove dançando can-can
Pelo  passado como sombra  caminha
De ontem para hoje e para  amanhã.

Maria Aparecida Felicori {Vó Fia}


 NIDIA VARGAS POTSCH
 Rio de Janeiro

RECONHEÇO-TE, PRIMAVERA!

 Primavera!
A cada ano quando chegas,
 muitas vezes intempestiva, fora de época,
exalando a urgência de renovação,
entregando-te em busca do calor,
 do cio da Terra a pedir floração...
Sou-te grata!

Sorriso do jardim, ó bela Flor!
Canção que alegra a alma,
Poesia que encanta a vida
de aromas, cores e amores...
Suavidade em cada pétala,
lembranças e recordações avivadas
a cada desejo, a cada mirada...

E por seres especial, espero-te,
 conto os meses, os dias,
aguardando a explosão de vida
luz, fulgor, beleza,
que todos os anos se dá
e faz Festa em meu Coração...
   @Mensageir@



 

NEUSA MARILDA MUCCI
Valinhos (SP) Brasil

VIVENDO EM PAZ

Todos nós vivemos por estações, pois a vida é sazonal.


Somos primavera gentil e cálida, verão de calor intenso, outono de paciência e alguma sombra, inverno de frio arrepiante arrebatando o corpo ao recolhimento.



Muitos de nossos dias seguem fáceis e plácidos, sem muita atribulação, porém sempre existirão aqueles difíceis de enfrentar, com problemas para serem resolvidos.



Em certas estações plantamos, em outras colhemos, eis a verdade simples e pura, como a natureza que nos rodeia.Então simplesmente vamos seguindo, esperando o que virá adiante em rotinas, possibilidades, desafios.



Nossos ciclos de vida devem ser de acordo com o compasso de nosso coração, obedecendo e afinando-se com o ritmo do Criador, nosso Maestro, dono de nossos dias, empresário maior de nosso espetáculo nesse palco terreno.



Eu já estou no ciclo primavera, com meu jardim preparando o espetáculo do florescimento e perfumes, ouvindo a passarada, que vai em algazarra percebendo a chegada da nova estação que não demora a chegar, com toda a natureza vestindo-se, aos poucos, de verde para brindar a existência de todos. Alegra-me isso, dando vontade de segurar o momento nesse tempo espaço que não para, mas como é impossível, vou brindando as estações, principalmente a primavera, que sei, não tardará, enfeitando tudo, diminuindo tristezas se houverem.



Tudo na vida é mesmo sazonal, por isso caminhemos em paz, levando conosco o amor a tudo e a todos, na certeza de que nada no Universo acontece fora do ritmo.



Neusa Marilda Mucci


 


OLYMPIO DA CRUZ SIMÕES COUTINHO
Belo Horizonte (MG) Brasil

A TROVA SOCIAL PEDE PASSAGEM

Filosofia e lirismo; às vezes, também humorismo. Em todos os concursos de trovas que se realizam por todo o Brasil são assim definidas as modalidades.

Mas, por que não a trova social?

Nada contra a filosofia e o lirismo, muito menos o humorismo. Afinal, neste mundo cada vez mais materialista, precisamos mesmo filosofar, cultivar o romantismo e rir.

No entanto, nós, os irmãos trovadores e poetas do mundo, somos um imenso contingente de pessoas que poderiam, usando a força da trova e da poesia, participar de forma mais atuante na denúncia de fatos e comportamentos que em nada contribuem para a formação de uma sociedade mais justa e mais humana.

Se consultarmos a história, vamos verificar que, ao longo dos séculos, os poetas e os trovadores tiveram grande influência nos acontecimentos, usando seus versos para denunciar mitos e incompreensões, abusos de poder e injustiças, muitas vezes usando o forte argumento da ironia.

Ensejou-me discorrer sobre este assunto o tema do XXIX Concurso Nacional/Estadual de Trovas, de Natal (Estado do Rio Grande do Norte/Brasil), realizado  em 2012 e tendo como tema a violência (contra o ser humano). Foi trabalhando na feitura de trovas para este concurso que percebi como nós, trovadores, poderíamos influir – com a força da trova – na denúncia de fatos que atingem de forma negativa a humanidade e, assim, mostrarmos que não estamos apenas filosofando ou sendo líricos (muito menos apenas humoristas), mas que estamos verdadeiramente engajados na defesa de condições mais dignas para o ser humano. E que temos o compromisso de contribuir na construção de um mundo melhor para se viver.

Consulto o site falandodetrova.com.br, do poeta e trovador José Ouverney, de Pindamonhangaba (Estado de São Paulo/Brasil), e constato que os XXI Jogos Florais de Ribeirão Preto (Estado de São Paulo/Brasil), realizados em 2008, tiveram como tema a inclusão, ensejando trovas sociais, como as duas abaixo, de Terezinha Dieguez Brisolla:

Tenham todos terra e teto,
sem preconceito ou fronteira,
e que haja amor, não decreto,
para a inclusão verdadeira!.

Meu Deus, que eu não seja omissa
na luta pela inclusão,
pois quem clama por justiça
é Teu filho... e é meu irmão.”

E ainda, de Francisco Neves de Macedo:

É urgentíssima a inclusão
dos deserdados da vida,
dai-lhe a terra e a certidão,
identidade e guarida.”

Para ilustrar minha posição e nunca para discutir o mérito da premiação, cito uma das trovas com as quais concorri:

Ampla inclusão social
ocorrerá certamente
quando for bem natural
tratar todos como gente.

Já nos XXVI Jogos Florais de Taubaté (Estado de São Paulo)/Brasil/2008 (tema: Brasil), acredito, data vênia, que os trovadores perderam uma excelente oportunidade de se manifestar socialmente contra muitos fatos e comportamentos que se repetem no cotidiano do povo brasileiro. Não que as trovas vencedoras não fossem belas, mas, na sua grande maioria, exaltavam um Brasil que, infelizmente, ainda não existe, como bem traduziu AA de Assis, menção especial nos citados Jogos, com esta trova, uma das poucas de não exaltação:

Sonho um Brasil justo e honrado
e limpo de coração,
um Brasil qual foi sonhado
e amado por São Galvão.”

E, ainda entre as exceções, esta, de Terezinha Dieguez Brisolla:

Se quem trabalha reclama,
desperta, Brasil, que é hora
de valorizar quem te ama
e renegar quem te explora!

Ainda para fixar minha posição e, repito, não para discutir méritos da premiação, cito trovas com as quais concorri:

Ante tanta aberração
num Brasil fora dos trilhos
pergunto ao meu coração:
- O que eu ensino aos meus filhos?

Ante tanta espoliação,
causada pelo estrangeiro,
pergunto ao meu coração:
- É o meu Brasil brasileiro?

O povo em miséria extrema,
a nação em retrocesso,
o Brasil desmente o lema:
não tem ordem, nem progresso.

Para finalizar este breve arrazoado, aberto ao democrático debate, sugiro temas que poderiam ensejar a produção de belas trovas de cunho social: além da violência contra o ser humano e da inclusão, já citados, educação, saúde, segurança, justiça, humanidade, liberdade, pobreza, miséria, fome, maldade, humilhação, preconceito, segregação, racismo, autoritarismo, ética, honestidade (desonestidade), intolerância, guerra e outros mais que desafiam a nossa vã filosofia.

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RE (ENCONTRO)

Foi preciso te perder,
saber que fiquei sozinho,
para poder perceber
que era outro o meu caminho.

Que era outro o meu caminho
eu apenas pressentia,
eu te dava o meu carinho
e de ti não o recebia.

E de ti não o recebia
mesmo quando eu te mostrava
a falta que me fazia
ter o amor que eu buscava.

Ter o amor que eu buscava...
Meu drama era obtê-lo:
mesmo quando o encontrava
não conseguia vivê-lo.

Não conseguia vivê-lo,
ficava apenas no flerte,
tinha por ti muito zelo
e não queria ofender-te.

E não queria ofender-te,
mesmo sabendo, querida,
que, por medo de ofender-te,
destruía a minha vida.

Destruía a minha vida,
consciente e sem cuidado,
morrendo a cada partida,
pondo a alegria do lado.

Pondo a alegria do lado,
deixando assim de viver,
eu fui viver isolado
para poder perceber.

Para poder perceber
que era outro o meu caminho
foi preciso te perder,
saber que fiquei sozinho.



ODENIR FERRO
Rio Claro (SP) Brasil

A BELEZA EXISTENCIAL (SEMENTES)

Todas as sementes, - senão com as exceções para as que não se vingam, - brotam-se para a vida. Buscando a luz do sol. Germinam, e ainda pequeninas plantinhas, mantêm guardadas e transmitindo para as futuras sementes que estão por vir, os códigos genéticos possuidores das comunicações secretas entre elas (através delas e por elas, ao repetirem o eterno ciclo de se transformarem também, em novas outras árvores). Elas trazem este potencial dentro de si, - os quais, até na atualidade, estes segredos milenares, ainda estão não muito decifráveis. Pois a Ciência ainda não pode reproduzi-los com perfeição! Sendo que somente as plantas, entre elas, são capazes de inter-relacionarem-se com a natureza constituinte dos diversos tipos de solos. Contendo os seus nutrientes para cada tipo de planta que nasce e se adapta a ele.
Por mais que a Ciência busque reproduzir as soluções e respostas para este intrigante - embora aceitável enigma que acompanha milhões de gerações - fazendo com que muitas vezes possamos sonhar, poetizar, filosofar até, com esta enigmática beleza que reside brotante das terras, - vivemos a incerteza racional; depositando as nossas indagações, ao plano da fé divinal, como resultante consequência da existência e perpetualidade da vida.
Dentro destes múltiplos aspectos, as quatro estações, são energias subjetivas ou objetivas diretas - agindo de forma dinâmica, - contribuindo para a continuidade da vida no Planeta.
Dentro das estações climáticas, a primavera é linda! Todas as primaveras, quando chegam, revigoram a vida. Fazendo com que as flores e os frutos renasçam através das árvores; que se tonificam com a plenitude das luzes, dos contrastes entre as cores, revigorando as belezas, preenchendo os ambientes com muitas riquezas, abundantes de puras energias vivas!
As cores enfeitam os lugares. As flores dão vida aos ambientes. E em tudo, perdura o carisma da beleza existencial. Fazendo com que brotem da terra, inumeráveis tipos de flores que nascem para renovar a vida. Até as cigarras saem da terra, para cantarem o hino à vida; vivendo e morrendo num único dia! Perdurando assim, o encanto de mais outro mistério natural.
E através das sementes, com os seus diversificados formatos e tamanhos, não somos capazes de visualizarmos uma árvore. Mas podemos imaginar uma árvore, contida dentro de cada semente. Todas as vezes que - através das sementes, - a terra se permite doar-se, numa perpetualidade contínua - para os incógnitos da Linha Mestra da Vida!

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DIÁRIO DE BORDO

Quero viajar a bordo do seu imenso amor
Flutuando espumejantes brancas ondas,
Na correnteza em alto mar olhando a lua
Dançando nas ondas verdejantes negras
Deixando cintilar o seu reflexo prateado,
Nas sombras desenhadas no horizonte...

Quero refletir meus pensamentos vendo
O calor da beleza existente num imenso
Sonho colorido pela beleza do seu olhar
Quando contemplo a sua pureza amando
Toda essa ternura infinita que até a mim,
Vem da força do seu corpo tão inundado
Pela exuberância desse amor sem fim...

Quero viajar navegando grandes ondas,
Velejando no alto-mar do seu amor enfim
Colhendo brisas e nuas marés, canções,
Sacolejando forte o espumejante sonho,
Vivido e revivido nesse amor saído sim,
Da força dos nossos inúmeros desejos!

Quero flutuar no doce mel que cai suave
Da delicadeza das palavras adocicadas,
Saídas da sua linda boca aromando flor,
Nesse seu imenso amor de beijos doces
Embriagando-me pelo sabor anís-hortelã
Mostrando-me todo o aroma perfumado,
Saído do Diário de Bordo do seu corpo!



OLGA MARIA DIAS FERREIRA
Pelotas (RS) Brasil


NOSTALGIA

Ao perceber, então, rugas, no  rosto,
tive invadido de emoção meu peito,
na nostalgia ímpar do sol posto,
na angústia tanta de meu lar desfeito.

Foi-se a ventura, o riso decomposto,
na face insana de um viver sem preito.
ressurge o pranto já  antes deposto,
nas marcas todas de meu pobre leito...

Assim a vida aos poucos vai passando,
meus sonhos todos, célere, levando,
na desventura desta triste sorte.

E os companheiros não mais retornando,
outros, partindo sós ou mesmo em bando,
deixam-me à espreita da  própria morte.

PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA CARUSO
9/10-8-3
CARINHO QUE AGRIDE

Num sábado pela manhã, estava Procópio Augusto em seu quarto, deitado na cama. De repente, ouviu um grito apavorante de sua irmã, Laudelina Eugênia, no quarto ao lado, o que o fez prontamente levantar-se de sua cama e correr até a aflita moça. Pensou ele ter sua irmã caído do armário após a mesma tentar retirar livros se equilibrando em cima de uma das gavetas ou algo parecido, como o fizera tantas vezes na infância e adolescência. Ele, aliás, nunca deixara por menos.
Chegando ao quarto, viu sua irmã trêmula e levemente pálida. Ouviu por conseguinte Procópio que se tratava de um “bicho grande” escondido atrás do painel da janela. Por já estar acostumado ao pavor incontido da moça por baratas e outros insetos, pensou ser esse o caso mais uma vez. Contudo, de imediato o animal começou a se debater violentamente atrás do referido painel. Isto fez Procópio pedir à irmã que fechasse a porta do quarto e se mantivesse fora do mesmo, visto como ela seria incapaz de machucar qualquer animal, mas o som a assustava.
A esta altura, o rapaz percebeu estar diante de um ser razoavelmente maior que um mero inseto. Isto, contudo, era pouco para amedrontá-lo. Não seria necessário inteligência para perceber o que se passava, visto que ele já se acostumara a tal situação. Havia duas possibilidades bem conhecidas pelo rapaz com relação à besta apocalíptica surgida: um morcego – a mais remota, pois era manhã – ou um pequeno pássaro – sabiá, pardal, rolinha...
A primeira providência foi abrir generosamente a janela, com vistas a induzir o aflito animal a voar através do vão, o que se provou inútil. Por conseguinte, inclusive devido à curiosidade – afinal, quem estaria a se debater de modo incessante contra o vidro da janela? – puxou-se enfim o painel. Não houve grande surpresa ao se perceber que o pequeno invasor, denominado “bicho grande”, era tão somente um passarinho. O pobre ser ignorava o vidro – apesar de este ser translúcido, não transparente - e desesperadamente buscava atravessá-lo, da mesma forma que o fizera com a janela aberta.
Laudelina só se tornou mais calma que o pequenino após ela ter deixado o quarto com a porta fechada. Procópio ainda tentou em vão espantá-lo sem o tocar – mesmo porque assim evitaria um temor maior por parte do animalzinho. Logo, embora não desejasse, foi preciso erguer a mão direita até este e segurá-lo cuidadosamente, de forma a não o ferir.
Uma vez capturada a pequena presa, a mesma foi mostrada a Laudelina e à mãe de ambos, Dª Ambrosina Augusta, a qual também se assustara com os berros proferidos instantes antes pela filha. Enfim, a moça viu o inofensivo motivo de sua histeria. Já a ave parecia cada vez mais desesperada em seu afã por liberdade, apesar das carícias levemente recebidas na frágil cabeça. De certo, o animal deve ter sido um dos tantos espantados por algum dos três, como modo de se evitar precisar limpar a calçada e o carro, situados logo abaixo da fiação sobre a qual os passarinhos costumam repousar e “fazer sua digestão...”

Pareciam de fato ser instantes de pura angústia para aquela criaturinha dócil, porquanto ela pode ter se visto imediatamente capturada e aprisionada numa fria gaiola. Imagine-se apanhado (a) por um indivíduo imensamente maior e do qual você não entende uma única palavra ou gesto, mesmo que de afeto. Até alguns cães e gatos – seres mais domesticáveis – relutam em se aproximar de seres humanos. Sabem os “bichos pequenos ou grandes” não poder vislumbrar a magnitude da frieza humana. É como se fôssemos leopardos a correr para estraçalhar um filhote de búfalo na savana africana. O pequeno pássaro não sabe distinguir um afetivo sorriso humano de um ameaçador olhar de tigre faminto. Aliás, aquele talvez lhe pareça mais aterrador que este.

Imagino que qualquer passo dado por mim possa soar feito explosão aos ouvidinhos da ave. Afinal, eles se situam muito mais próximos ao chão do que os meus quando ambos estamos de pé sobre ele. O som deve fazê-la temer-me a grotesca e mesmo agressiva presença humana. Um grito que vise a espantá-la mais soaria então uma jura de morte num mundo “grande demais” para nós dois, principalmente quando este se encontra tão marcado pela covardia.




PRISCILA DE LOUREIRO COELHO
Jacareí


COMO É LINDO NOSSO VALE!

            O Vale do Paraíba possui um encanto e uma beleza digna de ser exaltada.
É comum estarmos tão acostumados com algo que deixamos de apreciá-lo, não nos dando conta de seu valor.
Assim, corremos o risco de desprezar tesouros inestimáveis que nos cercam em busca de outros distantes e quase inatingíveis, e que no mais das vezes, nem se comparam aos que já possuímos.
Interessante a alma humana... Tão dócil, tão amorosa, tão necessitada de valores que a alimentem... E tão distraída em meio a tudo isso!
            O Brasil nos oferece uma gama de variedades em sua topografia, permitindo que possamos apreciar o belo em meio à diversidade de cenários e especificidades locais.
Sem dúvida nosso país é uma terra abençoada!
            O Vale do Paraíba é uma região belíssima que enfeita nosso estado de forma primorosa.
            Quem já foi até São Luiz do Paraitinga e de lá, pela estrada velha, desceu para Ubatuba, certamente pôde apreciar uma das mais belas estradas da região. Estrada que ainda conserva as características primitivas, possuindo um charme próprio em sua aparência singela.
            Este encanto natural, esta peculiaridade panorâmica está para ser alterada, uma vez que o asfalto está chegando por lá. Assim, gostaria de deixar aqui o registro deste caminho e convidar a todos, que procurem conhecer o lugar antes que se modifique. Afianço-lhes que terão uma experiência única e jamais, esquecerão esta estrada.
            Por onde andarmos em nossa região encontraremos os mais belos cenários que, sem dúvida nos inspiram, atiçando dentro de nós os sentimentos mais suaves, autênticos e amorosos.
Dizem que a alma ao percorrer sua jornada vai incorporando toda a beleza que encontra pelo caminho, de modo a revitalizar sua própria natureza...

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ESTRADA DE SÃO LUIZ DO PARAITINGA

Conheço um caminho perfeito
Que nos convida a cismar
Repleto de beleza, e, com efeito,
Encanta quem por lá passar...

Uma trilha de terra batida
De tanto ser caminhada
Enfeitada com pedras, retidas
Entre águas, que caminham sossegadas...

Ladeada de barrancos e folhagens
É digna de num quadro, figurar
Convidativa, as suas passagens
São poesias para se guardar...

Inspira cânticos, sonhos, devaneios
Mexe com a alma, de quem a percorrer
É na verdade, o melhor dos passeios
Pra quem deseja ir se conhecer

Estrada, atalho ligeiro
Sereno e acolhedor
Envolve cada estrangeiro
Na extensão visível de seu esplendor

Seu destino é o encontro que alivia
Céu e terra, corpo e alma e coração
Nela se encerra a verdadeira harmonia
Entre o homem e a civilização!


 

PENÉLOPE LSTEAK
São João da Boa Vista (SP) - Brasil

SEM PUDOR

Traga-te fogo ardente de amor
Não pode julgar-me por te amar
Desejo-te assim no acalanto,
Nossos corpos ardentes a inflamar.

Ouviras apaixonado meu canto
Todo meu desejo no meu cantar
Você ouvirá com espanto,
Meus versos loucos te encantar.

E assim sentirás na alma louca
Querendo-me com todo fervor
Enlaçamos pernas e bocas,

Num jeito alucinado de amor
Gritando com sua voz rouca,
Meu nome sem pudor!



RENÃ LEITE PONTES
Rio Branco – AC

MINERAÇÃO

Desprovido de tudo e do quê minerar, nosso povo comum minera a essência do próprio suor destilado. No tempo da colheita, os frutos são colhidos em formato de “cesta básica”.

Enquanto um pequeno grupo de habitantes do lado de lá, legislam, executam e dividem entre si, o sal que emana do humano suor seco pelo sol:
As sombras têm donos certos!

Por este motivo, em cima dos calos das mãos operosas, do nosso lado, quem minere o próprio suor e viva bem,

Eu, particularmente, não gozei do privilégio de conhecer ninguém.


******

CRUZEIRO

Pairando acima das constelações
da nossa vertical magistratura,
ligado ao povo, sem fazer figura;
eis nobre exemplo para as gerações.

Ainda em sendo um jovem advogado,
a ditadura em plena ebulição;
fez frente a luta em prol do cidadão.
este é, quem sabe, o seu maior legado.

Chegado aos pobres e aos povos seringueiros;
às letras, ao clero e aos cargos sineiros,
urdiu uma invulgar  biografia.

Negou guarda ao poder, por um decênio...
teu nobre exemplo de homérico gênio,
por nada neste mundo eu perderia.


 

© RUI DE OLIVEIRA LIMA

INTENSAMENTE

momentos incolores discorrem
perto de momentos tenazes
verbos e pensamentos audazes
mas serão só pensamentos?
só versos?

serão dizeres, falas, palavras dispersas?
serão capazes de fazer sentido?
capazes de entender o não entendido?

capazes de dizer verdades
capazes de criar paixões, amores, amizades
capazes de construir realidades

Utopias de parte...
Construires constantes e correntes de esperanças
Realidades reais em vez de utópicas faianças
Construções necessárias para novas e reais mudanças

Verdades significativas de novas andanças
Céleres e capazes instâncias
Necessárias e concordantes

Constantes construções de novas imaginações
de novas verdades, alegorias, paixões
calmas e eternas amizades
maresias de eternas mocidades

Alegrias, verborreios, intensidades,
momentos eternos de todas as idades...

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_r/Rui_Filipe_de_Oliveira_Pereira_Lima.htm



ROZELENE FURTADO DE LIMA

Teresópolis (RJ) Brasil

A VOLTA DO RABO

        A arte de criar está presente em cada ser, mas criar é colocar à prova uma inovação, nem sempre o criador é compreendido e muitas vezes é considerado “louco”. A literatura está repleta de nomes famosos que passaram por situações embaraçosas por causa das suas criações. Até que um dia... Fica provado a serventia do seu invento e toda a humanidade tira proveito da ideia maravilhosa do inventor. Foi baseada nessa afirmação que a mãe de Robson não repreendia o menino nas peripécias que aprontava. Os brinquedos eram todos desmontados. As bonecas da irmãzinha apareciam com rodinhas na testa, na barriga e nos joelhos. Ventilador com livros colados para virar as páginas, motorzinho de liquidificador conectado embaixo do sofá para assustar visitas e, muitas outras “artes” incríveis que causavam pausa na respiração dos pais. 
       Robson cresceu no seu mundo particular, ele não conseguia ver um objeto só por um ângulo. O sapato não era só um sapato. As coisas passavam por uma filtragem na mente dele de tal forma que dava a impressão que de ele era dotado de uma ferramenta a mais.
Do estudo dos objetos passou para as plantas. Começou a observá-las e percebeu que nada no universo está aqui só para enfeitar, embelezar, atrapalhar ou ocupar espaço. Tudo se relaciona com tudo. Tudo complementa tudo. O universo é um todo completo. Nada funciona sozinho e inverter qualquer ordem é muito perigoso. 
Ele alimentava uma vontade, um desejo secreto. Resolveu estudar química. Tornou-se um grande pesquisador. Criou receitas culinárias, medicações, tecidos para dias frios, para dias quentes e uma infinidade de utilidades. Foi um grande demolidor de paradigmas. 
       A sua mãe a cada dia perdia um pouquinho da sua beleza, do seu equilíbrio, da sua juventude. Por mais vitaminas que tomasse, exercícios que fizesse ela ia ressecando, como todas as outras pessoas. A medicina estava avançando e conseguia retardar a velhice aparente com a diferença de no máximo três ou quatro anos. Sem falar nas cirurgias invasivas para tirar dali e daqui gorduras e peles. Ele não aceitava a tão avassaladora velhice com todo o peso da palavra e da imagem.
Passou a estudar as plantas, as resistentes, as que permaneciam viçosas por muito mais tempo. Ele já concluíra que velhice era uma doença nas células. E ele sabia que um dia no futuro viria a vacina antienvelhecimento. Dedicou o seu tempo só para pesquisar a doença que ele tinha certeza da cura. Ele conseguiu fazer a tão sonhada vacina! Começaram as experiências, primeiro com as plantas, depois com insetos, mais tarde com animais maiores. Foi muito difícil provar e ter o reconhecimento do valor da sua pesquisa. Até que depois de muito expor, explicar, escrever, publicar e apresentar ele conseguiu a permissão para aplicar a vacina em seres humanos voluntários. Sucesso total! Veja bem, não era deixar de morrer e sim deixar de ressecar, manter as células sadias. Não era o término das doenças, mas o fim da decrepitude senil. As pessoas atingiam o ápice do desenvolvimento físico aos trinta anos e a aparência física não mudava. Quem já tinha mais idade, tomava a vacina e curava as células e o envelhecendo parava onde estava para sempre. Sucesso total!!! Muitos anos da vida de Robson foram gastos na esperança de ver realizado seu sonho. Ele foi o primeiro a usar a vacina e foi o ponto máximo para convencer da cura da doença senil. Era visível e notório. Como já relatei, não evitava a morte só deixavam de existir as doenças que eram peculiares ao envelhecimento.
Porém, tinha um, porém... A vacina era aplicada junto com as vacinas infantil. Os bebês que tomaram a vacina não envelheceram, não ressecaram, não enrugaram, não tremeram, não claudicaram, não sentiram as dores nem as doenças da velhice, mas depois dos sessenta anos (pasmem!), começaram alterações: - pelos grossos pelo corpo, as orelhas começaram a crescer e até um rabinho apareceu. Com o passar do tempo tudo crescia. E aos setenta anos todos já estavam andando de quatro, a coluna não sustentava mais o corpo. Impossível andar sobre os dois pés ou dobrar a coluna para sentar.
         Robson morreu velhinho na idade, mas com o frescor da juventude. Cadê você Robson para inventar rodinhas para mãos e joelhos?



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AMOR DE LAGARTA

Buscando um amor para o meu jovem coração
Andei por aí, em muitos caminhos, a procura
Escolhia, recusava, numa minuciosa seleção
Enfim, achei a melhor, a mais perfeita criatura

Inteligência, beleza, educação, um ser completo
Ultrapassou a lista dos meus desejos e anseios
As qualidades elencadas de A a Z, um alfabeto
À conquista entreguei-me, acreditei sem receios

Com detalhes, com cuidado, bem aconchegante
Como uma lagarta apaixonada um casulo eu teci
Onde agasalhasse nós dois e o amor que sonhei

O tempo indo o amor vindo, eu seguia confiante
Nos escolhemos, e eu pensando que eu te escolhi
Ledo engano, tu que me escolheste e eu te aceitei



RITA ROCHA
Pádua (RJ) Brasil

RETRATO FIEL
21/02/2013

Não dá pra pintar em tela
que se passa em minh´alma
seria profanar num  esboço
desta vida que  não me acalma.

Sem pincéis e sem tabela
uso o que tenho,sem trauma
sem retoques, e  nada bela
faço estampa na janela.

Se eu pudesse,  pintaria
uma  tela bem colorida
lindas cores em aquarela
com o sangue de  minha vida.

Uma parte, posso  fazê-lo
agora aqui neste ato...
com pouca tinta e sem  brilho
eu esboço o meu  retrato.



 

RUY SILVA SANTOS
 Sorocaba (SP) Brasil


CHINELO DE POMPOM

Ainda ouço
como se fosse hoje
os seus passos
ecoando no corredor,

o deslizar dos seus pés
no assoalho,
agasalhados pelos chinelos
de pompom!

Ainda ouço
o seu suspiro forte,
numa ânsia louca
em busca de mais vida,

o seu lutar
contra a enfermidade, mas,
sempre linda
e cheia de vaidade!

Ainda ouço suas recomendações,
passando ordens em tom de cheque mate,
no acatamento em forma de silêncio,
revelo minha postura de respeito.

Então... um dia você se foi!
dentro de mim, porém, nada mudou...
Na sua vaga, ficou a saudade, e,
quanto mais tempo, mais aumenta a dor!



 

ROSSANA MONTEIRO
Aracaju - Brasil

ENTRE CURVAS E RETAS...


Entre Curvas e Retas...
Por um ponto passam infinitos caminhos...
sentei na curva do horizonte afim de enxergar qual deles seguir...
A claridade da duvida cega-me...
O nevoeiro da incerteza me ilude...
No pensamento só a verdade exata do imaginário me preenche.
tantas retas... Paralelas de antônimos da vida...
Verdades que escapam pelas tangentes de uma mentira inventada...
um sonho que convergiu para o vácuo do universo...
Entre tantas curvas e retas da minha essência;
Em qual delas seguir...
perdi-me de mim mesma... Meus avessos me encaram...
Escuridão me envolve...
Vida e morte...
Dois pontos...
E o axioma da existência se define...
Em qual reta escolher no caminho entre eles.


 

SILVINO POTÊNCIO

UMA COMÉDIA LUZ & TANA EM TRÊS ACTOS!

Por sugestão de alguns “escribas” da língua falada e escrita na terra do Ti Zé dos Anzóis, que eu conheço só virtualmente, e mais recentemente através de grupos sociais (só ainda não atinei porque se chamam de grupos sociais (?) quando na verdade, na prática ninguém é sócio de ninguém,...mas que seja!) dizia eu que me sugeriram sintetizar as últimas quatro décadas da governação Luz & Tana e... depois de feitas umas consultas ao meu Borda D’Água particular, eu cheguei a este ensaio de onde nem sei se saio ou se entro... iii aatãon lá bai:

O Palácio de Belém e o das NECESSIDADES (do Povo Luz & Tano do Século “vin-te”)... buscar para irmos para o meio de coisíssima nenhuma em que ficámos após a garraiada da madrugada do Código Dá Vintch Cinco de Abriu-loooooooo... o gógò da Liberdade até aos Restauradores, nos mostra um País prostrado, mal tratado, vilipendiado quase amortizado de tão endividado!... triste e dramáticamente encarado, que mais parece um drama de quinta classe na escala Greco-Romana-Germanica.

Nos parece uma autêntica comédia Luz & Tana em TRÊS ACTOS (ou a alegórica Feira da Ladra Alfacinha) estratégicamente montada na Tenda de Belém para aplicar o "Código Dá Vintch Cinco de Abriu-looooooo"... o gógò para gritar Quem mais dá, mais amigo é do Santo!

- Primeiro ACTO; veio o Dalai Lama (data Vênia) e pregou os caminhos do bem pelo conceito de Confúcio, aplicou a Lei do Ti Bush Echas Luz & Tano e nos deixou a todos na "mor confucião"!

- Segundo ACTO; veio a Banda “Dalai Lume” (repito: data vênia embora eu jamais tenha escutado músicas desta banda) e começou a cantar fados em ritmos de rock e "heavy metal" (pronuncia-se "é vi métal"... ou melhor dizendo na voz do urbi & orbi, alegóricamente ela nos trouxe os prazeres e ganâncias pelo “vil metal”, porque o Bruxo Elas tinha preferência pelos festivais do tempo do “U di Stóke”!... só que, em vez de estocar, ele o dono do poleiro, armazenou em benefício próprio ao executar a matemática do : primeiro eu, depois eu... e quando não houver mais ninguém então sou só eu!

- Terceiro e último ACTO; veio a banda politica do "Dalai LODO" com a política do “escambo” secular para afogar o POVO no Mar da Palha que continua ALI... nas areias movediças do Poleiro “Al Facínora”! (em alegoria minha ao Terreiro Alfacinha,
co mo é conhecido o Burgo às margens do Teja, ... em frente da ponte do Glorioso Vasco da Gama, que este ano não levou nem um “cále-se” de jerupiga aos beiços!,... nem deu pra matar a sede de LEVANTAR sequer um "melão de Almeirin"...

No grande final desta peça teatral arbitráriamente imposta pelos “impostores” o público se levanta e iiii... já só restam forças para gritar... bibó POORTUGAAL, Kunkaneco!...(temos que brindar com caneco porque a taça “foi-ce” para a emigração)!

P.S. Faltou acrescentar o provérbio Saloio que fecha a cena com Chave de Ouro!... "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é BURRO ... ou não tem arte"!!!

Autor: Silvêncio Retornado - Ex Residente, Ex Combatente, Ex Retornado, Ex Comungado do Gueto Aulgarveschwitz, Eis Criba Avulso de Catramonzeladas Literárias Lusófilas...

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“CARTAS LITERÁRIAS DA MINHA REGIÃO

NO MARAVILHOSO REINO DE TRÁS OS MONTES”

De uns tempos a esta parte eu tenho me entrosado um pouco mais com alguns grupos da rede social globalizada, pela utilização da internet, e alguns autores conterrâneos nos trazem a sua experiência e convivência como uma mais valia do nosso conhecimento das origens do antes e do agora!
Dentro da nossa ética produtiva sempre levamos em conta um simples comportamento, somos autores e não repassadores todavia, momentos há em que os nossos escritos, de uma forma ou de outra, vão beber do conhecimento de outros autores já levados pela “Lei da Morte” o que não significa copiar ou plagiar, apenas citar. E citamos sempre que sabemos a origem de tais autores. Esta carta nos foi remetida pelo Grupo Tertúlia dos Amigos de João Araújo Correia... iiiiii  aatãon lá bai!... como soe dizer-se na minha nomenclatura pessoal;    

... EM 1966, A PROPÓSITO DA LIGAÇÃO POR CAMINHO DE FERRO A SALAMANCA, ESCREVEU JOÃO DE ARAÚJO CORREIA UMA CRÓNICA QUE PERMANECE PLENA DE ATUALIDADE. EIS UM EXCERTO:

 "Não sabe o Porto, não sabe o Norte o que perdeu com o colapso da via férrea duriense como linha internacional. Se, em tempos áureos, teve à sua disposição o rápido Porto-Medina, tem hoje a seu favor, para ir a Salamanca, ver touradas ou monumentos, um comboio rápido às avessas. Tem um trenzito diário, mas, terá de esperar, na Barca de Alva, uma hipótese de ligação com o trenzito espanhol, tão mísero, que só tem 2ª classe.
 Este declínio da via duriense, como traço de união peninsular, deve-se ao mau estado da linha, mais acentuado entre Barca de Alva e Salamanca. Mas, porque é que se não conserta esse trilho valetudinário? É certo que a sucessão de obras de arte, aquém da Freixeneda, tornaria cara a reparação. Mas, valeria a pena acudir às obras de arte e à obra de arte suprema, que é o viajante. Se assim é, pode ser que a C.P. e a Renfe, companhia portuguesa e companhia espanhola, possam ressuscitar, de mãos dadas, um serviço de passageiros tão útil a Portugal como à Espanha.
 Há entre Vigo e o Porto, comboios diários tão acelerados, que se aproximam as duas cidades a ponto de se entrelaçarem como irmãs siamesas – modo de dizer. Porque não há comboios semelhantes entre Porto e Salamanca? Bem o mereciam as duas cidades. Porque se não abraçam? Vivem tão distantes, quase tão desavindas como se tivessem emigrado para mundos opostos. É urgente que a C.P. e Renfe, através do Vale do Douro, tratem de as unir."
-  8 de Outubro de 1966 -  João de Araújo Correia, in HORAS MORTAS (1968)

... Hoje por osmose e porque sentimos saudades constantes das nossas origens e dos seus problemas embora estejamos já distantes na emigração há mais de 50 anos, eu gostaria de acrescentar outra preocupação que tanta água (tinta) tem feito correr por debaixo da Ponte de Foz Tua. E lembramos isto pela intrínseca situação relacionada com o tema da carta acima citada.
Em ritmo de glosa diríamos nós que... “não sabem os homens do poleiro centrado em Belém, ali de frente para o Mar da Palha, o que representa a Linha do Tua e do próprio Vale do Rio Tua para as gentes que por lá andaram enquanto se podia ir de comboio até Bragança!"
Não sabem!... e nem imaginam o custo beneficio que se pode obter de uma tal má administração dos interesses do POVO (não apenas o POVO da minha Terra e sim de todo o Portugal que amamos desde o berço até Deus querer!)... destruir e inutilizar uma fonte de renda em benefício de outra não será por certo uma boa decisão colectiva mas tão só uma artimanha em benefício de um mero capricho da movimentação financeira de entidade Publico-Provada!?... queremos querer que sim. Queremos querer e cremos que ainda há tempo! Basta os homens quererem e Deus proverá!
É URGENTE que a CP e a EDP olhem para esta parte do Jardim à Beira plantado... A Flor do Vale do Tua pode ser bem mais lucrativa do que um mero gerador de energia hidráulica pode nos reservar para o futuro!

Silvino Dos Santos Potencio. Emigrante Transmontano em Natal/Brasil



SAAVEDRA JOSÉ RIOS VALENTIM
Vitória – ES

CREDO

Acreditei em seu amor
Feri-me profundamente.

A lâmina de sua traição
Perfurou órgão vital da minha morte!
Fratura exposta de um coração dilacerado,
Peito aberto, alma fechada.

Encarcerado, ainda,
Talvez sempre o seja,
Sentença de um tribunal tendencioso,
Que o vitimado condena!

Mortalmente ferido,
Amor ainda exala,
Este coração desavergonhado,
Mesmo esnobado, pisoteado.

Mar de lágrimas rubras
Manchou minh’alma límpida,
Jorrou-me fervente na face,
Abriu ferida, dor imensa!
Restou profunda cicatriz,
Certificado de desilusões vividas,
Vida mortificada em vida.

Abduzida a outros sonhos,
A outros amores, desamores.
Rosa escarlate, pétalas macias,
Cujo néctar oferece barato
A qualquer zangão, sedento.

Doçura outrora,
Fel agora,
Veneno amanhã!

Tento livrar-me das amarras,
Mas suas garras cravam-me,
Como uma águia voraz,
E conduz-me ao alto,
Ao etéreo, ao divino,
Em seu ninho dividido.

Sem piedade conduz-me
Ao espaço sem destino.

Resgata-me do passado,
Aprisiona-me no eterno,
Tortura-me no presente.

Com futuro incerto,
Com uma única certeza:
Eu, simples mortal,
A mendigar uma gota desse néctar,
Que provoca delícias aos ”Deuses”,
Em troca, oferendas de puro ouro,
Contraste ao meu pobre amor pobre,
Com certeza, opaco aos seus olhos,
Visto ser metal barato, que não reluz.

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O RETORNO

Um quarto, uma tênue luz a espessa sombra desafiava.
Sussurros rasgavam a quietude da noite, falsos queixumes!
Corpos nus fundidos serpenteavam sob o lençol, que ondulava,
O ranger da madeira, movimentos sinuosos, peculiares perfumes.

Primeiro, gemidos, juras, lábios umedecidos, grito reprimido,
Olhos cerrados, lábios colados, corpos arqueados, sentidos alterados.
O gozo, único objetivo buscado, toques ousados, abraço premido.
Num inenarrável frenesi, o êxtase, por fim ao etéreo projetados.

Depois, cansaço, corpos suados, relaxados, prêmio merecido!
Dois corpos tão descaradamente colados, desavergonhados,
Diálogos desconexos, sem sentido, membro ainda enrijecido,
Fêmea satisfeita, macho sonolento, felizes, desejos aplacados.

Ela:
Nada ainda me disseste, o abandono me frustrou!
Me trouxe sofrimento e dor, meu coração levaste contigo
E a outro não pude me entregar com amor. Nada me sobrou.
Apesar desta noite, não sei se te perdoar consigo.

Eu:
(Com tom plangente, choroso, quase um sopro): - Lamento.
Rodei mundo, provei muitas mulheres, deitei em muitas camas,
Só frustração! Se não tenho a ti, com outra não me contento.
Senti falta de teu gosto, teu cheiro. Também sofri e ainda reclamas.

Ela:
Passei mil noites aqui, engolida pela escuridão deste quarto,
Nas sombras das horas caladas, os céus ora enegrecidos, ora estrelejados,
Perdoe-me se me confesso, se meus sofrimentos contigo reparto.
Mas tudo que me fizeste passar, todas as mágoas, estão aqui engasgados.

Eu:
Deixaste alguém, mesmo que só em pensamento, o teu templo profanar?
Sei que não me guardei como deveria, mas entrego na bandeja o meu coração.
Também sei que sofreste, sei bem, direito algum tenho a reclamar,
À noite, observava a lua, a mesma que te iluminava, que emoldurava a tua solidão.

Ela:
Quando tomada de desejo, sentia tua presença, puro instinto.
Pensava que o caminho de volta fazias, e em breve teu corpo sentiria.
Estremecia-me e, sem remédio, ao prazer solitário me entregava. Culpa não sinto.
Tuas lembranças eram o meu regaço, é a pura verdade, não te mentiria.
Vivi na clausura, como uma freira a se entregar na eterna prisão,
Meus pensamentos te buscavam por este mundo, era tudo em vão.
Vivi de ilusão.

Eu:
Solidão, dor, também as vivi, minhas noites foram que nem as tuas,
O encanto logo terminou, a luz da ribalta pouco Luzia,
Minhas noites de solidão, eram negras, vivia a vagar pelas ruas,
Se prazeres tive, foram fugazes. Foi só tormento uma vida vazia.

Ela adormeceu como um anjo, suspirando, com um leve sorriso.
Fustigou-me beijá-la, de leve, nos lábios rosados, macios, me contive.
Jamais a nenhuma aventura me entregarei. Regenerar-me é preciso.
A felicidade até hoje não alcancei, mas descobri que ela é tudo que hoje tive.

 

SILVANIO ALVES DA SILVA
Divinópolis (MG)

A PAIXÃO...

A paixão deixa marcas doloridas
E uma dor que parece não ter fim
É um sentimento que deixa feridas
Termina e o ser fica tristonho assim!

Abala as estruturas como um furacão
A emoção e a razão ficam vulneráveis
Então nascem os desejos incontroláveis
De um sentimento que brota no coração

Mas não se aprofunda e nem transcende
Nem toca a alma com a nobreza do amor
Porque a paixão atinge a pessoa com furor

Como uma tempestade, traz destruição
Nega o que o coração acredita e espera
De fato, o ser é surpreendido pela paixão

Inspirado no texto: CONSELHO (T4408626)
De: Ferreira Estêvão



 

SONIA SALETE LAGONEGRO
 São Paulo - Brasil

UMA CONVERSINHA AO PÉ DO OUVIDO...

Meus filhos de hoje...

                                                                                                                        
Pensamentos nascem como filhos, sabia?
Somos nós que os gestamos...
Engravidei hoje de vários novos integrantes no meu imaginar...
Levantei com o coração repleto de sonhos e de amor!
Imaginei um mundo de felicidade inundando teu coração,
Uma montanha de saudade invadindo teu olhar,
numa vontade imensa de no amor flutuar...
de a vida poder abraçar...
Sabia que saudade é também amar?!

Ah! hoje queria poder te dar um sonho colorido
abraçando mil estrelas e no teu colo depositar...
Teu rosto ficaria  encantado
e com o azul da noite iria se encontrar...
Sonhei colorido pra você,
quero te ver feliz e na  vida acreditar
mesmo que veja ruínas e aprenda que,
ela é o caminho do recomeçar...

Nada se perde, tudo se reconstrói...
Acorde teu mundo!
Faça teu novo filho (pensamento) nascer feliz!
Presenteie-me com tua felicidade!
Quero brilho nas estradas de teu pensar!
Com um respirar no perfume da nova ação!

Este são os filhos que envio pra você!

Seus nomes?

RENOVAÇÃO!
FELICIDADE!
AMOR

Seu sobrenome?
NO  TEU CORAÇÃO!

SoniaS



SIDNEI PIEDADE
Assis (SP) Brasil

TENTEI TE ESQUECER

Tentei te esquecer, mas não consigo, eu vejo seu rosto em cada pessoa que anda na rua, olho para o céu e vejo seu rosto no clarão da lua... Pois nem mesmo sorrindo consigo fugir dessa minha saudade. Nossa história foi tão linda,  sinto a sua falta e seu calor, mas o destino quis afastar você de mim. Se eu não puder te esquecer mando dizer numa flor que o velho amor acordou. Todo casal tem vendaval e um contra tempo, é normal... Mas se ainda existe amor, nada pode apagar. Fecho os olhos e penso em você, pois em minhas noites eu não sei o que fazer. Algumas vezes me iludi achando que te esqueci... Mas não foi possível porque tenho você dentro de mim. Devolva minha vida estou sem saída... Meu coração só pensa em te querer e vai ser sempre seu... Pois o verdadeiro amor não acaba jamais, como ondas que vem e vão em direção ao mar...
SÔNIA NOGUEIRA
Fortaleza - Brasil

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO NA ESCOLA (CEM)

           
        A arte de ler é adquirida pelo hábito da leitura. Na maioria das vezes precisa de incentivo dos pais e professores. Mas esta menina lia desde a mais tenra idade, desde que ela foi alfabetizada, sem nenhum incentivo, apenas pela vontade de ter conhecimento de outros mundos, outras histórias. Tinha uma amiga, na escola, a Aninha, que não gostava de estudar, o tênis para ela era a força maior que dominava seu pensamento. Conversava sempre com ela sobre a importância do estudo, da leitura de livros, da escola.

          - Para que estudar amiga, eu vou me dedicar ao jogo e vou ganhar muito dinheiro. É a subida rápida, idéias dos tempos modernos. A fama, o status social.

          -Jogo e estudo combinam muito bem, cara amiga. Caso nada der certo, sua vida será um fracasso sem o estudo. Aninha fez uma prova para entrar no time e não passou. Chorou e através do fracasso sentiu a necessidade de adotar os livros como seus melhores companheiros. Nunca mais faltou a escola.

          A sua escola era muito pobre e a leitura apenas as do livro didático. Certo dia o pensamento viajou nas áreas da imaginação e as alunas resolveram fazer a campanha do livro para a escola. Saíram pedindo livros nas casas, nas livrarias e formaram uma humilde biblioteca escolar. Aos sábados se reuniam para fazer leitura, interpretar os textos e convidar uma aluna da oitava série para avaliar e dar prêmios as melhores leitoras.

          Quais prêmios, quem se prontificaria na grandiosa atitude de doar livros? A Lili recebeu uma luz, estalo de mentes pensantes, que através do raciocino lógico adquire soluções para boa causa. Pelo sorriso anunciou a solução. Cada aluna trará de casa um brinde: lápis, borracha, caderno, caneta, um livrinho de cordel, custa um real na feira.

           Tudo combinado e tiveram uma grande surpresa. Todos trouxerem o livrinho de cordel. Então outra idéia maravilhosa. Leram o cordel e cada uma se prontificou criar uma trova. A idéia frutificou, a turma cresceu de cinco para quinze. As professoras formaram uma gincana para os melhores leitores da escola com a criação de versos falando sobre a importância do livro na Escola.

           Então elas sentiram que a escola é a segunda casa e os livros a fonte inesgotável do saber. Sem eles a escola não caminha e a cultura de um país estaciona o progresso pára a vida se deteriora.


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Dia do Escritor
 25 de julho

Ao pegar na pena a mente viaja,
Minha alma se desprende em liberdade,
As letras se aninham mesmo que haja
Sol, chuva nebulosa ou claridade.

Não sei se o amor vence vãs batalhas,
Ou a angústia vagueia nas entrelinhas,
Palavras se postulam em migalhas,
E formam versos livres nestas linhas,

Em cada mão que a mente cria rima,
Ou sem rima encantando o leitor,
Poema ou prosa trafegam pelo amor.

Deixa no escritor momento de estima,
Sua alma borbulha em mil quimeras,
Na mente um vulcão, fundas crateras.

Parabéns a todos os escritores


 

SAMUEL FREITAS DE OLIVEIRA
(Sá de Freitas)
 Avaré- SP Brasil


DOIS EM UM

Teu olhar traz-me a mansidão de um riacho
E as profundezas do Oceano;
Os mistérios do Espaço
E a transparência do cristal.

A tepidez dos teus lábios,
Sopra-me um hálito gostoso,
Como a brisa a chegar da mata,
Com sabor de mel
E perfume de flores.

Na serenidade do teu sorriso,
Perco-me e me reencontro,
Porque nele parece que escuto
O falar do silêncio
E o dizer do nada, revelando-me tudo.

No invisível do que existe, além do visível,
Pressinto o ruído dos teus pés,
Acompanhando-me os passos,
Na rua da tua ausência.

Tudo o que és, meu íntimo sabe
E o que não és, meu coração sonha.
No "não dizer" da tua boca,
Compreendo o incompreendido,
Porque a metade do teu "eu"
Completa-se no meu.

Busca-me no teu íntimo e me encontrarás,
Como te encontro nas fibras do meu ser...
Pois somos duas almas em um só corpo;
Dois corpos em uma só alma;
Dois corações em um só peito,
Que não cessam de bater
Cheios de amor.


******

MINHA FOTO

Na foto estou ali, qual fui um dia:
Alegre, sonhador, forte e ousado...
Ah! Meu Deus... Quem não tem melancolia,
Ante as belas lembranças do passado?

Meu rosto hoje um tanto já cansado,
Traz marcas das batalhas pela vida,
E os meus poucos cabelos tem mostrado,
Em seu brancor, a luta já vencida.

Mas sinto-me feliz envelhecido,
Pois tenho ainda a seiva da vontade,
E nenhum sonho em mim está perdido.

Por isso ao percorrer tempos de outrora,
Paro um pouco na esquina da saudade,
Mas volto logo a caminhar no agora.




SUELI BITTENCOURT
Florianópolis/SC - Brasil


     FLUTUANDO

Flutuando em imensurável espaço...

Num minúsculo planeta, em meio a tantos astros...

Entre belezas, perigos e mistérios... Indagamos:

O que somos? De onde viemos? Pra onde vamos?!


Nesse estágio terrestre, tão fugaz...
É importante fazer o melhor de que se é capaz!...


 

THAIS ARRIGHI
  São Paulo (SP) Brasil  

ENTREATOS
01/08/2013

A vida é um teatro
Onde nos entreatos de um ato
Somos atores de uma ilusão!
Vivemos de sonhos
Carregados pela emoção!
E cá estou eu!
Nesse teatro... Que a própria
Vida me deu...
Em soltos pedaços
Pinçados na dor
De alguns embaraços
Vindos do amor!


 

THAIZ GUEDES
Salvador - Brasil


PITORESCA CIDADE

Perfeita na sua capacidade de ser.
Agredida pela política social.
Mas, a seca o maior dos problemas...
Porém, a natureza, a beleza...
Fazem contraste com a tristeza nos olhos do nordestino.
Tristeza disfarçada por um coração grande, esperançoso.
Linda família interiorana!
Incrível natureza!
Em meio à seca uma deslumbrante beleza...
Matos secos, moitas verdes, morros, cachoeiras, céu azul, flores coloridas...
Parece que as cores se sobressai no sertão brasileiro.
A água escassa...
Preocupação do povo...
A espera de uma chuva para iluminar o sertão
E a alma dos corações sofridos.

Thaiz Guedes (Thaiz Smile)

 

TITO OLÍVIO
Faro - Portugal


As peregrinações perderam o cunho religioso que as caraterizou durante muitos séculos e as ligou à religião católica romana. As festas de verão, que vêm dos tempos pagãos da humanidade, também conhecidas por festas das colheitas, faziam parte da cultura rural dos homens e destinavam-se a honrar os deuses protetores da agricultura. Passada a era do nomadismo, em que a pastorícia era a base económica das famílias, de que são exemplo os primeiros livros do Antigo Testamento, no mínimo, até ao rei Salomão, as pessoas fixaram-se em aldeias e cidades e a sua economia passou a assentar na atividade agrícola.

A riqueza das famílias dependia da fartura das colheitas e, daí, a razão de prestarem homenagem, com festas, aos deuses que os protegiam. Alguns séculos após o seu estabelecimento, a Igreja de Roma, quando a hierarquia eclesiástica estava definida e estabilizada, apoderou-se dessas festas e passou a dedicá-las aos santos de cada região.

O verão era o tempo em que o bom tempo permitia o divertimento ao ar livre. Há setenta anos, quando a minha família ia de férias à nossa terra natal, não perdia uma peregrinação à romaria das aldeias em redor, até ao limite de uma deslocação a pé, a durar apenas um dia. Isto correspondia a uma distância de uns seis a oito quilómetros. Em regra, juntavam-se grupos de uma dezena ou dezena e meia de pessoas da mesma localidade, para que a caminhada fosse feita com cantigas, alegria e menor cansaço.

 Era a altura da II Guerra Mundial e toda a gente era forçada a poupar nas despesas. As mulheres levavam à cabeça a cesta da merenda e aos homens cabia o transporte dos garrafões de vinho. Eles levavam as botas escarranchadas no ombro, presas uma à outra pelos atacadores, elas metiam os sapatos na cesta da comida e todos caminhavam com chinelas.

 À entrada da povoação onde se situava a capela do santo a festejar, sentavam-se onde podiam e calçavam-se. Botas e sapatos era só para ir à missa ao domingo, às feiras semanais e às romarias.

Quem ia de fora já não chegava a horas da missa e cumpria o ritual religioso dando três voltas à orada. A seguir, era só festa, com baile, comida e bebida. Não havia bandas nem músicos, mas os bailes faziam-se na mesma. Sempre aparecia um ou dois tocadores, que eram amadores de concertina ou gaita de beiços e assim se formava uma roda com a música ao centro. Os moços e os namorados não tinham outra oportunidade de se agarrarem para dançar, mesmo com os corpos relativamente afastados. Curioso era ver, por vezes, o tocador a entrar na roda e dançar também com uma rapariga, enquanto tocava. Entretanto as mães das moças ficavam sentadas, conversando com outras, mas sempre deitando olhadelas às filhas, como zelosas guardas.

A partir do maio de 68, os jovens mudaram completamente o seu estilo de vida. Apareceram as drogas e a liberdade sexual, ao mesmo tempo que as bandas modernas tornaram a música num novo culto. A juventude trocou as antigas peregrinações às festas religiosas pelos concertos em descampados, que duram vários dias, onde muitos encontram liberdade para consumir drogas e fazer sexo. Aqui, não havendo já necessidade de aproveitar o baile para um contacto físico, os jovens ensaiam uma espécie de dança, sem tirar os pés do mesmo sítio, e com os braços no ar, ao ritmo da música. Ainda que sendo um estrato social com fraco poder de compra, o comércio próximo destes locais de encontro e peregrinação, bem como os organizadores, fazem o seu negócio.  

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E DEPOIS DO AMANHÃ?

Não vivo do passado, da saudade,
Como filme que corre para trás,
E o gosto de viver é que me faz
Desfrutar do sabor da minha idade.

Concentro no presente esta vontade
De inda poder mostrar que sou capaz
De cavalgar no tempo útil, fugaz,
Como veleiro ao vento, em liberdade.

O presente e o futuro são a meta.
Sou feliz por amar e ser poeta
E em prata do luar ter a raiz.

E depois do amanhã? Pouco me rala.
Enquanto cá andar, ninguém me cala
E contas presto a Deus, que é o juiz.



VIRGINIA BACCHIERI ROCHEDO
Porto Alegre (RS) Brasil

SILÊNCIOS

              Depois de nossa alma, somos unicamente donos do nosso silêncio.
              Ele é a nossa casa secreta, onde guardamos os sonhos,  pensamentos e desejos. Nessa casa, vamos colocando pelos cantos sol e alegria, chuva e pranto.
              Nela, amontoamos palavras  que ansiamos pronunciar, mas o silêncio sai lá do canto e nos diz: espera... Porque as palavras são voláteis, se desprendem de nós numa velocidade sideral e no momento mesmo em que são pronunciadas, delas nos tornamos reféns.
               Por isso prefiro a companhia do silêncio. Porque é nele que se aprofunda o amor, nele cresce nossa comunhão com Deus. É nele que se dá tempo à escuta da palavra que não é dita, mas que sabemos que está lá. É nele que se torna possível o abandono da entrega e é no silêncio que habitam os mistérios que não entendo, mas acolho.
               Ele, o silêncio, é o nosso mais constante companheiro; e o mais fiel: presente em nossa vida e eterno em nosso final.




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SAUDADE

Foi um tempo de encontro e desencontros,
Foi um tempo de passo e contrapasso.
Tempo em que talvez não tivemos tempo
suficiente para sermos amigos.
Ou não tivemos a coragem suficiente para nos amarmos.

Desse tempo...
A certeza que me fica,
É a imagem do olhar embaçado,
o incômodo da dor...
A necessidade do abraço apertado.
A saudade de nós...

Virginia Bacchieri Rochedo



VERA PASSOS

DIA A DIA

Por enquanto, careço de um teto, afeto, um canzuá...
Uma telha, uma centelha prá me abrigar...
Plasmo na vida os sonhos guardados...
Sou lagarta vagando no solo rachado.
Antigas batalhas, novas medalhas, sem guerra
Meu pasto seguro, meu terno casulo
Reflete os caminhos gravados na Terra
Vida corrida, face ferida, tantas cicatrizes!
Têm dores, desejos perdidos, flores colhidas, velhas raízes.
Etapas curtidas, jornadas cumpridas, dias felizes.
À noite os sonhos me embalam o volver
O sol quando acorda restaura energias,
Janelas refletem a luz, fortalecem o viver.
As folhas vazias de um livro qualquer,
Mostram aves vadias, no seu bem-querer,
O perfume das matas, no alvorecer...
São doces lembranças que devo escrever.

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O BRASIL POR UM TRIZ

Estamos à mercê da ira, do ódio, da revolta, da corrupção...
Das desculpas esfarrapadas dos que exploram, matam; sem noção
Dos que nos tratam como néscios, idiotas, nada...
Somos nada; somos velhas ovelhas sem pastor
Somos coitados atrelados à dor.
Somos ninguém, somos birutas à mercê do vento
Somos incapazes, sem talentos, à toa
Essa Terra é tão boa! Tem sol e tem garoa
Não há vulcões, furacões, tsunamis...
O solo é fértil e rico; mas é do rico.
Pobre só quer jogar bola, pra um dia enricar
A grana aumenta nas mãos dos sabem enganar.
O Brasil é lindo! Esbanja riquezas naturais
Tem por do sol, tem arrebol... De arrepiar
Tem carnaval, tem São João, tem praias mil
Tem mar demais, tem céu azul, no meu Brasil
Tem água à beça, os rios imensos enchem o mar
No Sertão, o povo encolhe, o gado morre, falta o pão
Em toda Terra, a gente sonha, com nosso Chão
Por um triz, não explode a guerra, na multidão
Por um triz, há morte nas praças, nas ruas,
Na porta de casa, na sala de estar.
Não há moradias prá todo mundo, mas temos estádios para jogar
Prá que saúde, escola, comida, educação... Prá que justiça nesse LUGAR?



 

WILSON DE JESUS COSTA

PRISIONEIRO

Prisioneiro sou de teu sorriso
Prisioneiro cego sou de teu olhar
Nada me resta, só o triste vazio
Só conjugo um verbo: o verbo amar.

Está me faltando decisão, sou indeciso
Não mais aceito nenhum desafio
Ensarilhei armas, já não sou guerreiro
Meus dias passaram, fiquei matreiro

Pouco importa o que de mim falem agora
Você roubou minha paz, o meu sossego
Não reconheço mais o dia, o ano, a hora

Caminho à procura do fim desse caminho
Em algum lugar estará meu aconchego
Sempre serei teu prisioneiro em desalinho.



WILSON DE OLIVEIRA JASA

AMADA MINHA


Wilson de Oliveira Jasa


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